AS CORRENTES ANTROPOLÓGICAS
Por: 140184 • 18/7/2019 • Dissertação • 2.477 Palavras (10 Páginas) • 507 Visualizações
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ – UESPI
CAMPUS DOM JOSE VASQUEZ DIAS
CURSO: BACHARELADO EM DIREITO
DISCIPLINA: ANTROPOLOGIA JURÍDICA
ALUNO: MURILO RODRIGUES
CORRENTES ANTROPOLÓGICAS CONTEMPORANEAS
BOM JESUS, 09 DE JULHO DE 2019.
QUESTIONANDO A AUTORIDADE
Nos anos 60 com a crise dos mísseis, o Muro de Berlim, o movimento pelos direitos civis dentre outros, foram eventos que iriam contribuir para um clima político radical que se desenvolvia no final dessa década, principalmente dos dez anos posteriores a 1968. Uma década de sonhos revolucionários logo em seguida esmagados pelas engrenagens da história, tanto na antropologia quanto em toda parte.
Neste capítulo, é abordado duas correntes intelectuais mais poderosas que surgiram: o marxismo e o feminismo. Onde as duas estiveram presentes em toda a antropologia da década de 70.
A volta de Marx
No início dos anos 60, o clima ideológico não era a favorável ao marxismo e nem compatível com ele, principalmente nos EUA, situação não muito diferente na Grã-Bretanha.
Na Grã-Bretanha, nos EUA e na França, tudo isso mudou sobretudo para os estudantes. As teorias marxistas da alienação, da ideologia como consciência falsa, da distinção entre infraestrututra e superestrutura e o conceito de contradição passaram a fazer parte do vocabulário acadêmico pelo fim dos anos 1960, e muitos jovens antropólogos começaram a se envolver intelectualmente com a antiga e vetusta teoria das classes sociais e da mudança histórica.
Marxismo estrutural
O artigo de Meillassoux representou a primeira evidência de uma emergente antropologia marxista francesa. Pesquisador empírico, simpatizante da escola britânica, observava que o funcionalismo se baseou mais em uma espécie de empirismo legalista do que em uma análise minuciosa do conteúdo das relações econômicas e sociais e acrescentava que essa vertente encobria a exploração econômica ao permitir que o parentesco tomasse conta do campo de investigação. Uma das principais tarefas de Meillassoux foi, separar a economia do parentesco.
Um obstáculo constante que os novos antropólogos franceses enfrentavam na teoria marxista era a concepção de que o poder reside em última análise no controle dos meios de produção, ou seja, nas ferramentas, nas terras, nas máquinas e assim por diante.
Godelier que no inicio da década de 60 viu no estruturalismo um verdadeiro avanço científico, para ele, o conceito marxiano de contradição podia tornar o estruturalismo mais histórico, ao passo que o aparato conceitual do estruturalismo era indispensável à localização dos mecanismos ocultos da sociedade e cultura.
Os não-tão-marxistas
Se os antropólogos marxistas franceses se envolveram frequentemente em atividades políticas, esse raramente foi o caso da nova geração de antropólogos norte-americanos marxistas ou de inspiração marxista.
Nos EUA, a antropologia marxista emergiu entre os alunos de Steward e de Fried durante os primeiros anos do pós-guerra. Embora essa geração norte-americana contasse com algumas das figuras mais importantes dos anos 70, alguns como Marvin Harris nunca aderiram realmente ao marxismo, enquanto outros como Marshall Sahlins seguiram itinerários intelectuais complexos e próprios, passando por uma fase marxista, a qual acabaria sendo abandonada posteriormente.
O principal proponente da antropologia marxista ou de influência marxista nos EUA foi sem dúvida Eric Wolf. O auge da antropologia marxista norte-americana acontece em 1982, com a publicação de sua obra (A Europa e os povos sem história. Edusp, 2005), uma investigação a respeito dos complexos efeitos econômicos, culturais e políticos do colonialismo sobre os povos estudados pelos antropólogos, bem como suas reações.
Wolf foi um dos primeiros antropólogos a questionar o próprio conceito de sociedade, preferindo pensar em termos de redes interconectadas e de campos sociais.
Embora o marxismo estrutural francês seja aparentemente um beco sem saída hoje, ele deixou uma marca indelével na disciplina. Ele fez com que atenção se voltasse efetivamente para os complexos emaranhados de linhas e globais de dificuldade e poder, de resistência e sobrevivência, e enfrentou resolutamente a mudança histórica e a difícil relação entre desenvolvimento e cultura. E talvez o mais importante, as abordagens dominantes monotonamente durkheimianas ou boasianas, para as imperativas condições materiais da vida.
Feminismo e o nascimento do trabalho de campo reflexivo
Em 1954, Elenor Smith Bowem, pseudônimo da antropóloga norte – americana Laura Bohannam publicou um relato singelo e pessoal de uma antropóloga norte-americana (fictício) realizando trabalho de campo com os Tiv da Nigéria. Na época não era conveniente falar publicamente sobre aspectos pessoais do trabalho de campo, sobre dúvidas e os equívocos, as circunstâncias fortuitas que espreitavam a observação participante de malinowskiana, por isso, usava pseudônimo.
Em 1967 os diários pessoais de Malinowski, escritos durate o trabalho de campo em Trobriand, foram editados e publicados, gerando um escândalo imediato. O próprio mestre ao que parece, não passava de um mortal. Ele sentiu saudades e autocomplacência, queixou-se dos nativos e masturbou-se. Diante disse, como alguém poderia afirmar que ele havia produzido conhecimentos objetivos? Mais tarde muitos defenderam Malinowski, especialmente Barth (2005), ele próprio um prolífico pesquisador de campo, observando que ele teve o bom senso de separar suas próprias frustrações e diatribes, perfeitamente compreensíveis de seu trabalho científico.
Ardener afirmava que o problema das mulheres não foi solucionado pelos antropólogos sociais, enfatizando que seu problema não era saber que em toda parte as mulheres têm um estatuto inferior aos dos homens, embora essa também fosse uma questão importante. Ele estava interessado na nítida ausência das mulheres da maioria dos clássicos da antropologia, e mesmo dos livros escritos por antropólogas, ele menciona Chisungu (1956) de Audery Richards como uma exceção.
Ardener estabeleceu como premissa do emudecimento das mulheres, que as sociedades distinguem geralmente entre uma esfera privada
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