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AVALIAÇÃO DE HISTÓRIA DA FILOSOFIA MEDIEVAL

Por:   •  14/9/2017  •  Bibliografia  •  1.794 Palavras (8 Páginas)  •  298 Visualizações

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        AVALIAÇÃO DE HISTÓRIA DA FILOSOFIA MEDIEVAL

ALUNO: André Figueiredo Brandão

Resposta Definitiva da Questão 01:

Amplamente influenciado pelas obras aristotélicas disponíveis em sua época, Tomás de Aquino defende uma tese acerca da constituição dos seres corpóreos, isto é, dos seres dotados de matéria, conhecida como hilemorfismo. Para o hilemorfismo, as coisas naturais são compostas de forma e matéria. Deste modo, a forma está inscrita na matéria, e é ela o seu princípio imaterial, a sua essência, que a organiza de modo que ela seja tal coisa e não outra.

Os viventes, no caso, são compostos de corpo, sua matéria, e alma, sua forma. A alma seria, portanto, seria o primeiro princípio da vida dos seres orgânicos, que os ordena em vista da atualização da sua essência (que é a própria alma). Não há como o corpo ter sua natureza completa sem alma, pois, como já foi visto, é nela que o corpo é organizado e imbuído de princípios, como é o movimento para os viventes em geral e o conhecimento para os seres humanos. Do outro lado, a alma só tem sua natureza completa unida com o corpo, por onde pode materialmente operar. Uma alma que detém a potência sensitiva da audição só poderá de fato operá-la caso esteja unida a um corpo que tenha órgãos sensitivos da audição (orelha, tímpano) em bom estado.

Contudo, isto não significa que todas as almas subsistem após a desagregação do composto hilemórfico orgânico. A única alma que subsiste a morte do ser vivente é a alma humana. A alma dos seres orgânicos-não humanos tem suas operações, sejam elas nutritivas ou sensitivas, completamente atreladas a órgãos corpóreos, ou seja, ela só opera enquanto unida com o corpo. Logo, quando ocorre a morte do vivente, e a consequente desagregação dos seus elementos constituintes, a alma cessa plenamente suas atividades assim como os órgãos do corpo. A alma humana, por sua vez, pode operar algo que independe dos órgãos corpóreos: a intelecção. O intelecto pode conhecer a forma das coisas, para além do conhecimento das coisas individuais, particulares. Ora, os órgãos corporais podem conhecer as coisas apenas enquanto indivíduos. Só o intelecto, por si mesmo, pode conhecer as coisas em sua natureza. Órgãos podem conhecer cavalos individuais, mas só o intelecto pode conhecer o que é m cavalo de maneira absoluta. Como o intelecto humano pode operar por si, independente do corpo, é necessário que também subsista por si.

Resposta Definitiva da Questão 02:

O ser humano tomista é um animal racional. Isto significa que a alma humana, ao contrário das almas animais, que são sensitivas, e das almas das plantas, que são vegetativas, é uma alma intelectiva. Por isso, pôr a intelecção em ato é o sentido fundamental da alma humana, sendo que o caminho intelectivo tem como objetivo final a quididade das coisas, ou seja, a essência das mesmas. Esta é a direção da potência intelectiva da alma humana (o que não significa que a potência intelectiva é a essência da alma, pois só deus tem como intelecto a sua essência, já nós a temos como potência o intelecto).

Todavia, a alma humana não possui o um conhecimento inato da verdade, como os anjos possuem. Por conta disso, a alma necessita de outras potências além da intelectiva para que o próprio ato de inteligir seja realizado. Faz-se necessária a potência sensitiva, pois é através dos sentidos (tato, paladar, olfato, audição e visão) que o intelecto conhece a diversidade do mundo dos particulares de onde ele extrai a quididade. As potências vegetativas da alma, por sua vez, são aquelas que conferem no indivíduo a possibilidade de existência (com a possibilidade, através da potência nutritiva, de se reproduzir as condições orgânicas de vida do vivente), desenvolvimento (pela potência de crescimento, que faz o vivente desenvolver-se, passando de estatura para estatura, até chegar ao estágio ideal de maturação) e geração de outros indivíduos (que, com a potência de geração, permite que o indivíduo possa ir no sentido de perseverar a sua própria espécie, visto que o indivíduo em si é contingente). Já as potências apetitivas apontam para algo distinto do próprio indivíduo como objetivo seu, de modo que as potências locomotoras passem a encarar tais coisas exteriores ao vivente no sentido da ação e da mobilidade.

As potências não-intelectivas seriam, fora a vontade, acidentes próprios da essência da alma humana, vitais para a realização da intelecção. Por serem acidentais e terem seu funcionamento atrelado a órgãos corpóreos, tais potências cessam após a separação entre corpo e alma promovida pela morte, com exceção da vontade (potência apetitiva intelectiva da alma), que independe de órgão corpóreo.

Resposta Definitiva da Questão 03:

Como vimos na questão acima, por a intelecção em ato é o sentido fundamental da alma humana, em busca da obtenção da essência das coisas. Contudo, a vinculação do intelecto humano a um corpo dotado de órgãos que potencialmente podem realizar a empiria, somado ao fato de que o humano é despossuído do conhecimento inato da verdade, impõe que o conhecimento intelectivo parta do conhecimento sensível e não possa ser exercido sem a utilização deste. O intelecto, portanto, alcança a quididade das coisas a partir da multiplicidade dos particulares captada pelos cinco sentidos: o tato, que capta características do através do contato físico do corpo com objeto (toque), o olfato, através da captação do cheiro (com o nariz), o paladar, através da captação do gosto (com o contato do objeto com a língua), a audição, através da captação do som (com o ouvido) e a visão, através da captação da aparência visual (com os olhos).

Após sua captação, a espécie sensível passa pelos sentidos internos, inicialmente recebidos pelo senso comum. O sentido comum avalia as diversas informações empíricas, discriminando-os de outros que tem o mesmo sentido, como a distinção entre o liso do áspero, e depois, entre sentidos diferentes, entre o liso e o amargo, entre o amargo e o vermelho. Logo após isso, a espécie sensível tem sua imagem abstraída e mantida pela imaginação, num processo chamado de conversão ao fantasma. Por fim, tal fantasma, também conhecido como representação imaginária, é comparado com outras representações num processo chamado de cogitativo (estimativo para os animais) eassim armazenado pela memória.

A passagem da representação imaginária para a essência do objeto é conhecida como abstração. Alma intelectiva detém tal capacidade abstrativa, conseguindo pôr em ato a forma do objeto que se está conhecendo, forma esta que estava em potência, latente, na coisa particular, individuada por sua forma estar unida a matéria (e a matéria é diferente em cada indivíduo). Tal processo perpassa por duas etapas. Primeiramente, entra em cena o intelecto agente, responsável pela tarefa de, a partir da representação imaginária, fazer sobressair os aspectos essenciais, despojando os elementos individuais, num processo de universalização da essência contida no objeto que teve a sua espécie sensível transformada em fantasma. A partir desta universalização que opera o intelecto possível, que pode enfim conhecer universalmente, e não mais particularmente, por agora ter a posse da forma, espécie inteligível.

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