TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

Apostila Hermenêutica

Por:   •  21/8/2016  •  Trabalho acadêmico  •  1.100 Palavras (5 Páginas)  •  204 Visualizações

Página 1 de 5

                                             A VOZ ROUCA DAS RUAS  

                                                                                                               Osvaldo Ventura (*)

         O movimento “Diretas Já”, embora não tivesse alcançado de imediato seu objetivo maior, escreveu uma das mais gloriosas páginas da vida política de nosso país. Tendo como origem o clamor desesperado de um parlamentar progressista, em forma de Emenda Constitucional com pouca chance de ser aprovada, como de resto não foi, serviu, porém, para despertar a nação inteira do torpor cívico em que o arbítrio a mergulhara.

    A proposta de eleições diretas para Presidente da República teve o condão de fazer o brasileiro acordar do sono letárgico, esquecer o pesadelo, erguer a cabeça e fortalecer nas ruas aquele sopro vivificante de esperança vindo do Congresso Nacional. O começo foi tímido, mas em pouco tempo tornou-se um movimento amplo, geral e irrestrito, explodindo nas praças o desejo reprimido e o grito sufocado de cada cidadão.

    Enquanto a maioria esmagadora dos brasileiros clamava pelas diretas, os poderosos de plantão reuniam o que lhes restava de força para enfrentar um país em ebulição. Havia um brado geral de homens e mulheres, afrodescendentes, brancos e amarelos, agnósticos, metafísicos e materialistas, enfim, era a “voz rouca das ruas” que se manifestava por meio de suas organizações populares e suas entidades de classe, exigindo o sagrado e inalienável direito de escolher seu governante mor pelo voto direto, democrático e insubstituível.

    Contudo, em seus estertores, a ditadura se rearticula, dá um último suspiro e, infelizmente, derruba a proclamada Emenda Dante de Oliveira. Era o último fruto do ventre amaldiçoado do período ditatorial. A partir daquele momento histórico, renascia o supremo direito de o cidadão brasileiro escolher diretamente seu Presidente da República, ficando, ainda, a indelével lição de civismo e participação política de um povo nos destinos de sua pátria.

    A manifestação da vontade popular também pôde ser sentida em outro fato de grande relevância na história recente do Brasil: o impeachment do presidente Collor.

    Depois de confiscar os ativos financeiros de pessoas físicas e jurídicas, levando o país a uma situação de perplexidade e descontrole econômico, o governo Collor de Mello perdeu, em pouco tempo, todo o apoio que obteve nas urnas. A situação econômica do país era de total desgoverno. Planos econômicos se sucedem prejudicando a todos. O país sofre com uma hiperinflação e parece à deriva. A insatisfação se alastra por todas as camadas da população. Os movimentos organizados catalisam o descontentamento geral e começam a contestar nas ruas a incompetência do governo. O presidente reage e tenta neutralizar uma grande mobilização em curso. Desafia os opositores. A juventude se faz presente com suas caras pintadas de verde-amarelo. “A voz rouca das ruas”, por intermédio das organizações populares e entidades democráticas, clama pela saída de Collor. As instituições escutam. O Congresso busca uma solução. Não há clima para o golpe clássico. O próprio eleitor não pode destituir, pelo voto, o eleito que se torna indesejável. Só existe uma saída legal, ainda que inusitada para nossos padrões: o impeachment. Dá-se, então, o impedimento e uma transição absolutamente tranqüila. “A voz rouca das ruas” foi vitoriosa mais uma vez!

...

Baixar como (para membros premium)  txt (5 Kb)   pdf (67.3 Kb)   docx (10.1 Kb)  
Continuar por mais 4 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com