Economia Selvagem Ritual e Mercadoria Entre índios Xirin-Mebêngôkre
Por: Emily Costa • 19/9/2018 • Trabalho acadêmico • 599 Palavras (3 Páginas) • 193 Visualizações
ECONOMIA SELVAGEM
Ritual e mercadoria entre índios Xirin-Mebêngôkre
Tem como marco inicial uma pesquisa realizada com povos indígenas denominados de Xikrim do Cateté, em outubro de 1998. O autor relata, preliminarmente, as dificuldades e reviravoltas que a pesquisa sofreu frente a situações concretas. O primeiro fato modificador foi em relação ao tema e o foco devido ao trabalho de campo, o que resultou na reorientação teórica e metodológica. Já o segundo, refere-se a entrada e posicionamento como pesquisador que teve como consequência o desfecho da pesquisa.
Hodiernamente, o povo Xikrim, segundo o autor, “é resultado de um conjunto de mudanças que atingiram a Amazônia nas últimas décadas” e a consequência destacada é a ampliação de seu “contexto relacional” (Inglez e Souza, 2000). Isso porque esse povo não se restringe a relação apenas com seu grupo ou com outros grupos, mas também interage, mesmo que indiretamente, com agentes externos como órgãos estatais, corporações, antropologistas, empreendedores locais, nacionais e internacionais, dentre outros.
O autor explica que, diante do que foi mencionado anteriormente, o povo Xikrim teve novas necessidades, se adaptando ao um novo contexto, restando prejudicada a analise antropológica a que ele se propôs inicialmente, devido a influência de aspectos externos. Por essa razão o autor optou por estudar o que é importante para comunidade.
Recém-chegada ao mundo ao mundo dos bens
Gordan, tinha como projeto inicial o parentesco de um grupo indígena de língua jê, dando ênfase à organização social, no entanto, nas primeiras semanas ele percebeu que a atual conjectura da aldeia Xikrim levantava outras questões, pincipalmente a de circulação, aquisição e consumo de objetos produzidos pelos brancos, dando impressão aos visitantes, a primeiro momento, de que os índios são materialista e consumistas.
No tocante, ele explica que essa sensação não se dar somente pelo quantitativo de manufaturados, supostamente necessários à vida na aldeia, mas também pela preocupação com dinheiro e mercadorias.
A questão suscitada no parágrafo anterior, foi intensificada nos anos 70, onde a interação com os brancos veio alterar em virtude de diversos fatores, entre eles, o plano nacional de integração da Amazônia, que incluiu o Programa Grande Carajás, a implantação de infraestrutura, estabelecimento de uma malha viária na região, a construção de hidrelétricas, siderúrgicas. O autor afirma que não só o povo Xikrim mudou, mas também os brancos.
Ademais, a situação dos Xikrim, segundo Gordan, apresenta outros contornos específicos, como o convênio de assistência estabelecido com CVRD, no âmbito do programa Grande Carajás, desde meados de 1980, a título compensatório pelo impacto das operações minerárias na serra de Carajás. O convênio foi intermediado pela FUNAI e passou a ser gerenciado pela Associação Bep-Nói (ABN), que contratou funcionários brancos para realizar atividades administrativas e contábeis.
Contudo, a situação e atuação dos Xikrim “não nos permitem enxergar a questão em termos de uma suposta inevitabilidade da pressão global externa rumo a absorvê-los pela força do capitalismo de mercado – e, ao contrário, parece resultar de um movimento, em alguma medida, consciente dos próprios índios em direção ao “mundo dos bens”(Gell, 1986) – é importante notar a contrapeso, e par não cair na visão singela, que esse processo não foi feito e não é, como sempre, totalmente controlado e muito menos inócuo”.
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