Estudo de Caso: Recuperação Judicial da Livraria Cultura
Por: Camila Lima • 13/7/2021 • Trabalho acadêmico • 19.770 Palavras (80 Páginas) • 222 Visualizações
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
- A RECUPERAÇÃO JUDICIAL DE EMPRESAS
- Os princípios do Direito Empresarial
- O princípio geral da função social da empresa
- Princípios específicos da recuperação de empresas
- A crise da empresa
- Tipos de crise da empresa
- A concessão da recuperação judicial
- ESTUDO DO CASO DA LIVRARIA CULTURA S/A E 3H PARTICIPAÇÕES S/A
- Análise da empresa
- Características, produtos e mercado de atuação.
- Causas da crise da empresa.
- TRAMITAÇÃO DO PROCESSO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL
- Petição inicial.
- Despacho de deferimento do processamento da recuperação judicial.
- Conteúdo do plano de recuperação judicial.
- Negociação e discussão do plano na assembleia geral de credores.
- Aprovação do plano e decisão de concessão da recuperação judicial.
- AVALIAÇÃO DO ÊXITO OU FRACASSO NA EXECUÇÃO DO PLANO.
- Cumprimento do plano de recuperação judicial.
4.1.2 Novo Plano de Recuperação Judicial
- Convolação da recuperação em falência CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
O presente projeto de pesquisa visa, com base no estudo do caso de recuperação judicial da Livraria Cultura e da 3H Participações S.A. - Grupo Cultura -, explicar, explorar e descrever questões atuais relacionadas ao contexto do instituto jurídico da recuperação judicial. Em outras palavras, o presente projeto propõe a utilização dos conceitos teóricos sob o viés do caso concreto da Livraria Cultura e da 3H Participações S.A. como forma de facilitar o aprendizado dos institutos supracitados e observar se, na prática, eles estão sendo aplicados de forma adequada.
Nesse contexto, deter-se-á, especificamente, nas seguintes etapas do processo de Recuperação Judicial: 1) petição inicial; 2) despacho de deferimento do processamento da recuperação judicial; 3) plano de recuperação judicial; 4) ata da assembleia de credores; e 5) demais documentos relativos aos incidentes e à fase de execução do plano.
Com base nesses documentos, será possível, em um primeiro momento, descrever as características, ramo e mercado de atuação, produtos e serviços da empresa recuperanda. Superada esta fase, passar-se-á a expor as principais causas da crise da empresa que resultaram no pedido de recuperação judicial.
Posto isso, serão examinadas as fases e incidentes processuais ocorridos ao longo do processo de recuperação, sobretudo em relação: a) à avaliação do resultado do processo, com o deferimento da petição inicial; b) ao plano de recuperação judicial e as suas etapas de execução, para concluir-se se a empresa foi preservada e continua funcionando ou se a Recuperação Judicial foi convolada em falência.
Ademais, serão utilizados como baliza para as análises supracitadas outros casos práticos, decisões jurisprudenciais e posicionamentos doutrinários, a fim de que se tenha uma visão mais abrangente e enriquecedora do atual contexto do processo de recuperação judicial no País.
Pode-se concluir, portanto, que o projeto sob análise se justifica como forma de aprofundar o estudo sobre a aplicação da lei no 11.101/2005, após as modificaçòes sofridas através da Lei no 14.112/2020, pelo Poder Judiciário, com o objetivo de compreender se a
Recuperação Judicial está, de fato, cumprindo com seu objetivo legal, qual seja, o de superação da crise da empresa, uma vez que, conforme conceitua Sérgio Campinho:
[...] a recuperação judicial apresenta-se como um somatório de providências de ordem econômico-financeiras, econômico-produtivas, organizacionais e jurídicas, por meio das quais a capacidade produtiva de uma empresa possa ,da melhor forma, ser reestruturada e aproveitada, alcançando uma rentabilidade auto-sustentável, superando, com isso, a situação de crise econômico-financeira em que se encontra seu titular – o empresário –, permitindo a manutenção da fonte produtora, do emprego e a composição dos interesses dos credores. (grifos nossos)
A RECUPERAÇÃO JUDICIAL DE EMPRESAS
A Lei nº 11.101/2005 foi uma forma de gerir os efeitos que as crises da empresa podem gerar através da instituição da recuperação judicial. Trata-se de uma forma de solucionar a crise pela qual a empresa passa (artigo 47 da Lei nº 11.101/2005). Ainda, a recuperação judicial também evita a instauração de uma crise iminente sobre a atividade empresarial.
Nesse sentido, a atividade empresarial de modo geral é uma tarefa complexa que compreende uma série de riscos e, por sua vez, possui uma dependência com a economia que acaba por gerar imprevistos e situações de crise.
A situação de crise repercute no interesse do empresário, dos empregados, dos empregadores e dos credores. Nesse sentido, inclusive, repercute na sociedade, uma vez que a empresa possui uma função social bastante importante. Nesse viés, a crise pode ser classificada em crise econômica, financeira e patrimonial.
A crise econômica é aquela em que a empresa acaba por ter rendimentos inferiores aos seus custos. Por outro lado, a crise financeira são as situações em que a empresa não consegue arcar com as próprias dívidas, comprometendo o sistema de crédito. Por fim, a crise patrimonial ocorre quando o patrimônio da empresa não é suficiente para pagar as dívidas, de forma que a empresa se torna insolvente (TOMAZETTE, 2017).
Por conta da diversidade de atividades da economia moderna, as diferentes crises geram diferentes contextos. Por essa razão é que o mercado e o próprio Estado buscam solucionar as problemáticas enfrentadas pelas empresas.
A recuperação judicial não é a única forma de solucionar as situações de crise, pelo contrário, existem formas de superar a crise que envolve o próprio mercado. Contudo, ao tratar de empresas não existem soluções eficazes sem que envolva a tutela do Estado. Nesse sentido, o ordenamento jurídico criou através da Lei nº 11.101/2005 os institutos da falência e da recuperação judicial, acompanhados e fiscalizados pelo judiciário.
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