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O Conceito de Ideologia

Por:   •  22/8/2018  •  Resenha  •  6.104 Palavras (25 Páginas)  •  184 Visualizações

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Geralmente, o conceito de Ideologia é entendido como “conjunto sistemático e encadeado de ideias”, ou seja, é confundido com ideário. Porém, ideologia é mais que isso, é ideário histórico, social e político que oculta a realidade e esse ocultamente serve para assegurar e perpetuar certas realidades sociais como, por exemplo, a exploração econômica, a desigualdade social e a dominação política.

Grécia antiga – Filosofia > Preocupação com o aparecimento, a permanência, a mudança e o desaparecimento das coisas > “Por que as coisas se movem?” > Movimento sendo: toda mudança qualitativa, quantitativa, de lugar, de geração (nascimento) e corrupção (perecimento), ou seja, movimento é toda e qualquer alteração de uma realidade.

Aristóteles afirma que “conhecer é conhecer pela causa”, ou seja, só é possível conhecer a realidade quando se conhece a causa. A partir dessa afirmação, Aristóteles elabora a teoria das quatro causas: as quatro causas são responsáveis por TODOS os aspectos de um ser, são elas:

Causa MATERIAL: responsável pela matéria;

Causa FORMAL: responsável pela essência/natureza – a forma;

Causa MOTRIZ/EFICIENTE: responsável pela presença de uma forma;

Causa FINAL: responsável pelo motivo e sentido da existência.

Essas causas são o que permite explicar a mudança das coisas, o movimento e a permanência delas.

*Causas de permanência (causas internas): FORMAL e FINAL; Causas de mudança (causas externas): MATERIAL e EFICIENTE (a causa eficiente é o agente da mudança).

Porém, as quatro causas não possuem o mesmo valor, isto é, elas são hierarquizadas. A causa eficiente seria a menos valiosa, ou seja, o fabricar humano pouco importa, já as causas mais valiosas são a causa formal e a causa final. Sendo assim, é possível observar que as causas de permanência são as mais importantes.

Essa teoria relacionada as ações humanas leva a distinção das atividades realizadas pelo homem:

Atividades técnicas: (poiésis) rotina mecânica > trabalhador como causa eficiente que introduz uma forma numa matéria e constrói um objeto para alguém > alguém como usuário e causa final da construção;

Atividades éticas e políticas (práxis): atividade própria dos homens livres (aqueles dotados de razão e vontade para deliberar e escolher uma ação) > ação e finalidade são idênticos e dependem apenas daquele que age.

PRÁXIS (ética e política) > POIÉSIS (trabalho)

Causalidade e divisão social: o senhor corresponde à causa final. O senhor é o motivo pelo qual algo é feito/fabricado, ex: na teologia, o senhor é Deus. Causa final > Uso. Já o escravo ou servo corresponde à causa motriz/eficiente, ou seja, ao trabalho que dará forma a matéria para servir ao fim do senhor. O trabalho está como elemento secundário, inferior, como um simples instrumento para a satisfação do outro.

Teoria geral para a explicação da realidade e de suas transformações que, na verdade, é a transposição involuntária de relações sociais muito determinadas para o plano das ideias. Ou seja, uma teoria exprime, por meio de ideias, uma realidade social e histórica determinada, e o pensador pode ou não estar consciente disso. Quando há a consciência no pensador que suas ideias estão enraizadas na história, pode se esperar que elas ajudem a compreensão da realidade de onde surgiram, porém, quando isto não acontece (quando não se percebe a raiz histórica das ideias e acredita-se que elas serão verdadeiras para todos os tempos e lugares) produz-se uma ideologia.

Traços fundamentais da ideologia:

- tomar ideias como independentes da realidade histórica e social quando na verdade é a realidade que torna compreensíveis as ideias elaboradas e a capacidade ou não que elas possuem para explicar a realidade que as provocou.

Os trabalhos de Galileu, Francis Bacon e Descartes com a física elaborada nos séculos XVII e XVIII reduziu as quatro causas para apenas duas, a motriz e a final, acentuando ainda mais a diferença nos valores dessas. O homem como um corpo que é uma máquina natural (“animal máquina”) que obedece a causa motriz, comandada pelo espírito, onde a vontade se aloja, a causa final. Aqui reaparece a hierarquia, em que o espírito vale mais do que o corpo.

Nova Sociedade > Nova formação social > Surgimento do burguês (homem que valoriza a si mesmo por ter adquirido poder econômico e começar a adquirir poder político e prestígio social) > indivíduo moderno > Ética protestante ordena que a riqueza se transforme em capital.

Homens livres:

Burguês: Proprietário privado dos meios de produção ou das condições do trabalho;

Moderno trabalhador livre: Livres de serem os meios de produção como eram os escravos e os servos, mas também livres de possuir os seus próprios meios de produção;

“O regime do capital pressupõe a separação entre o trabalhador e a propriedade das condições de realização de seu trabalho”.

“Esse processo de separação converte em capital os meios sociais de vida e produção, enquanto, por outro lado, converte os produtores direitos em assalariados”

“O capital não pode se acumular nem se reproduzir sem a exploração do trabalho, que é sua fonte”

Duas faces do trabalho:

1) o trabalho como expressão de uma vontade livre e dotada de fins próprios > BURGUÊS > Lado livre e espiritual > liberdade;

2) o trabalho como relação da máquina corporal com as máquinas sem vida > TRABALHADOR > Lado mecânico e corpóreo > Simples meio para fins que lhe são estranhos > necessidade.

Assim, vemos, novamente, como ideias que parecem resultar apenas do esforço intelectual, de uma “elaboração teórica objetiva e neutra”,

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