O Crescimento da produção de riquezas
Por: Milena Morais • 31/5/2018 • Trabalho acadêmico • 1.051 Palavras (5 Páginas) • 228 Visualizações
A força de trabalho é essencial para o crescimento da produção de riquezas, entretanto o trabalhador está em grande medida à mercê de uma dinâmica global que não raro gera desigualdades persistentes.
Não resta dúvidas da imprescindível importância do trabalho no processo de desenvolvimento social, ainda que analisado em diferentes perspectivas. Para além do conceito clássico de ser este fator de transformação da natureza, é notório que a forma como sua prática foi concebida e organizada pela sociedade historicamente sofreu profundas modificações. Hodiernamente, o trabalho tem sido considerado, principalmente, como mero “objeto” a serviço do capital.
Bem verdade, o produto nunca foi democraticamente distribuído entre aqueles que empregavam sua força física na confecção, legitimada tal prática em cada época pelos valores nela vigentes. Nos regimes escravagistas, por exemplo, os produtores eram meras mercadorias, portanto, a apropriação de seu trabalho tornava-se plenamente justificável, pois eram os próprios pertencentes a alguém, sem possuir qualquer direito personalíssimo, menos ainda de propriedade. Como aborda Piketty, em um contexto ligeiramente diferente, “sempre haverá uma dimensão subjetiva e psicológica na questão da distribuição da riqueza”.
Foi partindo, talvez, de uma visão semelhante que Marx alertou o fato de o capitalismo estar criando sua própria destruição. Isso porque a forma como o trabalho passou a ser instituído, reunindo e aproximando os “operários”, e, dessa forma, possibilitando a formação de uma consciência de classe, tornaria possível a percepção da opressão sofrida, bem como a organização de uma revolução contra as desigualdades, destruindo o sistema opressor.
Contudo, a experiência vem mostrando que, apesar de algumas tentativas de instauração de um regime comunista/socialista, e de alguns grupos defendendo a ideologia ainda nos dias atuais, o capitalismo permanece forte, com sua ideologia difundida em toda a lógica estrutural, desde as escola, cuja própria disciplina remonta a organização e comportamento de um operário na fábrica, bem como as universidades, que sempre estão dispostas a seguir as necessidades do capital, seja em uma fase onde se deseja produzir tecnologia, seja treinando pessoas para o mercado técnico de trabalho, ou propagando as ideologias dominantes. Alias, estas contam também com a ajuda das instituições religiosas, prisionais, que utilizam bem o papel do direito na proteção e manutenção da ordem vigente, geralmente aquela imposta pelos detentores do poder, leia-se hoje, pelos capitalistas, excluindo também todos aqueles para os quais não houve espaço na dinâmica social, ficando à margem desta.
Nesse processo, o trabalhador, fundamental para a criação e expansão de toda a riqueza, pois o trabalho é o único que agrega valor às coisas, é o capital variante, que é capaz de incorporar mais-valia, simploriamente falando, dar lucro, ao capital fixo, aquele utilizado para produzir. Este trabalhador sofre um processo de coisificação. Na lição de Marx, não são os meios de produção que aparecem subsumidos aos trabalhadores, mas estes que se são aparecem subsumidos àqueles. Os trabalhadores não usam o capital como meios, mas eles que são os meios para o capital se produzir e reproduzir. Mais grave do que seu distanciamento do produto, ele próprio é transformado em mercadoria, tecnicamente falando, sua força de trabalho é valorada e vendida, pelo tempo dela empregado na produção, sendo esta sempre superior ao que recebe.
A corrente explicação é que do preço bruto do produto se deve extrair a remuneração do trabalhador, os custos com a produção e, logicamente, o investimento empregado, que deve trazer lucros. A normalidade decorre da visão de que os investidores, que precisam ter um incentivo para empregar seu capital, o adquiriu pelo esforço, poupança e inteligência, sua ou de seus antepassados. Desconsidera-se que as grandes fortunas, em grande parte nunca provém de renda do trabalho produtivo, mas de expropriações, exploração, incentivos, politicas protetivas, entre outros.
Como elencou Piketty, quando se aborda sobre a distribuição de renda e riqueza a política está sempre presente, bem como os preconceitos das classes dominantes, dos quais fica difícil escapar. Isso porque, durante muito tempo as pesquisas sobre esta distribuição se fundamentaram em poucos fatos sólidos e muitas fundamentações teóricas ( e preconceituosas, basta lembrar das teorias que explicavam a riqueza de um continente pelo desenvolvimento intelectual de uma raça). Pomos ousar e dizer que não diferentemente hoje a explicação se funda em mitos preconceituosos sobre o sucesso e a riqueza advir da meritocracia.
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