O Kant e a História

De modo geral, pode-se dizer que a BNCC oferece as linhas normativas para estruturação do desenvolvimento das competências essenciais no aprendizado dos estudantes brasileiros. Dessa forma, toda a estrutura curricular e os elementos básicos para que essa estrutura seja implementada e desenvolvida estão presentes no documento. De modo que, o domínio dessa estrutura normativa e a reflexão entorno dos seus conteúdos e orientações são essenciais para a prática pedagógica no Brasil. E isso não apenas de um ponto de vista burocrático-profissional, como também, do ponto de vista didático-pedagógico. No tocante a disciplina de filosofia a BNCC representa um pesado retrocesso. A filosofia perdeu seu espaço como disciplina autônoma no conjunto de disciplinas ofertadas nos ensinos fundamental e médio, e tornou-se parte de um agregado disciplinar que responde por um grupo de conhecimentos e competências designados como ciências humanas.  No entanto, vemos com certo espanto que a BNCC guarda lugar especial para o ensino religioso, muito embora, à primeira vista, o conteúdo normativo com relação às competências a serem desenvolvidas nessa área pareçam bastante razoáveis e progressistas e mantenham ao menos a laicidade no estudo da religião exigido pela constituição. Vejo que a BNCC, ao limitar o papel e lugar da filosofia no ensino fundamental e médio, carrega em seu cerne os germes da incompreensão em relação a esse saber. A filosofia não se encerra dentro dos limites das ciências humanas, ou até mesmo dentro dos limites de qualquer outra ciência. Se fosse assim não se poderia encontrar uma filosofia da matemática ou da biologia. Ela é crítica das ciências e também avaliadora do saber em geral, até mesmo dos seus próprios limites. Dessa maneira, o profissional de filosofia deve pesquisar com interesse e enxergar com preocupação e cuidados críticos redobrados a BNCC.    

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