O Maquiavel: Cidadão sem Fortuna
Por: Gabriela Meneses • 28/4/2021 • Trabalho acadêmico • 724 Palavras (3 Páginas) • 258 Visualizações
FICHAMENTO
Texto: SADEK, Maria Teresa. “Maquiavel: cidadão sem fortuna, intelectual de virtù”, em WEFFORT, Francisco (org.). Os Clássicos da Política, vol. 1. São Paulo: Ática, 1995. Pp. 11-24
A autora Maria Teresa Sadek inicia o texto comentando sobre o termo “maquiavélico” que muitas vezes nos remete algo ruim como traição, tirania, o mal. O que nos leva a questionar quem era este homem capaz de provocar tanto ódio. Por outro lado Maquiavel também é apontado como um defensor da liberdade visto que ofereceu preciosos conselhos para a sua conquista, fato admitido pela própria autora (SADEK, 1995, P.14). Rousseau por exemplo alega que Nicolau ao fingir dar lições aos príncipes concedeu grandes lições ao povo.
Discorre-se do texto que a infância e adolescência de Maquiavel se deram em um cenário bastante conturbado, viveu numa Itália sujeita a conflitos e invasões então desde pequeno já se deparava com a desordem e a instabilidade. Com a influência de seu pai e todo contexto político da época, se interessou pela política. Aos 29 ocupava um cargo de destaque na vida pública, em 1513 veio a sofrer mudanças drásticas em sua carreira por questões políticas, acaba preso e logo após exilado em sua própria terra. Assim nascem suas famosas obras.
Maquiavel tinha como principal preocupação em suas obras o Estado, mas fugia sempre do idealismo, do Estado imaginário e discorria sobre os verdadeiros fatos, o Estado real, uma realidade concreta e não como as pessoas gostariam que fosse. Sua principal questão era descobrir como instaurar um estado estável e resolver um inevitável ciclo de estabilidade e caos (SADEK, 1995, p.18). Defendia que a ordem deve ser constituída pelos homens e não de forma natural e eterna.
A autora também cita a visão de Maquiavel sobre o poder, aquele que todos têm, mas não conhecem (SADEK, 1995, p.18), aquele que para conhecer é necessário conviver com a ideia de incerteza e de que nada é estável.
O filósofo, ao analisar a historia e com suas experiências como funcionário do Estado, concluiu que existem traços humanos imutáveis, diz que são ingratos e com um temperamento imprevisível (O Príncipe,Maquiavel, cap. XVII). Esses aspectos compõem a natureza humana e se fazem presente em todas as épocas e sociedades, o que acaba sendo uma importante fonte de ensinamentos, pois pode prever outros acontecimentos.
Sadek também ressalta que a historia se repete, pois não existem meios de “domesticar” a natureza humana, assim a ordem sucede à desordem que clama por uma nova ordem (SADEK, 1995, p.20). Em seguida afirma que o poder político segundo Maquiavel, surge a partir da maldade humana e se torna a única possibilidade de enfrentar o conflito ainda que qualquer forma de educação seja precária e transitória.
O pensador Nicolau Maquiavel eventualmente percebe uma presença inevitável na sociedade de duas forças opostas sendo elas: o desejo dos grandes de dominar e oprimir e o do povo de não ser dominado e oprimido pelos grandes. O problema político então se torna encontrar uma forma para chegar a uma certa estabilidade e um equilíbrio de forças na sociedade.
Assim, Maquiavel sugere que para se chegar a uma República (um regime libertador, onde o povo é virtuoso e possui instituições estáveis), é necessário um governo forte, rigoroso e temido como o mesmo já dizia “É melhor ser temido do que ser amado” (O Príncipe, Maquiavel) para conseguir “educar” a sociedade e atingir a liberdade.
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