Os Conceitos de História
Por: LSikorski • 7/4/2022 • Trabalho acadêmico • 646 Palavras (3 Páginas) • 121 Visualizações
Nome: Luciano Batista Sikorski
R.A.: 22202830
Turma: B - Direito Vespertino
Textos: JENKINS, Keith. “A História repensada”, tradução de Mário Vilela, São Paulo: Contexto, 2001, pp. 23-52
SCHWARCZ, Lilia Moritz. “Sobre o autoritarismo brasileiro”, São Paulo: Companhia das Letras, 2019, pp. 7-17.
Existem diversas definições para o conceito de História, e na maioria delas seu cerne encontra-se na busca pela verdade dos fatos acontecidos outrora, ou seja, a narrativa daquilo que de fato aconteceu no passado. Porém, para Jenkins, a história é um discurso cambiante e problemático, tendo como pretexto (...) o passado, e que é um trabalho escrito por um grupo de pessoas (historiadores) cujas cabeças estão no presente e que, portanto, escrevem de modo que sua leitura seja reconhecível de uns para os outros, seguindo um padrão epistemológico, metodológico, ideológico e prático. Ainda em sua definição, Jenkins cita que tais obras estão sujeitas a uma série de usos e abusos por parte daqueles que detêm o poder em um determinado momento.
Tendo em mente tal definição, ao lermos o texto de Schwarcz percebemos que a História do Brasil, como nos foi contada em nossos primórdios educacionais, atendiam interesses políticos dominantes desde a época do império português, ocultando, por assim dizer, importantes conflitos existentes naquele tempo (e alguns que perduram até os dias atuais, como por exemplo, conflitos étnico-raciais), retratando um Brasil utópico cuja formação aconteceu pacificamente com a união de três povos: brancos, índios e negros.
Para referendar o que está sendo dito, Schwarcz cita epistologicamente a fundação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) em 1838 e seu primeiro concurso público, cuja questão foi para discorrer sobre “Como se deve escrever a história do Brasil”. O primeiro colocado nesse concurso foi o alemão Karl von Martius (1794-1868), em cujo trabalho metaforicamente comparou as raças à rios, onde os brancos seriam o grande rio principal em que os outros dois rios menores desaguariam nele (índios e negros).
A partir da obra de Martius, vários outros autores ao longo do tempo corroboraram com suas ideias, como por exemplo, Silvio Romero (1882), Oliveira Viana (1932) e até mesmo Mário de Andrade, em sua obra Macunaíma, de 1928. Mas foi Gilberto Freire que em seu clássico Casa-Grande & Senzala (1933) quem consolidou a visão “mitocrática” de que o Brasil foi colonizado, de forma até romântica, pela união pacífica desses três povos.
Podemos perceber então, a partir do exemplo da nossa própria história, da forma como nos foi descrita e ensinada nas escolas e universidades por muito tempo, o quanto seu significado é ambíguo. Afinal, a história é aquilo que foi escrito, registrado, documentado acerca do que se passou, versus o que realmente e de fato aconteceu. Por essa razão, Schwarcz conclui a introdução de seu livro “Sobre o autoritarismo brasileiro” dizendo que “a história não é bula de remédio (...) mas que ajuda a produzir uma discussão mais crítica sobre o nosso passado, (...) presente e sonho de futuro.”
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