RESENHA A HISTORIA DA HISTORIA ANTIGA

Norberto Luiz Guarinello possui graduação em História, mestrado e doutorado em Antropologia Social (Arqueologia Clássica) pela Universidade de São Paulo. No primeiro capítulo intitulado ‘’A história da História antiga’’ disponível no seu livro ‘’História Antiga’’, o autor introduz conceitos acerca de como surgiu o antigo. De acordo com Guarinello, o que, atualmente, denominamos como História antiga foi um movimento cultural e literário de produção de memória a partir de textos e objetos, sendo possível observar seus vestígios junto ao passado tanto em ruínas nas paisagens quanto na vida cotidiana. Assim como pelo trabalho morto que sobreviveu por meio de conhecimentos acumulados que permaneceram na agricultura, arquitetura, objetos e textos escritos. Entende-se, assim, que a criação do antigo se deu a partir do século XII quando surgiu, com base nos resquícios, a ideia de que tinha existido um mundo ''antigo'', anterior ao cristianismo, com uma cultura tão rica e singular. Os impactos que tal ideia causa à cultura erudita recebe o nome de Renascimento. Contudo, é somente quando surgiu uma História científica que a História antiga se firmou e, coincidindo, representaram, a junção das teorias sociais e políticas da época com a leitura crítica das fontes escritas. O autor ainda comenta como foi o desenvolvimento dessa disciplina científica e os respaldos nela da historiografia que, de modo geral, passará a ser vista através da evolução, acabando por gerar a formação de pensamentos de uma superioridade da Europa sobre o mundo. A alteridade quanto a isso vem com a integração das ciências sociais (Antropologia, Sociologia) que modificam abordagens a respeito da História Antiga.

Posto isso, o autor através de uma linguagem de fácil compreensão envolve o leitor nos conceitos sobre a História antiga assim como nos processos, transformações e a sistematização entre História científica e antiga que permitiram criar o que, hoje, conhecemos como antiguidade. Portanto, é um texto bastante introdutório por não necessitar de um conhecimento prévio aprofundado para compreensão das ideias principais expostas no decorrer do capítulo. Familiarizando as possibilidades de fontes, ou seja, dos documentos, mostra como a exigência de interpretações torna a subjetividade presente e, de como, a busca por uma identidade para legitimar o passado com a intenção de descrever o presente interferiram em todo o processo de firmação dessa história, ou seja, já nos faz pensar sobre a presença do interesse político da época. Guarinello traz, assim, a análise da forma tradicional da História Antiga baseada na perspectiva eurocêntrica e consolidada junto das ideias de nação, civilização e progresso. Perpassando pelos Modernistas, Primitivistas, percebe-se a crítica à ocidentalização da História antiga, puxando sua escrita para um viés mais amplo, embora não menospreze a importância dos pontos mais relevantes dessa cultura ocidental.