TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

RESENHA DO FILME O NOME DA ROSA

Por:   •  15/11/2021  •  Trabalho acadêmico  •  1.473 Palavras (6 Páginas)  •  1.218 Visualizações

Página 1 de 6

RESENHA CRÍTICA DO FILME: “O NOME DA ROSA”

O Nome da Rosa é um filme de 1986 direcionado por Jean-Jacques Annaud, fundamentado no romance homônimo do italiano Umberto Eco. O filme aborda a história da investigação de vários episódios de assassinatos ocorridos em um monastério da Itália Medieval, (sete monges são mortos de maneira insólita, no período de sete dias e noites). O cenário é um Mosteiro Beneditino italiano que continha, na época, o maior acervo Cristão do mundo. Esse período vinha de encontro a Igreja precisamente porque o Renascimento pregava a valorização do homem e da natureza, em oposição ao divino e ao sobrenatural.         O trabalho de ambientação de época, a perfeição da referência de fatos e personagens históricos no filme pode parecer que tudo neste suspense é ficção, uma vez que é ligado ao romance homônimo do professor e escritor Umberto Eco. Assim, é necessário um pouco de familiaridade com a história medieval com destaque no Cristianismo.                                                                         A trama leva a refletir sobre a obscuridade cultural daquela época, quando o conhecimento existente era preservado e estudado nos mosteiros. Entre a ficção e a historicidade dos fatos e dos personagens do filme, um monge franciscano, Willian de Baskervile, ex-inquisitor, chega ao mosteiro para participar de um conclave onde decidiriam se a Igreja doaria parte de suas riquezas, mas diante dos assassinatos desviou sua atenção e começou a analisar o caso acompanhado pelo seu noviço Adso de Melk. (Característica da Idade Média, habitualmente o 3° filho do Senhor Feudal era “encaminhado” à Igreja aos cuidados de um preceptor). Willian é o representante do conhecimento, pois usa métodos de pesquisa sofisticados para reunir as provas necessárias e chegar à verdade, busca pistas que não são visíveis às demais pessoas; como as frases no pergaminho, apagadas com suco de limão, que revelam-se aos olhos do investigador sob a chama de uma vela.                         No filme, ele representa o Intelectual Renascentista, que com sua postura Humanista e Racional, consegue desvendar a verdade por trás das mortes do Mosteiro. Do lado oposto ao franciscano, estão os monges que alimentam a ideia de que uma força sobrenatural, demoníaca, tomou conta do lugar, relacionando as mortes com a profecia do Apocalipse.                                                 No mosteiro beneditino, a biblioteca representa a fonte de saber que, para os monges, precisa ser protegida. A biblioteca tem que ser secreta, porque ela inclui obras que não estão devidamente interpretadas no contexto do cristianismo medieval. O acesso à esta é restrito, porque há ali um saber que é ainda estritamente pagão e que pode ameaçar a doutrina cristã. O pensamento dominante, impedia que o conhecimento fosse acessível a quem quer que seja, salvo os escolhidos. A biblioteca era um labirinto e aqueles que chegavam ao final eram mortos. Essa “prática” tem a ver com o pensamento da Idade Média, dominado pela Igreja. A informação restrita a alguns representava a dominação e o poder. Era a idade das Trevas, em que se deixava todos os outros na ignorância. Ao final, Willian, revela o resultado de sua investigação: as mortes estão relacionadas com o livro desaparecido de Aristóteles, que aborda o riso como instrumento da verdade, e que teve suas páginas envenenadas por um dos monges que odiava a comédia e via no riso uma possibilidade de dúvida sobre Deus.                                                                                         O Nome da Rosa sugere um ambiente no qual as contradições, oposições, querelas e inquisições, no início do século XIV, justificam ações humanas, as virtudes e os crimes dos personagens, monges copistas de uma abadia cuja maior riqueza é o conhecimento de sua biblioteca.  A Baixa Idade Média (século XI ao XV) é marcada pela desintegração do feudalismo e formação do capitalismo na Europa Ocidental. Ocorrem assim, nessa fase, transformações na esfera econômica (crescimento do comércio monetário), social (projeção da burguesia e sua aliança com o rei), política (formação das monarquias nacionais representadas pelos reis absolutistas) e até religiosas, que culminarão com o cisma do ocidente, através do protestantismo iniciado por Martinho Lutero na Alemanha em 1517.
          Culturalmente, destaca-se o movimento renascentista que surgiu em Florença no século XIV e se propagou pela Itália e Europa, entre os séculos XV e XVI. O renascimento, enquanto movimento cultural, resgatou da antiguidade greco-romana os valores antropocêntricos e racionais, que adaptados ao período, entraram em choque com o teocentrismo e dogmatismo medievais sustentados pela Igreja. Era fácil para a Igreja manter esse poder ideológico na mente das pessoas, uma vez que ela não deixava espaço para tais pensarem a respeito. Isso significaria que quem o fizesse estaria confabulando com o Diabo, em detrimento de Deus, logo, os indivíduos eram domados pelo temor. Também ficava difícil para a população discernir intelectualidade e por na prática seu senso crítico, pois não havia escola para civis, só para os padres; mesmo porque este conhecimento da Antiguidade era transposto para livros e ficava aprisionado nas bibliotecas dos mosteiros da Idade Média pala Igreja.                                       Há ainda uma transição de modelos políticos entre as idades Média e Moderna, redução das fontes do direito, retomada do poder pelo Príncipe, positivismo jurídico (que, na interpretação de Santo Agostinho, muito observado na época, dizia ser o direito positivado nas Sagradas Escrituras). Também chamado de direito penal da igreja, foi influenciado decisivamente pelo Cristianismo. Assimilou e adaptou o direito Romano às novas condições sociais, contribuindo de forma relevante para a humanização do direito penal. Proclamou-se a igualdade entre os homens, acentuou-se o aspecto subjetivo do crime e da responsabilidade penal e tentou-se banir das ordálias e os duelos judiciários. As penas passaram a ter não só o fim da expiação, mas também a regeneração do criminoso pelo arrependimento e purgação da culpa, o que paradoxalmente, levou a inquisição. A legislação eclesiástica era contrária à pena de morte, entregando–se o condenado ao poder civil para a execução.
Mas, o direito canônico também teve seus méritos no desenvolvimento do direito penal. Foi ele quem proclamou a igualdade de todos os homens, opôs-se a vingança privada decisivamente, através do direito de asilo e da trégua de Deus e também as ordálias e duelos judiciários e procurou introduzir as penas privativas de liberdade substituindo as penas patrimoniais para possibilitar o arrependimento do réu.
         Do ponto de vista do filme, em que ilustra a história na Idade Média que se passa em um mosteiro na Itália,  a Idade Média assistiu em sua agonia um grande debate Filosófico Religioso. Perdido o equilíbrio do tomismo, o homem medieval caiu em dois extremos opostos.
         A partir disso, é perceptível que a trilha aborda a questão da ciência como caminho que leva à verdade e ao saber, e a religião como o caminho da irracionalidade e do obscuro. Retrata um ambiente no qual as contradições e oposições, justificam as ações humanas. O confronto entre os franciscanos e os representantes da Inquisição, nos coloca novamente frente a frente com a questão do Bem e do Mal. É também uma crítica do poder e do esvaziamento dos valores pela demagogia, violências sexuais (mulheres que se vendiam aos monges em troca de comida), a luta contra a mistificação e o poder.

...

Baixar como (para membros premium)  txt (7.7 Kb)   pdf (58.4 Kb)   docx (10 Kb)  
Continuar por mais 5 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com