Resenha crítica do filme: Polícia Federal a Lei é para todos
Por: Damaris Rodrigues • 31/8/2018 • Resenha • 2.631 Palavras (11 Páginas) • 798 Visualizações
Resenha crítica filme: Policia Federal, a lei é para todos.
Parte I- Resumo do Filme.
Trata-se de uma obra cinematográfica, baseada em fatos reais de interesse público da história do Brasil, é de caráter documental e histórico, que se utilizou dos meios jornalísticos par pesquisa e se fundamentou em documentos públicos e oficiais.
Os eventos relatados durante o filme ocorreram entre os anos de 1.500, até março de 2016.
A frase de impacto mostrada no inicio do filme é de autoria de Rui Barbosa: “De tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantar-se o poder nas mãos dos maus, o homem chega a rir-se da honra, desanimar-se de justiça e ter vergonha de ser honesto”.
O filme começa na primeira fase da operação Lava-Jato, ocorrida em março de 2014, onde a policia federal utiliza todos os seus meios e recursos para rastrear cada passo do suspeito e seus comparsas e captura-los em ação. O primeiro em questão a ser encontrado é Alberto Youssef; por conta de uma brecha na investigação e rastreio onde Youssef estaria hospedado, o suspeito acaba percebendo que corre risco de ser pego e foge, deixando com um comparsa milhares de reais, dinheiro em espécie, e dezenas de aparelhos celulares descartáveis.
Mas o filme retroage na história e começa a narrar desde o princípio, como surge a corrupção no país. Iguala a corrupção como a varíola e a tuberculose, chegadas ao Brasil dentro das primeiras caravanas, e relata que a princípio Portugal enviou um ouvidor geral que havia sido condenado por desvio de verbas, no ano de 1.650 relata que o Padre Antônio Vieira já dizia que os portugueses iriam invadir as terras em procura dos bens que ali haviam (Pau Brasil, escravos, ouro, diamantes, impostos, ferro, café, entre outros). Os portugueses roubavam de tudo, desde o submarino de Visconde de Mauá, ao Mar de lama de Getúlio Vargas, um mar sem fim de corrupção! (O filme cita várias repercussões, várias operações, desde o BNH, previdência, o voto, até a maior de todas, o mensalão, que foi condenada a quadrilha dividida em setores de atuação que se estruturou profissionalmente para a prática de crimes como peculato, lavagem de dinheiro, corrupção ativa, gestão fraudulenta, além das mais diversas formas de fraude.
Fevereiro de 2013- Rio de Janeiro: O filme mostra a advogada Beatriz brava ao perder um prazo do relatório de um inquérito, e logo após, um convite do delegado Ivan a ela, a fazer parte de uma força tarefa empenhada em destruir a corrupção do país ou pelo menos parte dela. Desacreditada por várias tentativas fracassadas, beatriz caba aceitando a proposta e volta a ativa na policia federal .
Em Araraquara-SP a Polícia faz uma perseguição, o alvo suspeito é um caminhão de carga que não desiste de despistar os policiais, mas que acaba sendo pego pelo bloqueio. A carga estava composta por frascos de palmito, e dentro de todos os palmitos, de toda a carga haviam saquinhos de drogas . Este caminhão levou a policia federal a um traficante, que lavava seu dinheiro com um doleiro, que era dono de um posto de gasolina, que um dos agentes federais já estava investigando. O doleiro do posto, levou a policia a outro doleiro, que era sócio da grande dama do câmbio, Nelma Kodama. E Nelma também era amante e sócia de Youssef, o maior doleiro do brasil. O filme relata que Youssef já havia sido preso a 10 anos atrás, mas foi solto com um acordo, onde havia dado o nome de sua concorrência. Ele foi solto com a condição de suspenção da atividade de doleiro em qualquer que fosse o mercado de atuação.
UFPR-2013: A Policia federal vai até o juiz do caso pedindo permissão de adicionar uma escuta no suspeito Youssef de ter quebrado o acordo, e participado mais de um mês das atividades a ele suspensas pela lei. O juiz manda que os federais lhe encaminhem os autos para que ele assim possa deferir uma decisão.
Voltando a sede da Policia Federal, o delegado Julio e a Delegada Beatriz dão o nome da operação dos doleiros lavadores de dinheiro, de LAVA JATO. Julho em meio a milhares de arquivos encontra uma rede de doleiros, traficantes e contrabandistas a qual Youssef era líder.
Presentinho de natal: .Julio da Policia federal descobre uma nota fiscal em nome de um dos diretores da Petrobrás sob um carro de luxo, avaliado em 250.000,00 pagos avista por Alberto Youssef, e apresenta as provas ao Ministério Público e aos seus colegas de trabalho. A operação estava completa, o filme relata 81 mandatos de busca e apreensão, 18 de prisão preventiva, 10 de prisão temporária e 19 de condução coercitiva.
Noite de deflagração da primeira fase da lava jato, 17/04/2014: O filme volta em sua linha temporal onde Youssef havia fugido do hotel. A policia rastreia um telefone no nome dele no estado do MA, ele havia conseguido fugir. Ou era isso que eles achavam. Até que um dos agentes o encontra e faz sua perseguição no mesmo prédio em que estava hospedado, ele havia enganado a policia implantando o aparelho em outro estado. O agente consegue caotura-lo e prende-lo dentro de um taxi, em fim a operação estava salva, e 10 anos depois, Youssef voltava as mãos da justiça federal. Mas era só o início do grande mecanismo da corrupção deste país, enquanto uma das equipes fazia a prisão do Líder dos Doleiros, outra equipe foi até a residência do diretor da Petrobrás cumprir um mandato de busca e apreensão, e enquanto estavam lá, a família dele estava eliminando o máximo de provas que conseguiriam de dentro do escritório do diretor. O diretor Paulo Roberto Costa é preso dias depois.
Julio descobre um mecanismo ainda maior por trás dos boleiros, Paulo assina os contratos da Petrobrás com as empreiteiras, as empreiteiras pagam o Youssef, e Youssef paga o Paulo que envia milhões para fora do país.
Paulo faz um pedido de Habeas Corpus alegando que como existem deputados no meio das prisões da lava jato, todos deveriam ser julgados por foro privilegiado, e o ministro do supremo solicita ao juiz do caso, a soltura de todo mundo até que seja emitida uma segunda ordem. MAS o juiz salva a operação, o juiz e o caminhão de palmitos, lembrando educadamente ao supremo, que a liberação de todos incluiria a soltura de um grande traficante de drogas, e vários doleiros, todos com risco de fulgas. O supremo reconsiderou, e retirou o pedido, os outros permaneceram presos, mas o diretor Paulo R. Costa foi solto.
Cada vez mais a polícia federal fica mais desanimada vendo que quem manda é o dinheiro, e não a justiça neste país corrupto.
Sítio de Paulo Roberto Costa- Itapeva/RJ: Os agentes interrogam uma fúncionária do sítio, que conta que a esposa de Paulo havia queimado todos os documentos em uma churrasqueira na propriedade, então eles investigam e acham informações importantes em papéis que não haviam sido completamente destruídos pelo fogo. O número de uma conta bancária na suíça.
Ministério público suíço- Berna/Suiça: Vinte e três milhões de dólares sujos nas contas de Paulo, e família. Etapa 6 da operação Lava Jato. Paulo é preso novamente, e condenado a liderança do desvio de dinheiro público de mais de 10 bilhões de reais juntamente com Alberto Youssef.
Paulo recebeu um acordo com a policia e o ministério publico, confessar todo o crime, e sua família ficaria livre, e ele apenas em prisão domiciliar. Paulo começou então a falar, a jogada era baseada em 11 empreiteiras formadoras de cartel que trabalhavam para a Petrobrás, elas formavam uma quadrilha especializada em cobrar o mais caro possível de cada obra da petrolífera, e os diretores da Petrobrás indicado por políticos recebiam propinas pelas obras, 3% para ser exato, no que 2% eram para suprir o PT responsável pela diretoria de produção e exploração, diretoria de gás e energia, e na área de serviço; e PMDB na diretoria internacional.
Fase 7 da operação lava jato: 500 policiais participantes das diligências, 50 servidores da receita federal, 85 mandados judiciais, 6 de prisão preventiva, 21 de prisão temporária, 9 conduções coercitivas, 49 ordens de busca e apreensão. Entraram nas maiores empreiteiras do país de surpresa e prenderam todos. E foram apreendidos 59 Bilhões de reais.
Fase 14- ‘’Erga Omnes’’ 19/06/15: A LEI É PARA TODOS, o Diretor da Odebrecht Marcelo é preso em sua residência, a empresa é mencionada nas acusações do Ministério Público Federal como a líder do esquema de corrupção e cartel na Petrobras, a mais poderosa e influente das empreiteiras.
Descobertas no celular de Marcelo: Lula envolvido, Palestras do lula financiadas pela Odebrecht, obras realizadas coma liberação do BNDS. Prédios construídos pela OBS, reformas de um apartamento de cobertura pagos pela mesma empreiteira, aos quais lula nega serem de sua propriedade. Além do Sítio em Atibaia que sua família viajou 111 vezes, aos quais Odebrecht e AOS gastaram 1,5 milhão para reformas que o ex presidente também nega ser dele.
Fase 17: Inúmeros Ministros e Senadores presos.
São Bernardo do Campo-SP: Mandado de condução coercitiva ao ex presidente Lula.
Salão Presidencial aeroporto de congonhas-SP: Colheita de depoimento do ex presidente, mediante a algumas provas. Manifestantes contra e a favor de lula invadem as ruas e o aeroporto, depois de interrogado lula ameaça o ministério público e a polícia federal com o seu poder após reeleição.
Presidenta Dilma Rousseff Anúncia Lula como ministro, dando-lhe direito a foro privilegiado, e ele escapa das mãos do juiz Sergio Moro, no meio entre a interrupção das escutas nos telefones de Lula, um áudio de Dilma e Lula é gravado, e o Juiz libera-o para o povo, onde a presidenta diz claramente que estaria enviando um contrato para o ex presidente usa-lo em caso de extrema necessidade alterando o poder para o STJ. O povo se revolta, e vai as ruas protestar, Lula não se torna ministro, não foge das mãos de Moro, e a operação Lava Jato não acabou.
58,7 bilhões de reais é o valor total envolvendo propinas, ressarcimento, multas, , repatriação e bloqueio de bens; 4420 policiais federais envolvido são envolvidos ao longo das fases, 1765 processos foram instaurados, 844 mandados de busca e apreensão executados, 207 prisões efetuadas ao longo do processo.
Resenha crítica:
Fazer filme no Brasil é uma tarefa dificil em questões de investimento, questões de divulgação, e retorno do público uma vez que o país não é dotado da esfera cinematográfica como muitos outros.. E essa tarefa fica com certeza, muito mais difícil quando se aborda uma história política que ainda não terminou. Polícia Federal: A Lei É para Todos é um típico filme difícil de analisar. Não por ser uma narrativa, nem ao menos por alguma estética que foge do padrão, mas sim por ser baseado a partir de um fato que há mais de um ano é assunto de debate político nas faculdades, nos jantares de família, nas filas de supermercado, em fim, no país que é a operação Lava Jato. E mediante este assunto, que cada um tem seu lado declarado, cada cidadão brasileiro, o filme parece não se posicionar, ou aparenta isso, o que seria um meio para tratar qualquer assunto relacionado a esse turbulento momento histórico ao qual ele se passa.
O filme Policia Federal a lei é para todos, visa a princípio mostrar ao povo brasileiro o câncer que nunca parou de crescer dentro deste país desde a colonização, e que nos dias de hoje tornou-se um mecanismo quase que indomável. Mostra que apesar das milhões de pessoas envolvidas no sistema de corrupção brasileiro, pessoas que aceitam propinas e que não são fieis a seus cargos e patriotismo, ainda sim existem aquelas que lutam pela justiça do povo.
O filme também tenta mostrar que o Brasil é um país república, e que a população tem direito, a saber, quem realmente são suas potências e seus “lideres” para serem capazes de tomar decisões plausíveis sobre com quem deixam o poder.
É triste saber que tudo aquilo relatado durante as 1:47:14hs de filme são reais histórias que vivenciamos enfrentamos e ainda estamos lutando, é triste saber que o dinheiro fala mais alto do que a honra e a honestidade.
o filme faz uma relação sínica com a corrupção, relatando que o culpado de tudo isso é a caneta, dizendo que desde que existe a caneta, existe a corrupção, (canetas usadas para assinar documentos de fraudes, desvios de verbas, e lavagens de dinheiro) diz também que o poder sempre está com quem indica, quem conhece, e o mais importante, o poder está com quem assina, seja para o mal ou para o bem.
O filme também deixa bem claro a relação de decepção dos oficiais de justiça em função das mudanças que ocorreriam após todo aquele trabalho de noites em claro, milhares de agentes, centenas de mandados; Eles estavam desanimados, pois sabiam que a corrupção não seria extinta em apenas uma operação, uma vez que o ela estava pressente na vida das pessoas mais influentes e poderosas do país, e cada vez que mexessem nela, achariam mais e mais coisas, sendo quase impossível acabar com tudo. Os agentes estavam cientes de que mudariam pouco no país, que seu trabalho seria muito pouco reconhecido, e que enfrentariam problemas ao longo da operação.
Também pode-se perceber que o filme quis deixar em evidência que mexer com a corrupção não era a moeda inicial na operação, a investigação só chegou ao nível onde estava por conta de uma pequena investigação de transporte de drogas, que levou a um traficante, que levou a um doleiro, que levou a outros doleiros, e que levou ao diretor da Petrobrás. E deixa uma carta muito importante no final, nunca foi intenção da polícia fazer politica contra ou a favor de partidos ou de políticos. A policia federal e o ministério público só queria fazer justiça ao país, prender e derrubar quem roubava milhões de todos nós.
O que estraga nosso país Brasil nunca foi a violência nas favelas, nem a falta de educação, nem ao menos o sistema de saúde falido; não é o deft público ou taxas de juros, o que estraga nosso país é a causa disso tudo, a corrupção.
No filme não encontramos grandes interpretações, fica claro que a intenção não é mostrar um drama, nem retirar dos atores algo incrível, eles apenas cumprem o papel de informar e contar a história, e nada além.
Claro, ficou nítido o objetivo de informar sobre as fases que o Brasil vem atravessando e durante o tempo de filme, ele cumpre sua função de esclarecer os acontecimentos sem didatismo, e também não engrandece os investigadores da Lava-Jato tratando-os como heróis.
Polícia Federal: A Lei É para Todos, se destaca em comparação aos filmes do gênero, não precisando exagerar em momento algum na ação, não coloca situações surreais, mas faz a empolgação e o interesse pelo conteúdo de que se trata aparecer de sua realidade, onde ve-se a utilização de acontecimentos reais onde os fatos realmente aconteceram, combinados com a utilização de documentos e imagens de arquivo onde fica impossível do telespectador não entender a mensagem que queriam que fosse entendida.
Percebe-se a imagem que o produtor quer passar em cenas como no momento em que o delegado diz que o importante é pegar quem colocou o jabuti em cima da árvore, e não o animal em cima dela, e logo em seguida a cena é cortada para dezenas de panfletos jogados no chão da campanha política da ex-presidente Dilma. Uma frase que diz pouco, mas mostra muito da consciência que o filme deseja que fosse entendida. Protegido por uma fala, a interpretação é aberta aos olhos, as leituras são feitas a partir das sentenças colocadas em cena, sempre protegendo a imparcialidade política, evidenciando apenas a justiça.
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