Revolução em Dagenham
Por: paulinhagp13 • 28/11/2016 • Resenha • 687 Palavras (3 Páginas) • 2.299 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E ECONÔMICAS
FACULDADE DE DIREITO
RESENHA CRÍTICA DO FILME
REVOLUÇÃO EM DAGENHAM
RIO DE JANEIRO
2016
O filme objeto de análise, chamado Revolução em Dagenham, conta a história real da greve de 1968 que aconteceu na famosa fábrica de automóveis, Ford, na cidade de Dagenham, em que as mulheres, cansadas dos salários desiguais em relação ao dos homens e das condições precárias de trabalho, protestam pelos seus direitos.
A trama gira em torno da protagonista Rita O’Grady, dona de casa, mãe e operária da Ford, que ao lado do delegado sindical começa uma série de lutas para melhorar as condições das operárias. A desigualdade da fábrica era tão extrema que continha cerca de 55 mil funcionários homens e apenas 187 funcionárias mulheres, que tinham salários inferiores ao deles.
Os descontentes passam a reivindicar junto as chefias da empresa melhores condições de trabalho, visto que como retratado na encenação o local em que elas trabalhavam tinha várias goteiras, impossibilitando um trabalho digno e embora o conserto tenha sido solicitado várias vezes, nada foi feito. Além disso, solicitavam o aumento dos salários, já que faziam um trabalho igualmente importante à produção do que dos homens.
A ausência de resultado positivo com as medidas empregadas, faz com que as mulheres se fortaleçam ainda mais e respondam a recusa com mais ações luta e resistência, de forma a manifestarem e proporem intervenções nos plenários da empresa, até a proposta de uma greve. Buscam, inclusive, a Secretária de Estado para que pressione as chefias da empresa para terem seus direitos assegurados.
Destaca-se, nesse momento, o papel do Estado que, ao ser solicitado para ajudar nas negociações, fica ao lado do representante da Ford após ser “lembrado” por ele do quanto de dinheiro emprega anualmente no Reino Unido, sendo responsável por grande movimentação da economia local.
As lutas das operárias culmina em uma greve do setor, que posteriormente resulta em uma greve geral, ganhando espaço e destaque. A reivindicação das mulheres trabalhadoras da empresa Ford foi motivo de história e marco já que após tanto esforço os objetivos por elas almejados foram atingidos.
O filme propõe grande reflexão acerca da mulher, a sua importância no mercado de trabalho e a desigualdade existente entre os gêneros.
Concomitante a ascensão do feminismo que reivindica vários direitos, há destaque para a tentativa de igualdade dos direitos civis, políticos e, nesse momento, trabalhistas, que questionam muito mais do que esses temas em sentido estrito, mas principalmente a desigualdade biológica e cultural existente desde sempre, que mantém a mulher em condição de inferioridade em relação ao homem. Dessa forma, trata-se, sobretudo, de uma crítica a estrutura patriarcal.
Destaca-se o fato de que a desvalorização do trabalho feminino dentro da Ford é apenas um reflexo da desvalorização do papel da mulher como um todo, seja na sociedade, na produção, na participação política. Dessa forma, a mulher somente era considerada inferior no mercado de trabalho porque todo o seu ser mulher já era rodeado de discriminação por parte de um tradicionalismo machista que já as colocava degraus abaixo dos homens.
Essa situação começa a ser modificada, tanto no filme como na realidade, quando as operárias passam a tomar consciência da importância do seu trabalho e na sociedade, passando a se reorganizarem como uma classe. O reconhecimento da importância que têm no processo produtivo e de sua indispensabilidade faz parte de um processo de autodeterminação, em que as mulheres tomam para si a direção de suas vidas, rompendo com essa submissão.
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