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Tempo é dinheiro?

Por:   •  3/9/2019  •  Dissertação  •  339 Palavras (2 Páginas)  •  194 Visualizações

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Tempo é dinheiro?

A organização do tempo em calendários, relógios ou símbolos, essencialmente numéricos, é característica do processo civilizatório (ELIAS, 1998) indicando que a apropriação do tempo por meio de instrumentos de mensuração padronizados poderia evidenciar o potencial coercitivo dos modos de regulação temporal. Thompson (1998) aponta que a relação entre o tempo e o trabalho foi atravessada pela notação temporal mesmo antes da intermediação do relógio. Os camponeses e artesãos também se valiam da relação com o tempo para dimensionar seu trabalho, embora o símbolo numérico não regulasse suas atividades. Podemos considerar, para os propósitos deste estudo, que a regulação temporal do trabalho prescinde do mecanismo do relógio e dos calendários, mas também é visível que a padronização instituída pelos símbolos numéricos transfere valor mensurável ao tempo, mudando os pilares da relação do sujeito com o trabalho na modernidade. A diferença fundamental é que no contexto de trabalho do camponês, do pescador ou do artesão, os ritmos eram ditados pela necessidade daquela determinada tarefa e pela condição cíclica imposta pela natureza. Este modo de orientação temporal, que se fundava na tarefa, nos ciclos naturais e na obrigação de cumprimento de determinado trabalho por uma necessidade coletiva, tem uma dimensão “mais humanamente compreensível do que o trabalho de horário marcado” (THOMPSON, 1998, p. 271).

Do tempo religioso – do bater dos sinos aos calendários cristãos que passaram a organizar o cotidiano de trabalho e descanso –, até o tempo propriamente dos comerciantes, fica evidente que submeter o tempo à medição trará elementos concretos para o controle do tempo e, portanto, para usar da experiência temporal como regulador do trabalho. A medição do tempo dará subsídios tangíveis para a quantificação e rentabilização do tempo nas sociedades industriais2:

Aqueles que são contratados experienciam uma distinção entre o tempo do empregador e o seu “próprio” tempo. E o empregador deve usar o tempo de sua mão de obra e cuidar para que não seja desperdiçado: o que predomina não é a tarefa, mas o valor do tempo quando reduzido a dinheiro. O tempo é agora

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