Trabalho (Resenha) do Livro A Ordem do Discurso
Por: Giovana Greguer • 12/9/2020 • Resenha • 3.055 Palavras (13 Páginas) • 294 Visualizações
1. Introdução
O livro “A Ordem do Discurso” escrito por Michel Foucault foi publicado em
02 de dezembro de 1970 pela editora Gallimard na França. Nesta obra é abordado
as reflexões feitas pelo autor das possíveis maneiras que o discurso é disseminado
nas sociedades. Foucault demonstra que o discurso exerce diversas formas e
funções de controle em diferentes tipos de sociedades e como modificou-se com o
passar da história.
Seu objetivo central e o seu ponto de partida da sua obra, se revela em
constatar que o discurso demonstra em cada sociedade muito mais do que
imaginamos, vejamos um trecho que constata o mencionado:
“Suponho que em toda a sociedade, a produção do discurso
é simultaneamente controlada, selecionada, organizada e
redistribuída por um certo número de procedimentos que têm
por papel exorcizar os poderes e os perigos, refrear o
acontecimento aleatório, disfarçar a sua pesada e temível
materialidade.” (FOUCAULT, Michel, 1970, p. 2).
2. A Resenha
Segundo o autor, o discurso não é apenas um conceito material que se
concretiza através dos pronunciamentos ou da escrita e sim, de um histórico com
lutas, vitórias, conquistas, feridas e dominações que atravessam as palavras e
conseguem produzir um discurso real e sem falácias. Logo, não pode-se considerar
que o discurso é meramente um texto sem lógica ou sem filtros, pois, dentro dele
há uma organização estrutural.
Com isso, Foucault traz uma série de análises e críticas no modo como a
sociedade vê o discurso, para que se possa a partir deste estudo, começar a
observá-lo de modo diferenciado e correto e assim, caso seja necessário, criticá-lo.
Para ele, em nossa sociedade existem sistemas de exclusão do discurso, que são
divididos em três grupos:
O primeiro grupo divide-se em três tópicos: o primeiro denomina-se
interdito, o segundo rejeição e o terceiro é a vontade de verdade e também são
considerados como a parte externa do discurso.
Interdito: refere-se ao tabu do objeto, pois, uma pessoa sabe que dentro de
uma sociedade não há o direito de dizer tudo o que se apetece, ou seja, não podese
falar tudo em qualquer circunstância e isso independe do autor do discurso, é
uma regra para todos. Está relacionado ao poder que aquela fala pode ter.
“O discurso não é simplesmente o que manifesta (ou
esconde) o desejo; é também aquilo que é objeto de desejo
e porque – e isso a história desde sempre o ensinou – o
discurso não é simplesmente aquilo que traduz as lutas ou os
sistemas de dominação, mas é aquilo pelo qual e com o qual
se luta, é o próprio poder que procuramos assenhorarmos.
(FOUCAULT, Michel. 1979. p. 2)
Rejeição: aqui é possível perceber como a sociedade diferencia o discurso
trazido pelos tipos diferentes de pessoas e que isso vêm acontecendo desde o
início dos tempos. Porém, a diferença é o modo como isso passou a ser lidado
entre as sociedades. O principal exemplo dado é o ‘discurso do louco’, vejamos: na
Idade Média, se encaixava nessa situação, aqueles comentários feitos pelas
pessoas que possuíam problemas mentais e esse discurso não podia ser
transmitido como os demais, pois a palavra deles não deveria existir, por não haver
veracidade, ou seja, quem era ‘louco’ não podia usar o seu discurso para fins
intelectuais, era por intermédio das suas palavras que se reconhecia a sua loucura.
Já nos tempos atuais, existe uma certa validez no modo como o ‘discurso do
louco’ é assistido, pois ele nos põe um “aviso”, surgindo a possibilidade e a chance
de encaminhá-lo para ser tratado com profissionais que entendem o seu discurso,
como médicos e psicanalistas.
“Escutar essa palavra e que permite simultaneamente ao
paciente trazer, ou desesperadamente reter, as suas próprias
palavras. Basta pensar em tudo isso para suspeitar que a
partilha, longe de se ter apagado, se exerce de outra
maneira, através de linhas diferentes, por intermédio de
novas instituições e com efeitos que não são já os mesmos.
E mesmo quando o próprio papel do médico é apenas o de
escutar com atenção uma palavra, por fim, livre, é sempre a
partir da manutenção da censura que se exerce a escuta.
Escuta de um discurso que é investido pelo desejo e que
se julga a si mesmo – pela sua maior exaltação ou maior
angústia – possuído de terríveis poderes. Se para curar os
monstros é necessário o silêncio da razão, basta que ele se
mantenha alerta e partilha
...