Um passeio pela antiguidadade
Por: Gabriel Barreto Ribeiro • 28/10/2015 • Trabalho acadêmico • 2.835 Palavras (12 Páginas) • 1.436 Visualizações
1- Formular os principais objetivos que o autor destaca na “introdução” do livro.
Roger-Pol Droit no livro Um passeio pela Antiguidade quis evidenciar uma ruptura da relação com os Antigos. Quer destacar a presença dos Antigos, como, nas palavras da língua, a superfície das ruas, os sistemas jurídicos. Deseja permitir que os leitores tivessem seus primeiros encontros, ou novas perspectivas em relação aos Antigos. O autor quer que deixássemos de ver a Antiguidade como algo morto. Os Antigos só podem ser apreendidos, na opinião do autor, se vinculados uns aos outros e não separar segundo as normas de nossos saberes. A relação entre os Antigos e Modernos não é mais que temporal. Pode-se extrair uma consequência paradoxal, é impossível evitar o anacronismo.
2-Resumir cada parte e destacar de cada capítulo conceitos filosóficos importantes e defini-los.
VIVER
Descobrir os gestos cotidianos
Conceitos filosóficos importantes: Lógos. Ataraxia , Apatheia, Aporia
Homero não é poeta no sentido em que empregamos esse termo. Ele é ao mesmo tempo o molde, a base e o húmos do universo antigo. É por meio dele, sempre, que tudo se abre e se prolonga. Para aprender a viver, para descobrir os gestos cotidianos e os valores que sustentam a existência de um homem de bem, basta ouvi-lo.
Homero, ao longo de seus cantos, abraça tudo aquilo a que se chama viver: grandezas e mesquinharias, heroísmo e traições, nascimentos e mortes de aliados e inimigos. É a matriz da Antiguidade para se educar a viver como humano.
A Ilíada é o livro dos combates e do tempo, a Odisseia, o dos combates com o tempo. Para entrever o universo mental e moral de gregos e romanos, convém dirigir-se a Homero. Ainda será comum a referência aos valores, ao estilo de frase, às cenas contidas na Ilíada e na Odisseia que constituirão o maior sinal distintivo de sua educação. As epopeias homéricas são, pois, o mesmo tempo, enciclopédias ,romances de aventuras e manuais de bem-viver.
Esse acordo primordial, profundo e durável é dificilmente imaginável por nós. O grego de Homero em muitos momentos é estranho. Sua língua não é apenas arcaica, mas artificial, ao menos em grande parte. Suas frases aproximam e justapõem formas lexicais que não existem nos dialetos gregos correntes.
Como se diferencia esse livro total de outros textos, que se tornam, eles próprios, matrizes e fundamentos de culturas inteiras? Na Índia, por exemplo, os Vedas contêm o essencial do que se precisa saber, fazer e pensar se se quiser ser hindu. A Torá, por sua vez, determina tudo o que o judeu deve fazer, pensar, ser e crer. A diferença entre o poema homérico e esses textos fundadores é o caráter exclusivamente humano daquele.
Os romanos reconstituíram a Grécia, mas a seu modo. Essa Grécia romana, mais vasta, mais bem-organizada e bem-administrada e mais próspera, é ao mesmo tempo semelhante e diferente. Alter Homerus era, na Antiguidade, um dos sobrenomes de Virgílio. Esse outro, é preciso insistir, é próximo, mas também muito diferente. Aproximadamente oitocentos anos os separam, as sociedades que os cercam são profundamente diferentes.
As Geórgicas redigidas por Virgílio, não são apenas um elogio à vida nos campos, uma evocação das estações e de suas paisagens. Também são um guia prático para agricultores, com todas as instruções necessárias para uma exploração do campo romano. Os homens da Antiguidade, em sua maioria, eram desprovidos de livros. Eles conviviam, em primeiro lugar, com palavras. De modo geral, a cultura antiga é mais oral do que escrita.
O termo lógos, do grego antigo, designa ao mesmo tempo a palavra pronunciada em voz alta e a razão. Para os gregos, ambas estão indissociavelmente ligadas. Desse modo, o canto poético tem um parentesco com o saber e com a razão. Desse ponto de vista, não é excessivo dizer que a dissociação entre uma poesia puramente emotiva, afetiva e estética e uma razão argumentativa, dedutiva e reflexiva não é, para os Antigos, tão evidente quanto parece para nós.
Como um deus entre os homens
Não se trata mais de viver como herói, trata-se de viver como sábio. Ou de ao menos se esforçar para isso. Com as escolas de sabedoria que florescem a partir do século IV a.C. e que perduram até o fim do Império Romano, o projeto é alcançar uma forma de vida humana perfeita. Na qual não haveria conflito consigo mesmo nem com os outros. Na qual se poderia viver como mestre do tempo, capaz de encontrar na plenitude do instante uma forma de eternidade.
O sábio, do ponto de vista dos Antigos, é em primeiro lugar, aquele que atingiu o fim do caminho. Por isso o sábio choca, contraria preconceitos, transgride regras, não apenas de educação, mas, às vezes, até da própria civilização. Por exemplo, tanto os cínicos quanto os estoicos chegam a criticar a proibição do incesto.
Contudo, seria um equívoco crer que a principal característica do sábio reside necessariamente na provocação, na rebelião, no modo brutal de chocar a imaginação. Se fosse possível resumir isso em uma expressão, a vida do sábio seria a “ausência de perturbações”. Ataraxia, palavra grega que designa essa serenidade. Essa ausência de perturbações deve ser inabalável e uma garantia contra qualquer retorno dos ventos. “Acalmar a tempestade da alma” não significa apenas se tornar mestre de si mesmo, escapar da espiral das ambições, dos desejos devoradores, das paixões destruidoras e das emoções brutais, mas conseguir se retirar dessa grande quantidade de choques que o acaso inevitavelmente nos impõe ao longo do tempo.
Ao saber que não podemos escapar dos lutos, dos acidentes e dos sofrimentos, o caminho da sabedoria proposto pelos gregos consiste em se preparar, em se estabilizar definitivamente, para que possamos permanecer imperturbáveis diante do que eventualmente surgir. Algumas escolas, como a de Epicuro, falam na ataraxia. Outras evocam a apatheia , isto é, a ausência de emoção. Nenhuma emoção afeta mais o sábio, seja ela positiva, seja negativa. Qualquer que seja o termo empregado ou o caminho escolhido, uma vez que se atinge essa estabilidade permanente é possível viver “como um deus entre os homens”.
Viver “como um deus” não significa, nesse caso, impor suas vontades, realizar os próprios caprichos, significa apenas viver de modo imperturbável, inabalável, estável e fixo. Viver “como um deus entre os homens” não implica, pois, nenhum poder sobrenatural. Trata-se apenas
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