A INOVAÇÃO DISRUPTIVA
Por: Islaine Santana • 17/10/2019 • Trabalho acadêmico • 756 Palavras (4 Páginas) • 180 Visualizações
Dessa forma, o conjunto de inovações que afetam a indústria fonográfica e alterou a estrutura
da indústria e o seu mercado pode ser considerado um exemplo que representa, não apenas a
destruição criativa schumpeteriana, mas também as inovações tecnológicas disruptivas,
criando as condições de possibilidade dos novos modelos de negócio, os quais demandam
inovações institucionais (um novo regime de propriedade) e novos arranjos organizacionais
em toda a cadeia musical. Na prática, a indústria fonográfica ilustra de forma emblemática o
conceito de inovação apresentada por Schumpeter (1934), que é definida como motor de
desenvolvimento, não só do setor, mas do próprio sistema capitalista de produção, o qual se
tem revelado potencializador do processo inovativo, processo esse que só passa a se
configurar como uma inovação após o êxito de uma invenção previamente realizada e
demanda alterações na estrutura econômica preexistente.
Uma inovação disruptiva é um produto novo, que introduz um conjunto de atributos com desempenho relativamente diferente ao produto já existente, e esse conjunto de atributos é inicialmente atraente para um segmento emergente de clientes, mas pouco atraente para clientes regulares (ADNER, 2002; CHRISTENSEN, 1997). Por exemplo, os primeiros microcomputadores (agora conhecidos como PC’s) foram direcionados no meio da década de 70 para um nicho de consumidores faça-você-mesmo, que experimentavam com o microprocessador recém-desenvolvido (GOVINDARAJAN et al, 2011). Inicialmente, uma inovação disruptiva não é necessariamente direcionada para os clientes tradicionais, pois pode ser inferior em desempenho, em relação ao desempenho dos produtos existentes, e os clientes tradicionais valorizam esse desempenho superior dos produtos existentes, por isso não adotam, inicialmente, a inovação (CHRISTENSEN, 1997; MOREAU, 2013). No entanto, ao longo do tempo, com a evolução tecnológica levando ao aumento dos atributos do novo produto, agrega-lhe valor para um nível que satisfaz suficientemente os clientes tradicionais. Assim, o produto existente deixa de ser consumido por esses clientes, que o trocam pelo novo (ADNER, 2002; CHRISTENSEN, 1997; CHRISTENSEN; BOWER, 1996).
Inovação disruptiva não equivale necessariamente ao desenvolvimento de um
produto, um serviço ou uma tecnologia; não é um evento, é um processo (Christensen,
2006). Não é um fenómeno absoluto, mas sim relativo. O carácter disruptivo de uma
inovação só pode ser aferido quando comparado com o modelo de negócio de outra
empresa (Christensen, 2006). Nesse processo, surge uma nova tecnologia (no sentido
geral) que proporciona aos consumidores um valor diferente daquele proporcionado por
uma tecnologia existente. Inicialmente, essa nova tecnologia ganha uma quota de
mercado marginal associada a uma gama mais baixa de desempenho, devido a um nicho
de consumidores que prefere os atributos diferentes associados à nova tecnologia. Com
o tempo, o desempenho dessa tecnologia melhora, apesar de ainda ser inferior às
tecnologias já estabelecidas no mercado (Christensen, 1997).
A “disrupção” ocorre quando o desempenho da nova tecnologia melhora de tal
forma que passa a ser capaz de satisfazer as necessidades que os consumidores associam
à tecnologia existente, capacidade essa que os consumidores percepcionam como sendo
superior. Ao contrário de “inovações sustentadoras”, que procuram melhorar de forma
incremental tecnologias segundo os critérios valorizados pelos mercados actuais, a
inovação disruptiva “altera a proposta de valor num mercado” (Christensen, 1997, p.
264). A tecnologia disruptiva cria um novo mercado que acaba por causar disrupção no
mercado existente, afectando de forma significativa a posição de empresas
estabelecidas. No entanto, a disrupção não causa sempre a substituição completa de uma
tecnologia por outra, ou o desaparecimento de uma empresa incumbente. Estas
empresas podem sobreviver, incorporando a tecnologia disruptiva ou adaptando o seu
modelo de negócio, e uma tecnologia disruptiva e a tecnologia que sofreu a disrupção
podem coexistir (Christensen, 2006).
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