A riqueza das nações, Adam Smith. Breve resenha histórica da economia e dos fundamentos do economicismo
Resenha: A riqueza das nações, Adam Smith. Breve resenha histórica da economia e dos fundamentos do economicismo. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: alinelenos • 30/10/2013 • Resenha • 1.260 Palavras (6 Páginas) • 716 Visualizações
A riqueza das nações, Adam Smith. Breve resenha histórica da economia e dos fundamentos do economicismo
Viver em sociedade pressupõe disponibilidade para o intercâmbio que, por razões que lhe são imanentes, conduziu o homem, enquanto espécie considerado, à divisão do trabalho. Tal princípio ocorre tão naturalmente como a aprendizagem da língua. Ao nível da economia, a divisão do trabalho é a grande causa do aumento da capacidade produtiva e ocorre primordialmente em momentos de estabilidade social, evoluindo tendencialmente para novas subdivisões, como elos de uma corrente que se acrescentam, sem se excluírem. Adam Smith começa por se referir às artes insignificantes, que na sua óptica são aquelas que suprem as necessidades de grupos reduzidos. Exemplifica com a produção de alfinetes, em que o número de trabalhadores é baixo, o que considera ser consequência da especialização do trabalho. Neste tipo de produção assiste-se à execução, pelo mesmo sujeito, de duas ou três tarefas distintas, não correspondendo por isso à divisão do trabalho strictu sensu, implicando de qualquer forma um já apreciável aumento de produtividade. A estes ofícios menores, assim considerados sob um ponto de vista economicista, em virtude do escasso mercado a que correspondem, opõem-se as grandes industrias que visam satisfazer necessidades em larga escala, para as quais existe um vasto mercado a preencher.Nestas, o processo produtivo exige um número maior de indivíduos, sendo que, nestes casos a divisão do trabalho é maior, apesar da sua menor visibilidade, devida à superior dispersão dos trabalhadores, que pela sua quantidade não caberiam numa só oficina.
O que se verifica, é que em ambos os casos a divisão do trabalho, seja em que grau for, acarreta sempre um aumento dos poderes produtivos do trabalho. Este princípio é característico das sociedades mais ricas e opulentas em termos económicos. Adam Smith, aponta igualmente, diferenças práticas do referido princípio, conforme se aplique à agricultura ou à indústria. A agricultura está condicionada pela sazonalidade que lhe é inerente, o que por motivos economicistas lógicos, impede o empresário agrícola de manter um homem constantemente empregado numa função que carece de regularidade, pelo carácter cíclico das estações. Ou seja nas sociedades mais ricas, a solos mais férteis, maior capacidade produtiva, maior investimento não corresponde necessariamente a colocação de produto mais barato no mercado, na medida em que o princípio da divisão do trabalho é condicionado pela sazonalidade específica dessa produção agrícola. Deste modo, segundo Adam Smith, a concorrência dos países mais pobres com os mais ricos sofre menos restrições, sendo possível por parte dos primeiros a colocação de produtos no mercado a preços concorrenciais. Assim, temos que a divisão do trabalho gera aumento da quantidade de trabalho, a qual é explicável pela relação que se estabelece entre os seguintes factores:
- Aumento da destreza do trabalhador.
- Poupança do tempo que se perde ao passar duma actividade para outra.
- Invenção de um grande número de máquinas que facilitam e reduzem o emprego de energia humana, de tal forma que um só homem realiza o trabalho de muitos.
Na altura em que Adam Smith, editou a obra de que nos ocupamos, já a primeira fase da revolução industrial estava em curso, o ferro, os tecidos, o vapor, estavam já em franco desenvolvimento, no que à sua utilização diz respeito. Os movimentos protestantes de Calvino, e em menor escala Lutero introduziram com o renascimento a especulação com os juros bancários, uma outra significação foi atribuída ao trabalho, a vocação e a devoção eram a forma de realizar os desígnios de Deus em terra ( WEBER, 1996 [1905]: 57). Aproximava-se a revolução Francesa de 1789, grandes filósofos como Kant reestruturavam a relação dos sujeitos com os objectos (Revolução Coperniciana), Hegel um pouco mais tarde, com o seu colectivismo metodológico, abarca todas as áreas de acção humana no espírito mundial, que progride com racionalidade histórica, e se é racional, contém implicitamente um certo grau de previsibilidade (o padrão da lógica é a matriz económica, Shumpeter), ao qual se acrescenta o materialismo histórico de Karl Marx, com profundas consequências na economia, doravante equacionada como intimamente relacionada com os elementos históricos e sociais, sendo que o valor da mercadoria está na quantidade de trabalho socialmente necessária para a produzir, o que, já no séc.XX viria a ter actualização e desenvolvimentos com “Les annales d`his toire économique et social”, onde desempenham papel de relevo Lucien Febvre, Marc Bloc e Braudel.
Nesta ambiência, distingue-se o trabalho produtivo do não produtivo, os rituais característicos da ciclicidade agrícola sofrem severos danos na sua estrutura, a racionalidade,
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