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ANÁLISE SOBRE A ARMADILHA DOS JUROS

Por:   •  9/9/2015  •  Trabalho acadêmico  •  1.052 Palavras (5 Páginas)  •  158 Visualizações

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TRABALHO DE ECONÔMIA

PROFESSOR KLEBER

ALUNO: GUSTAVO PRATA / DIREITO-NOTURNO-TURMA B- QUINTINO

*ANÁLISE SOBRE A ARMADILHA DOS JUROS:

Na quarta-feira 16, o Copom anunciou uma alta de 0,50 ponto porcentual da taxa Selic, para 11,75% ao ano. A decisão de elevar o juro empurrou o Brasil de volta ao topo da lista dos países com as taxas mais altas do mundo. É um círculo vicioso ao qual o País está preso por um regime de “financeirização”, como alerta o economista Miguel Bruno, coordenador do Grupo de Análise e Previsões da Diretoria de Estudos Macroeconômicos do IPEA. Nos dicionários de língua portuguesa ainda não existe o verbete “financeirizar”. Então, que verbo é esse, pouco conhecido, mas que se tornou objeto de debate dos economistas em todo o mundo? Num ambiente de financeirização, o Estado fica subordinado ao mercado e perde autonomia. Mantém prioridade máxima na luta contra a inflação e torna o crescimento e o nível de emprego, por exemplo, meras “variáveis de ajuste da economia”, explica. Professor-adjunto da Faculdade de Ciências Econômicas da UERJ, ele fez do tema o foco da tese de doutorado, título que obteve na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris, França. Sob regimes de crescimento dominados pela lógica da acumulação financeira, os bancos centrais são premidos a praticar uma política monetária restritiva. Isto é particularmente o caso nas economias em desenvolvimento e nas desenvolvidas que não são nações hegemônicas no cenário internacional. Neste contexto, com sua autonomia drasticamente reduzida, a política monetária converte-se num expediente de acomodação e validação das expectativas dos mercados financeiros internacionalizados. No caso brasileiro, como o processo de financeirização desenvolve-se predominantemente pela renda de juros, o Banco Central termina aprisionado pelo circuito da acumulação rentista e patrimonial. Daí a enorme dificuldade para baixar expressiva e rapidamente as taxas de juro e mantê-las compatíveis com uma trajetória de desenvolvimento econômico sustentável. Já que a renda de juros é um dos pilares desse tipo de financeirização, sua determinação é estrutural ao modelo. A perda da trajetória do crescimento acelerado começou nos anos 1980, causada por vários fatores. Um dos mais importantes foi o discurso ideológico sustentado pela idéia básica de que a abertura econômica seria a saída para o Brasil reencontrar essa trajetória perdida de crescimento. Argumentavam que era preciso diminuir o Estado, gastar menos e abrir a economia. Veio depois o programa de privatização. Esse conjunto de transformações estruturais tinha impacto direto na forma como o setor privado se relacionava com o poder público federal. É possível citar nações como Índia e China, que optaram por uma forma diferente de adesão. Há assimetria entre países. Toda vez que se aumenta o grau de inserção internacional de uma economia perde-se um pouco a autonomia da política econômica. O grau de relacionamento internacional limita naturalmente o poder de decidir. Mas isso não justifica o leque de decisões tomadas pelo governo Fernando Henrique. Umas dão mais autonomia, outras dão menos. A decisão escolhida é a expressão de interesses internos que lucrariam com as medidas adotadas. A globalização não pode ser vista como um fenômeno da natureza. Algo como o aquecimento global, a gravidade. A globalização é um fenômeno econômico e político. Eles asseguravam que era portadora de benesses e que seriam inescapáveis. Na primeira metade dos anos 90, tentaram convencer que seria a senha de entrada para um mundo pleno de vantagens e benefícios irrecusáveis. Não existe uma única fórmula para se aderir à globalização. Os banqueiros não são os grandes vilões do processo de financeirização. Eles somente se aproveitam de uma estrutura montada. Já nos 80 havia a famosa “ciranda financeira”. Quem ganhava com ela? Quando se olha a ciranda, a moeda indexada e a correção monetária, entre outras coisas, percebe-se que essa conjunção de fatores, no fim da década, por questões de endividamento público, iria aprisionar e subordinar o Estado. É possível perceber que, a partir de 1995, com a estabilização dos preços, caiu bruscamente a participação do setor financeiro no PIB. Não se pode imputar aos bancos a culpa de tudo. Os dados de juros recebidos pelo sistema financeiro nacional mostram que, entre 1993 e 2005, cerca de 29% do PIB foi absorvido pelos juros. O sistema bancário financeiro recebeu 29% do PIB em juros, mas repassou 22%. Assim, na relação entre juros recebidos e pagos, o setor reteve 7%.Os tributos são o outro lado da mesma moeda. Uma economia em que 29% do PIB são juros recebidos pelo sistema financeiro não pode ter uma carga tributária pequenininha. O Estado participa desse fluxo de juros como principal tomador de recursos e pagador de juros. Não dá para mudar a política econômica sem mudar o regime que a pressupõe. Em um regime de acumulação financeira por juros, como é o do Brasil, não é possível manter a trajetória da taxa em queda permanente. É um problema estrutural e não mais de política econômica. Não adianta olhar a carga tributária e deixar de lado a carga financeira. É uma carga colossal. É bom observar uma relação importante que existe entre a força total de trabalho, a População em Idade Ativa (PIA), e a população total do País. Em 2006, 67% da população tinha idade para trabalhar. Uma parte desse contingente estudava e ainda não era economicamente ativa. A relação entre o nível geral de emprego e a população economicamente ativa mostra quanto o crescimento da força de trabalho potencial está sendo absorvido. Entre 1950 e 1980, por exemplo, não havia problema, a oferta crescente de força de trabalho era absorvida. Em vários momentos o nível de emprego superava a oferta potencial de força de trabalho. No regime de crescimento financeirizado, por juros, essa relação despenca. Os dados mensais do IBGE mostram uma pequena recuperação. Embora esses números só retratem seis grandes regiões metropolitanas e só tratem do desemprego aberto. O fato é que o ritmo é muito lento e beneficia quem ganha um ou dois salários mínimos. O discurso sobre “capital humano” faz sentido, mas não isoladamente. É preciso aumentar a educação e a qualificação. Se há baixo crescimento e a prioridade é dada ao capital humano para gerar emprego, isso, no limite, provoca fuga de cérebros. O país que qualifica e não emprega, força a imigração. A educação não é uma panacéia. Não gera emprego. Ela tem de estar casada com a política de crescimento econômico.

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