As Ondas de Economia Solidária
Por: A.Carlos • 5/4/2018 • Trabalho acadêmico • 1.153 Palavras (5 Páginas) • 162 Visualizações
Resumo:
O início e as diversas ondas de Economia Solidária
Foi durante a revolução industrial, que surgiu na Europa a Economia Solidária, contudo
foi na Inglaterra que ela emergiu com mais força a partir do século XIX, como resposta ao
agravamento da crise do trabalho e da piora dos serviços do sistema público de segurança social.
A Economia Solidária segundo Paul Singer (2004), "foi inventada por operários, nos
primórdios do capitalismo industrial, como resposta à pobreza e ao desemprego resultantes da
difusão desregulamentada das máquinas-ferramentas e do motor a vapor, no início do século
XIX. Esta constitui-se de uma nova forma de organização do trabalho e das atividades
econômicas, sendo uma alternativa para inclusão de trabalhadores no mercado de trabalho
através da autogestão.
Paul Singer (2004) diz que, a Economia Solidária é formada, principalmente, por
empreendimentos autogestionários atuantes em diversas atividades econômicas como a
produção, comercialização, consumo e crédito, que uma vez reunidos em um todo
economicamente consistente, cooperando entre si em vez de competirem, constituiriam as bases
de um modo solidário de produção, podendo superar o sistema capitalista.
Os empreendimentos de Economia Solidária, surgem com mais força durante as grandes
crises econômicas. Como essas crises que surgem não são idênticas, as diversas ondas de
Economia Solidária apresentam personalidades diferentes. Na Europa podemos citar três
momentos.
O primeiro foi na década de 30 e 40 do século XIX. Quando foi criado um novo tipo de
regulação do trabalho, transformando-o em concorrencial, com isso, nasceram sociedades de
socorro mútuo, balcões alimentícios e cooperativas de produção. Essas iniciativas foram criadas
por operários ou por artesãos, que não queriam se tornar proletários.
O segundo movimento foi durante a grande crise dos anos 1873-1895 que levou a
modernização e a maiores investimentos na agricultura e nos recursos naturais. A saída
encontrada pelos pequenos produtores foi a criação de cooperativas agrícolas e de poupança. A
terceira onda ocorreu a partir da segunda metade da década de 70 do século XX. Com o
surgimento de uma nova crise do sistema capitalista, houve o fechamento de muitas empresas
e consequentemente o aumento do desemprego. Então, a partir de 1977 até 1984, floresceu uma
série de iniciativas para salvar ou criar empregos através de empresas autogeridas pelos próprios
trabalhadores.
Nas Américas, surge uma "nova literatura" de Economia Solidária nos anos 80.
Inúmeros pesquisadores, principalmente economistas e sociólogos, produziram novas teorias
para estudar estes fenômenos, que transformavam as empresas falidas em empresas de
autogestão e também pela formação de muitas cooperativas de trabalho.
No Brasil, na década de 70, surgiu as primeiras discussões sobre o tema dentro do
movimento sindical. Já na década de 80, as discussões sobre a Economia Solidária, chega às
universidades, com proposta diferente da capitalista, tendo como expoente o então professor da
Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo, Paul Singer
(CORTEGOSO, CIA & LUCAS, 2008).
Os princípios da Economia Solidária
A Economia Solidária tem como valores fundamentais, autogestão, autonomia,
democracia, solidariedade, cooperação, respeito à natureza, comércio justo, consumo
consciente, valorização social do trabalho humano, entre outros. A desigualdade e a competição
não são naturais e para que se tenha uma sociedade em que predomine a igualdade é preciso
que a economia seja solidária em vez de competitiva. A cooperação contrapõe a noção de
competição. Ao cooperar, um grupo de trabalhadores se associam em torno de objetivos comuns
e deixam de competir entre si (SINGER, 2002).
Na Economia Solidária, o coletivo tem autonomia para tomar suas próprias decisões,
evitando que as pessoas ou fatores externos possam influenciar nas suas escolhas ou processos.
Todos os integrantes têm direito a voz apesar de suas diferenças e é preciso embaçar as relações
pessoais no coletivo pela sociedade, entretanto, essa solidariedade não é apenas ajudar e sim
alcançar ao próximo, informando e dividindo o que se sabe e o que se tem.
Já a cooperação guia o processo do trabalho individual para o trabalho coletivo, onde
cada um ajuda o outro, no sentido de que, em uma ação conjunta, chegaremos em um objetivo
comum. O respeito à natureza, implica nas ações que reflitam e repensem o processo produtivo
do trabalho, de forma que o respeito ao meio ambiente é fundamental para a transformação
social. O comércio justo consiste numa prática de comercialização
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