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Discussão sobre a importância de ser ergonomista no livro "Compreender o trabalho para transformá-lo: a prática da ergonomia," F Guerin

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Por:   •  25/8/2013  •  Resenha  •  2.863 Palavras (12 Páginas)  •  1.104 Visualizações

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O livro “Compreender o trabalho para transformá-lo: a prática da ergonomia”, de F. Guerin e outros, nos faz refletir que o trabalho deve ser analisado não levando-se em conta apenas a atividade em si do trabalhado, mas sim observando que essa atividade é um resultado complexo de muitos fatores que podem ser externos a esse operador (objetivos determinados pela própria empresa, layout da empresa e o maquinário da empresa) e internos ( as características físicas e psicológicas de um indivíduo, aspectos socioeconômicos, saberes adquiridos pela sua vivência, personalidade e etc). O autor ainda discute sobre como a ergonomia os diversos pontos de vista e que sem observar esses diversos fatores é impossível fazer uma análise do trabalho.

Muitas vezes um sistema de produção é desenvolvido de forma que o homem que tem que se adaptar a ele, tanto por aspectos financeiros (o orçamento já foi definido previamente), das máquinas (a máquina é comprada antes mesmo de saber que é o operador que vai operá-la, além disso o layout dessas máquinas é definido antes do trabalho ser realizado nesse espaço). Como o próprio autor cita essa lógica de concepção pode causar grandes desilusões na indústria e é muito mais cômodo responsabilizar o operador do que quem concebeu todo esse sistema de produção. Uma grande virtude do livro é que o autor cita exemplos práticos para mostrar que realmente a teoria tem sentido, nesse mesmo capítulo, ele cita o exemplo de um prensa que tinha um ruído anteriormente e foi melhorada, mas a operadora não foi avisada dessa melhoria e acabou perdendo um dedo. Ela havia criado mecanismos de identificação de como trabalhar com a máquina por esse ruído como houve a melhoria e ela não soube previamente acabou, perdendo essa referência.

Outro aspecto importante que ele aborda é a regulação que o trabalhador cria com as diversas variabilidades que ocorrem ao longo do processo, por exemplo, um porteiro que tem como tarefa receber uma pessoa, dependendo da idade desse visitante, acaba tendo diferentes posturas, pois ele sabe que o tratamento para um idoso não é o mesmo que se deve dar a uma criança. Outro exemplo é de um operador que muda a sua postura para fazer determinada atividade, isso é um regulação que ele percebeu que fosse necessária. É necessário que ele tenha as ferramentas necessárias para conseguir fazer uma regulação, um exemplo que o próprio autor cita é de que se há um erro em um software, se esse trabalhador tem as informações necessárias para lidar com essa variabilidade.

Depois disso o autor começa discutindo a importância de um ergonomista ter uma visão global, levando em conta o máximo de pontos de vista possíveis, ele até cita um exemplo de uma fábrica de torneiras em que foi dada formação em ergonomia para o departamento de métodos e ao longo da discussão dessa atividade foi percebendo-se que não adianta só levar em consideração uma visão, pois pode acabar atrapalhando outro aspecto do trabalho. Outro exemplo é de uma fábrica que os operadores trabalhavam em altas temperaturas e que ao mostrar os cálculos ao operador ele contesta o resultado, primeiro porque ele ganhava um adicional de insalubridade por conta disso e além disso ele criou formas que fogem da atividade prescrita para aliviar um pouco desse calor excessivo. Portanto levar em consideração apenas aspectos técnicos pode não ser o melhor caminho.

Após essa parte, ele introduz o conceito de tarefa que no caso é a atividade prescrita que é o que a pessoa deve fazer e com que instrumentos que é diferente da atividade de trabalho que é a forma que a pessoa faz seu trabalho. Essa atividade de trabalho é o fator que varia entre as pessoas, pois apesar de atingir um mesmo objetivo talvez não fosse feito da mesma forma tanto pela forma que a pessoa pode lidar com uma máquina ou até mesmo por conta de seus aspectos físicos. Uma frase que ele cita que é muito interessante é “A distância entre o prescrito e o real é a manifestação concreta da contradição sempre presente no ato de trabalho, entre “o que é pedido” e “ o que a coisa pede” “ (Guerín,2001), em relação a isso podemos citar o aspecto do porteiro novamente o que é pedido é receber uma pessoa e a forma como ele vai lidar com uma criança e um idoso é o que a coisa pede. E isso é muito importante, pois na maioria das vezes o trabalho tem muitas variabilidades e um profissional que lida bem com essas variabilidades é muito mais interessante do que aquele que apenas sabe resolver o que lhe foi prescrito.

Como já foi dito, um mesmo objetivo pode ser alcançado de maneiras diferentes, nisso entra a dimensão pessoal do trabalho, pois cada pessoa seja por sua experiência, conhecimento, personalidade ou físico, lida de uma maneira singular com sua atividade do trabalho. O autor cita exemplos que retratam bem isso, como o de uma costureira que sabe quem fez determinada peça só pelo tipo de erro. O conhecimento tácito diferencia muito as pessoas também, alguns trabalhadores, por exemplo, só pela coloração da fumaça sabe se um processo está funcionando bem ou não.

O aspecto socioeconômico também não pode ser descartado, pois em uma linha de produção, por exemplo, um trabalhador depende diretamente do seu predecessor para realizar sua tarefa, alguns gurus da qualidade até costumam usar o conceito de clientes internos para seu próprio companheiro de empresa, ou seja, é esperado que você satisfizesse a necessidade do seu próprio companheiro. Essa forma de abordagem é interessante, pois mostra fortemente esse contexto social em que uma pessoa tem expectativa sobre a outra.

Uma coisa que chega até a ser cruel é falar um tempo médio de um processo deve ser respeitado, pois não é respeitado nenhuma dessas variabilidades, uma pessoa que já está trabalhando há oito horas não consegue manter o mesmo ritmo, por exemplo, como também alguém que esteja gripado talvez não consiga manter o ritmo adequado.

Para atingir os objetivos da produção, a empresa define meios técnicos e organizacionais. Os operadores, na elaboração de seus modos operatórios, têm de levar em conta dois constrangimentos subestimados: a variabilidade da produção e os constrangimentos temporais. O ergonomista analisa como esse constrangimento pode atingir a saúde dos trabalhos, por exemplo, quanto uma dor de coluna pode ser prejudicial por um trabalhador adotar uma determinada postura a fim de atingir uma meta de produção mais rapidamente.

Como já foi amplamente comentando, a atividade de trabalho é definida por uma série de fatores que é como determinada pessoa se relaciona com aquilo que lhe foi prescrito. Mas os resultados dessa atividade de trabalho

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