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História Econômica: considerações sobre um campo disciplinar (FICHAMENTO)

Por:   •  20/2/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.076 Palavras (5 Páginas)  •  982 Visualizações

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E FILOSOFIA

DISCENTE: MARIANE DE JESUS NASCIMENTO

DISCIPLINA: CHF 199 SEM. INTERFACE: ECONOMIA E HISTÓRIA

DOCENTE: AUGUSTO FAGUNDES DA SILVA DOS SANTOS

Fichamento 01

BARROS, José D’Assunção. História Econômica: considerações sobre um campo disciplinar. Revista de Economia Política e História Econômica, nº 11, 2008.

O texto está dividido em cinco partes nas quais serão discutidos aspectos variados em relação ao campo disciplinar da história econômica, tais como os seus deslocamentos temáticos, a revisão dos seus fazeres e de seus modos de examinar a dimensão econômica das sociedades historicamente localizadas, tudo isso dentro da própria historiografia e o autor vai começar discutindo na primeira parte do artigo as principais transformações ocorridas na historiografia nas ultimas décadas.

O autor afirma que apesar da História Econômica ser um campo histórico antigo, ele está longe de ser considerado “inatual” e que essa espécie de combinação ente “antiguidade” e “atualidade” tem sua história e continua dizendo que se a História Econômica é uma das modalidades historiográficas mais antigas em vigência é porque, junto com a História social, foi na primeira metade do século XX começaram a Sr empunhadas como bandeiras a se agitarem contra a velha História Política que era de acordo com o modelo do século XIX.

Em seguida o autor parte para uma discussão na qual aponta a História Econômica como campo interdisciplinar da História e ela será abordada como um campo histórico definido que abriga várias correntes a qual se volta para objetos específicos que adquirem sentido no cruzamento de questões históricas e econômicas e para isso parte de noções que fundam essa modalidade historiográfica, noções essas que serão discutidas na segunda parte do artigo.

A primeira noção discutida pelo autor é a de “sistema econômico” e para isso ele utiliza a definição proposta por Witold Kula que aborda-o como um conjunto maior que integra de maneira coerente certos fatos econômicos que de outra maneira estariam dispersos e ressalta que ele possui uma historicidade definida por um conjunto de relações que os fatos econômicos estabelecem entre si e que não é uma realidade estática e eterna. Assim como um Sistema Econômico é variante no limiar tempo, num tempo pode não haver um sistema econômico específico, ou seja, por mais que um Sistema Econômico esteja diretamente relacionada com a economia dos sujeitos desse tempo, dizer de seus proventos e lucros, esta pode não ser exclusiva de adoção desses que estão em seus tempos.

Na definição de Kula utilizada por Barros aponta que o historiador só deve elaborar a teoria geral que lhe permitirá examinar determinada realidade econômico-social depois de estudados casos concretos.

Para Barros, a  História nos ajuda a compreender melhor fatos considerados paradoxais vistos dentro do seu contexto histórico. Quando isso acontece passa-se a entende-los melhor, pois de outra forma, como poderia um sujeito promover ações que não lhe sejam favoráveis do ponto de vista econômico? Uma dessas situações desvantajosas pode ser explicada, por exemplo, pelo simples fato de o indivíduo desejar manter um status perante sua sociedade.

O autor, ao apontar Witold Kula na definição de sistema econômico, ele quer dizer também que não se pode em um determinismo relativista e se pensar que não hajam sistemas que estejam fixados nas sociedades em alguns momentos.

Barros afirma que até a década de 1930 predominaram os sistemas econômicos dirigidos para o equilíbrio estático, tudo isso porque após a grande depressão passou a se pensar nas consequências sociais que um problema econômico pode acarretar, por exemplo, o emprego, custo de vida, empobrecimento, etc.

A partir disso, a História Econômica se torna mais complexa, pois o historiador econômico problematiza as “questões” relacionadas à Economia social.

segundo o autor, cada região de um mesmo país, tem necessidades econômicas diferentes que estão relacionadas com seus modos de produção e vida comercial e cultural. Um único sistema econômico para todo o país, destarte, não se enquadraria às diversas situações regionais. Para Barros foi o que aconteceu no Brasil nas décadas de 1980 e 1990 com início de indagações sobre a situação dos modelos econômicos impostos no Brasil do período escravocrata.

Ao discutir as fontes e os métodos na terceira parte, o autor vai abordar a noção de “série” como fundamental para análise das fontes e dados da História Econômica. Essa noção de série é um determinado conjunto de fatores estabelecidos pelo historiador com vista à quantificação e serialização de dados, sendo estas fontes assinaladas por uma relação de continuidade e, frequentemente, disponíveis para o historiador.

Quanto aos métodos, Barros afirma que ocorre uma abordagem estatística das séries e que as abordagens de caráter estatístico das fontes seriais pelo historiador econômico dão origem à História Serial ou Quantitativa. Essa história quantitativa remete a um levantamento e analise de dados.

Segundo Barros, essa corrente (História quantitativa)  surge na América do norte em 1950 a partir dos trabalhos de Kuznets e a partir de 1960 na França com os trabalhos de Jean Marczewski.

Em 1957 surge também a “New Economic History” (Nova História econômica) uma corrente que entre seus membros compartilha prática e concepções sobre o que deveria ser a História Econômica.

Na quarta parte o autor vai analisar riscos, limites e aspectos que deveriam ser evitados em um trabalho de História Econômica.

O primeiro risco a ser apontado pelo autor é o do anacronismo, o qual o principal tipo de anacronismo que ocorre na História Econômica é o de importar indevidamente para uma determinada sociedade historicamente localizada um sistema ou uma racionalidade econômica que são os de nosso tempo.

O segundo risco a ser abordado por Barros é a chamada “ilusão da Sicronicidade” que traz uma ideia de que em uma determinada economia todos os fatores progridem ou regridem juntos e ainda segundo o autor o historiador deve estar pronto para se afastar dessa ‘ilusão do modelo globalizador único’.

Ele aponta também o que ele chama de “fetiche da quantificação” que vem a ser a construção da História Econômica não deve se limitar às quantificações serial, pois se torna factual e, portanto, inocentemente limitadas às oficialidades.

Na quinta e ultima parte do artigo, Barros vai discutir  como o campo da História Econômica tem sido frequentado pelos historiadores brasileiros desde  a década de 1930 atraves de autores que vão de Caio Prado Junior ( pioneiro na área) e perpassam por historiadores economistas como Fernando Novais, Celso Furtado, Ciro Flamarion Cardoso e Jacob Gorender com a tendência de descobrir ou formular um modelo econômico exclusivo que se adeque às situações nacionais. Os trabalhos posteriores à década de 1970 têm caráter diferente, fogem da serialidade que tinha-se outrora.

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