MUDANÇA DA CRISE E BRASIL EMPRESAS DE 1999
Tese: MUDANÇA DA CRISE E BRASIL EMPRESAS DE 1999. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: 2577208 • 16/5/2014 • Tese • 4.131 Palavras (17 Páginas) • 375 Visualizações
A CRISE CAMBIAL DE 1999 E AS EMPRESAS BRASILEIRAS
Prof. José Francisco Filho *
A analise econômico-financeira de empresas tem como objetivo extrair dos demonstrativos contáveis, balanço patrimonial e demonstração de resultado, informações que permitam a interpretação de sua evolução. Internamente, destina-se a orientar o gerenciamento, a assessoria e a administração, enquanto que, externamente, é feita para avaliação do desempenho, da situação atual da empresa e para comparações com outras empresas do setor. No âmbito externo, portanto, a análise fornece parâmetros de decisão para o mercado de capitais, analistas, investidores, pedidos de financiamento, operações de abertura de capital, órgãos públicos de fiscalização, controle e tributação, além de trabalhos empíricos de verificação de teorias econômicas e de decisões financeiras.
O aspecto econômico da análise diz respeito à obtenção de lucro e rentabilidade pela empresa. O financeiro, por seu turno, está relacionado com a origem e aplicação dos recursos, o controle da liquidez, o controle e acompanhamento do fluxo de fundos e do fluxo de caixa e a rotatividade dos valores patrimoniais. Entretanto, as inter-relações existentes entre os aspectos econômicos e financeiros são muito intensas e, não raro, ambos se confundem.
A análise financeira está relacionada com a origem e aplicação de recursos, o controle da liquidez, o controle e acompanhamento do fluxo de fundos e do fluxo de caixa e a rotatividade dos valores patrimoniais. Consiste, basicamente, na determinação e interpretação de indicadores e taxas de crescimento dos diversos itens do balanço patrimonial:
Evolução patrimonial
Estrutura patrimonial
Indicadores de liquidez
Rotatividade de valores
A análise econômica está relacionada com a avaliação dos resultados obtidos pela empresa, através dos diversos indicadores de rentabilidade e lucratividade e das taxas de crescimento dos diversos componentes da demonstração de resultado, conforme segue:
Evolução dos resultados.
Estrutura dos resultados.
Margens de lucratividade.
Rentabilidade dos recursos próprios.
Rendimento bruto do ativo total.
Performance não operacional
Cobertura do endividamento pelo lucro
Eficiência administrativa.
Neste trabalho, a análise econômico-financeira terá como objetivo a avaliação de como a crise cambial de 1999 atingiu a economia e as empresas brasileiras, comparando as performances entre as “500 maiores” e por origem do capital: capital estatal, privado nacional e estrangeiro.
A crise cambial e as empresas brasileiras
A crise cambial de janeiro de 1999 atingiu o Brasil e suas empresas, levando-as a prejuízos consideráveis. Além do dólar em subida fulminante, acompanhava-o a taxa de juros, não menos acentuada.
O que vimos no resto do ano foi a queda da produção e a perda da rentabilidade.
Agora, com a publicação no Campo de Agregação de Dados Microeconômicos pela FGV, torna-se clara a maneira pela qual a desvalorização do câmbio veio afetar as empresas, em geral. Mostra, também, as diferenças com que aparecem as perdas para o capital privado nacional ou estrangeiro e as empresas estatais.
Essas diferenças começam ao observarmos a participação no conjunto de empresas consolidadas: as estatais correspondem a 10% em número de empresas entre as quinhentas maiores, mas se verificarmos o total do patrimônio líquido, a participação delas sobe para 40% do total. No ativo total, chegam a 36% desta participação.
Esses valores se reduziram no período de 1998/1999, mas, de qualquer maneira, a comparação entre os quadros indica quem pagou a maior parte de prejuízo pelo desvalorização de câmbio.
Para possibilitar as análises e comparações que nos levam a essas conclusões, foram construídos quadros de relações entre contas ou grupos de contas para 1998 e 1999. Como tais relações consistem em variáveis de fluxo e/ou estoque, elas devem ser vistas com suas limitações inerentes aos indicadores financeiros, que não se caracterizam como instrumentos de medida precisa, mas que se prestam como sinalizadores válidos de avaliação das situações econômico-financeiras e dos reflexos das políticas e decisões tomadas em termos macroeconômicos.
A dimensão das estatais
Dividindo-se, com base nos quadros 1 e 2, o valor do ativo líquido de cada grupo pelo número de empresas que o constituem, ressaltam-se as diferenças de magnitude evidenciadas da verificação do quadro 1, e chega-se aos valores de ativo líquido por empresa de cada um dos segmentos constantes do quadro:
Em um primeiro movimento, vamos verificar algo de que todos nós já temos certa idéia: a dimensão das empresas estatais no Brasil. Podemos vê-la em números, se consultarmos as tabelas 1 e 2. Dividimos o valor do ativo liquido dos dois grupos, estatais e privados, pelo número de empresas que os constituem e chegaremos aos valores de ativo liquido por empresa de cada segmento.
Quadro 1 – Ativo líquido médio por empresa: em bilhões de R$.
1998 1999
Total das empresas (500) 1.496 1.447
Empresas privadas (450) 1.000 1.035
Empresas estatais (50) 6.094 5.156
Fonte: Revista Conjuntura Econômica, Fundação Getúlio Vargas, agosto de 2000 – Elaboração do autor.
O quadro mostra que o ativo médio das empresas estatais em 1998 representava seis vezes o ativo médio das empresas de capital (nacional e estrangeiro), no entanto verificaremos à frente, de acordo com a análise da composição da demonstração de resultado, qual o segmento é mais eficiente na gestão do negócio.
Quadro 2 – Patrimônio líquido médio por empresa: em bilhões de R$.
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