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Moeda - Lanzana

Por:   •  15/3/2016  •  Pesquisas Acadêmicas  •  3.073 Palavras (13 Páginas)  •  341 Visualizações

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Lanzana, em Economia Brasileira: fundamentos e atualidade, (pg. 34 à 42), defini a Política Monetária da seguinte forma, “refere-se à ação do governo no sentido de controlar as condições de liquidez da economia”. Assim, o governo atua sobre a quantidade de moeda na economia, sobre a capacidade de concessão de empréstimos por parte dos bancos e, por conseqüência, sobre os níveis das taxas de juros. Resumindo esta ação econômica e o objetivo dela de uma forma simples, “o mercado monetário é como outro qualquer, onde existe demanda (por moeda), oferta (de moeda) e preço de equilíbrio, que nada mais é do que a taxa de juros”.

Para compreendermos a demanda (por moeda) e a oferta (de moeda), precisamos entender primeiro o conceito e tipos de moeda; para isso é preciso entender a função que a moeda desempenha e os tipos de moedas existentes e:

Assim, o autor nos explica que a moeda desempenha as seguintes funções: como meio ou instrumento de troca, por ter aceitação generalizada e garantida por lei; como reserva de valor, dado que representa liquidez imediata para quem a possui; como unidade de conta, dado que possibilita que todos os bens e serviços sejam expressos num mesmo denominador; e como padrão para pagamentos diferidos, isto é, pagamento em diferentes períodos de tempo (por exemplo, para definir uma dívida futura, uma promissória a vencer etc.).

Em relação aos tipos de moeda, ele nos apresenta três tipos às moedas metálicas, emitidas pelo Banco Central, normalmente de pequeno valor e que visam facilitar as operações fracionadas; o papel-moeda, que são as cédulas emitidas pelo Banco Central, que representam parcela importante do volume de dinheiro utilizado pelo público e, finalmente, a moeda escritural, que é representada pelos depósitos a vista efetuados nos bancos comerciais. Ainda que a soma das moedas metálicas, o papel-moeda (que juntos compõem a moeda manual) e a moeda escritural correspondem ao conceito tradicional de meios de pagamento.

Já os meios de pagamento apresentam duas únicas características:
podem ser utilizados imediatamente para efetuar transações (liquidez imediata) e não rendem juros.

Ainda referente as moedas, o autor defini a sua demanda pela sociedade em três razões distintas: sendo a demanda para transação, que se refere à necessidade que os agentes têm de possuírem moeda para efetuar suas transações; a demanda para precaução, que se refere à procura de moeda por parte da sociedade para fazer frente a eventuais compromissos não previstos; e, finalmente, a demanda para especulação, que se verifica quando o agente econômico fica esperando uma oportunidade de aplicação interessante.

Porem, a demanda de moedas não é estável e pode sofrer um conjunto de variáveis que influenciam o seu comportamento, sendo elas:

1 - Á medida que o país se desenvolve e a produção de bens e serviços aumenta, a necessidade de moeda eleva-se na mesma proporção.

2 - Quando as taxas de juros são muito elevadas, há uma tendência à redução da demanda de moeda por especulação, uma vez que a possibilidade de surgirem novas e boas aplicações fica reduzida (na realidade, a boa alternativa de aplicação já está existindo).

3 - Efeitos da inflação. De um lado, verifica-se que à medida que os preços aumentam a necessidade de moeda para transação também aumenta em termos nominais. De outro lado, porém, quando a inflação é elevada, "carregar dinheiro no bolso" significa perda, uma vez que os preços estão aumentando e o dinheiro fica parado, comprando um volume cada vez menor de bens. Importante que esta situação conduz ao conceito de "imposto inflacionário".

Assim, como a demanda de moedas é determinada pela sociedade podem sofrer variáveis que influenciam o seu comportamento, governo atua sobre a oferta de moeda por meio da política monetária, sendo o órgão responsável Banco Central, cuja tarefa é regular a liquidez, de forma compatível com a produção de bens e serviços e o controle da inflação (costuma-se dizer que o Banco Central é o "guardião da moeda").

O Banco Central detém o monopólio da moeda manual, e os bancos comerciais, por meio da multiplicação dos depósitos a vista atua como agentes na economia em condições de ofertar moeda. Porem, o Banco Central, possui condições de atuar nessa capacidade de multiplicação dos depósitos pelos bancos.

O autor exemplifica a oferta de moeda discorrendo sobre o processo de multiplicação dos depósitos bancários a partir de um depósito inicial, “quando ocorre um depósito a vista num banco comercial, esse recurso pode ser movimentado a qualquer momento, pelo titular da conta. Sabe-se, no entanto, que no conjunto total dos depósitos a vista, nem todos os recursos são sacados simultaneamente, havendo, na realidade, apenas saques numa porcentagem desse valor total. O banco precisa guardar em seus cofres apenas esse percentual, podendo emprestar o restante a seus clientes. Por outro lado, o cliente que tomou o empréstimo irá fazer um novo depósito em outro banco (ou no mesmo) o processo vai-se repetindo. Um exemplo ajuda a ilustrar o processo de criação de moeda escritural pelos bancos”.

Vários indicadores monetários são utilizados para acompanhar as mudanças contínuas que ocorreram na economia brasileira, além do conceito tradicional de meios de pagamento. Quando em períodos de inflação elevada, a sociedade tende a reduzir a demanda por moeda manual e escritural, substituindo-as por ativos que rendem juros ou mesmo por moeda estrangeira. Assim, neste quadro, fica difícil efetuar uma avaliação mais precisa sobre a real situação monetária do país, o que acaba conduzindo à utilização de outros indicadores, sendo estes:

  1. Base monetária - refere-se à emissão primária de moeda. É mais abrangente que a moeda manual utilizada no conceito de meios de pagamento, uma vez que inclui, além da moeda em poder do público, as reservas dos bancos comerciais.
  2. Meios de pagamento (M1) – é o conceito de meios de pagamento definido anteriormente, incluindo, portanto, o papel-moeda em poder do público e os depósitos a vista nos bancos comerciais, então, M1 = Papel-moeda em poder do público + Depósitos a vista.
  3. Meios de pagamento (M2) - é um conceito mais amplo de meios de pagamento já que incluem além do M1 os fundos do mercado monetário (fundos de renda fixa, fundos DI etc.) mais os títulos do governo em poder do público, então, M2 = M1 + Fundos do mercado monetário + títulos públicos.
  4. Meios de pagamento (M3) - agrega ao M2 os depósitos em caderneta de poupança. Vale lembrar que os depósitos em caderneta de poupança, embora possam ser sacados a qualquer momento, para gerar rentabilidade, precisam ficar inalterados durante 30 dias, o que dá uma característica, em termos de liquidez, diferente dos fundos do mercado monetário e dos títulos públicos, então, M3 = M2 + Depósitos de poupança.
  5. Meios de pagamento (M4) - incorpora os títulos privados, que incluem certificados de depósito bancário (CBDs), outros depósitos a prazo e letras de câmbio, então, M4 = M3 + Títulos privados.

No subtítulo Instrumentos de política monetária (pg. 42 à 46), o autor nos apresenta três os instrumentos clássicos de política monetária:

  • Controle da base monetária: O Banco Central controla o volume de moeda manual da economia. Sendo que é necessário verificar quais os fatores que, tradicionalmente, levam a uma expansão ou contração de base monetária, para que possamos entender como o governo controla a base monetária. São três fatores que podem levar a oscilações na base monetária:

- O resultado das contas públicas. Se o governo registrar déficit em suas contas, uma das formas de "bancar" esse déficit é a emissão de moeda, ampliando a base monetária. Na hipótese de superávit público, ocorre o contrário, o governo retira mais dinheiro da sociedade (por meio de tributos) do que injeta (por meio dos gastos), gerando redução da base.

- O resultado líquido das operações do setor externo. Sempre que ocorre entrada de dólares no Brasil, há pressão para a emissão de moeda, para fazer a conversão dos dólares que entraram para reais. Quando os dólares saem ocorre o contrário. Para facilitar o entendimento desse processo, basta imaginar que o Banco Central fosse como uma caixa única. Quando uma empresa exportadora recebe dólares, tais dólares serão trocados no Banco Central do Brasil por reais, obrigando-o a emitir reais. Por outro lado, quando uma empresa precisa importar, necessita comprar dólares e retira reais de circulação (pagando ao Banco Central).

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