O Feudalismo
Por: Edilene1523 • 3/12/2019 • Resenha • 2.746 Palavras (11 Páginas) • 245 Visualizações
RESENHA
O Feudalismo
(Hilário Franco Junior)
O processo de formação do Feudalismo foi bastante longo, devido à
crise romana do século III, passando pela constituição dos reinos germânicos
nos séculos V-VI e pelos problemas de Império Carolíngio no século IX.
Os aspectos mais importantes são: a ruralização da sociedade, o
enrijecimento da hierarquia social, a fragmentação do poder central, o
desenvolvimento das relações de dependência pessoal, a privatização da defesa,
a clericalização da sociedade e as transformações na mentalidade.
As grandes conquistas territoriais e o afluxo das riquezas provocaram
grandes alterações na sociedade e na economia latina, por exemplo, o grande
crescimento do número de escravos. Resumindo, os colonos eram juridicamente
homens livres, mas verdadeiros escravos da terra. A reforma monetária do
século IV criou um padrão-ouro para uso do Estado e um padrão-cobre que
atendia as necessidades dos pobres.
O terceiro aspecto é a fragmentação do poder central. Mais do que
isso, os próprios latifundiários foram ganhando atribuições anteriormente da
alçada do Estado. Por exemplo, no começo do século V os colonos foram
desligados da autoridade fiscal do Estado, que era delegada ao proprietário da
terra.
O quarto aspecto — o desenvolvimento das relações de dependência
pessoal — era o resultado lógico daquele quadro de isolamento dos grupos
humanos (devido à ruralização), de crescimento da distância social e da fraqueza
do Estado. Aliás, é próprio dos momentos de insuficiência das relações sociais
dentro do Estado, da tribo ou da linhagem, que alguns busquem segurança e
sustento junto a indivíduos mais poderosos, e outros busquem prestígio e poder
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junto a um grupo de dependentes. Apesar de derivado da instituição da clientela,
o patrocinium potentiorum dos últimos tempos do Império Romano criava laços
de dependência muito mais fortes. Da latinização deste termo surgiu vasslus, e
da do desdobramento gwassawl ("aquele que serve"), vassalus.
Quinto aspecto das origens do Feudalismo: a privatização da defesa. A
fragmentação política completou-se, pois a regionalização da defesa era uma
necessidade. Esse fenômeno acompanhava os progressos do cristianismo,
acentuando-se a partir do século IV com a vitória definitiva dessa religião.
Depois, como decorrência do fator anterior, somente o clero poderia realizar os
rituais da liturgia cristã. Também não se pode esquecer que o caráter
universalisía fazia da Igreja cristã a única herdeira possível do Império Romano.
Esta sociedade se expandia dentro da sociedade romana, acabando
por se identificar com ela quando em fins do século IV o cristianismo foi
reconhecido como religião oficial do Estado. Assim, o desaparecimento do
império, isto é, da face política da sociedade romario-cristã, não afetou a Igreja.
A chegada dos germânicos não alterou no essencial esse estado de coisas.
Perfeitamente integrada na economia agrícola da época, a Igreja passou a
receber e ceder benefícios. No século IX ela detinha, estima-se, uma terça parte
das terras cultiváveis da Europa católica. Por fim, um último aspecto a ser
considerado no processo da gênese do Feudalismo são as transformações na
mentalidade. Basta lembrar três daquelas mutações mentais: um novo
relacionamento homem-Deus, uma nova concepção do papel do homem no
universo, uma nova autoconcepção do homem.
Um dos elementos centrais da mentalidade clássica fora a harmonia do
homem com a natureza, o que criara condições para o desenvolvimento do
racionalismo. No paganismo clássico ele esti-vera diante de deuses sem o
sentido do Bem e do Mal, divindades próximas ao homem e que se
diferenciavam dele apenas pela imortalidade. Colocado entre as forças do Bem e
do Mal, no centro de um combate a que não poderia fugir, o homem jogava seu
destino. Cada vez mais, a partir do século III e mais claramente do IV, a
presença do demônio na vida cotidiana era para o homem da época uma
realidade palpável. Disso tudo decorria, naturalmente, uma nova visão do
homem sobre si mesmo. Por volta de fins do século IX ou princípios do X, as
estruturas feudais já se encontravam montadas.
Economicamente, o Feudalismo estava centrado na produção do setor
primário (agricultura), hegemônico em relação ao secundário (indústria) e ao
terciário (comércio e serviços). Da mesma forma, o latifúndio romano acabou
com o decorrer dos séculos por gerar a típica unidade de produção feudal, o
senhorio.
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