Problemas de construção e desconstrução de fronteiras e características organizacionais na transição de uma sociedade de ordem para o presente
Artigo: Problemas de construção e desconstrução de fronteiras e características organizacionais na transição de uma sociedade de ordem para o presente. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: julienny • 28/10/2014 • Artigo • 819 Palavras (4 Páginas) • 335 Visualizações
CONSTRUÇÃO E DESCONSTRUÇÃO DE FRONTEIRAS
E IDENTIDADES ORGANIZACIONAIS: HISTÓRIA E
DESAFIOS DO MCDONALD’S
RESUMO
Refl ete-se sobre os desafi os da construção e desconstrução de fronteiras e identidades organizacionais
na passagem da sociedade da ordem – com sua noção de fronteiras e identidades – para a modernidade
líquida, baseada em formas fl uidas. Para ilustrar tal passagem, utiliza-se um estudo de caso da corporação
McDonald’s, apresentando as fronteiras e identidades organizacionais que esta estabeleceu desde
seu surgimento, nos EUA, até se tornar uma das mais poderosas marcas globais. Toma-se o McDonald’s
como paradigmático do formato de negócios da moderna sociedade da ordem que perdurou no século
XX, fator determinante para a expansão da corporação. Entretanto, a partir da década de 1990, a corporação
passou a ser criticada por analistas de negócios, tendo ela própria assumido uma “crise de imagem”.
Aponta-se que essa crítica à rigidez do “sistema McDonald’s” é sinalizadora de uma transformação
mais ampla no formato social que alimentou e sustentou esse modelo de negócio, de bases fordistas e
suportado por uma estratégia de padronização.
Isleide Arruda Fontenelle
FGV-EAESP
ISLEIDE ARRUDA FONTENELLE
FRONTEIRAS E IDENTIDADES NA PASSAGEM DA
SOCIEDADE DA ORDEM PARA A MODERNIDADE
LÍQUIDA
O psicólogo Robert J. Lifton sugere o termo “eu proteu” –
uma alusão à fi gura mitológica de Proteu – como uma
maneira contemporânea de se pensar o sujeito moderno:
um eu maleável, multiforme, camaleônico, disposto
a assumir quantas identidades forem necessárias para a
sua sobrevivência social (Lifton, 1993). Tal proposta se
coaduna com a leitura do sociólogo Zygmunt Bauman,
na sugestão de uma “modernidade líquida” como o
atual ponto de chegada da era moderna, uma sociedade
que, à maneira dos líquidos e gases, poderia sofrer uma
constante mudança de forma quando submetida a fortes
pressões, já que,
os fl uidos não se atêm muito a qualquer forma e estão
constantemente prontos (e propensos) a mudá-la; assim,
para eles o que conta é o tempo, mais do que o espaço que
lhes toca ocupar; espaço que, afi nal, preenchem apenas
“por um momento”. (BAUMAN, 2000, p. 8).
Como leitores desses novos tempos, Lifton e Bauman
apontam para um processo de ruptura da “moderna sociedade
da ordem”, que perdurou por todo o século XX, em
que a noção de fronteira – física ou simbólica – se tornou
fortemente arraigada, bem como o seu correlato essencial:
a identidade. Assim, Bauman afi rma que
os tempos modernos encontraram os sólidos pré-modernos
em estado avançado de desintegração; e um dos motivos
mais fortes por trás da urgência em derretê-los era
o desejo de, por uma vez, descobrir ou inventar sólidos
de solidez duradoura, solidez em que se pudesse confi ar
e que tornaria o mundo previsível e, portanto, administrável.
(BAUMAN, 2000, p. 10).
É apenas aparentemente paradoxal, portanto, que a sociedade
moderna tenha visto emergir autores como Marx –
e seu manifesto de que “tudo que é sólido desmancha
no ar” – e o psicanalista vienense Freud, propondo-nos
que tão ampla seria a nossa capacidade de criar mundos
imaginários, múltiplas realidades, que poderia tornar
a modernidade um constante devir. Nesses autores, a
modernidade era uma promessa utópica contida na exigência
de Rimbaud: “Il faut être absolument moderne!”.
Mas, embora fosse essa a modernidade contida nas suas
leituras e registros utópicos, o que esses pensadores nos
legaram foi a crítica àquilo em que havia se transformado
esse estágio da modernidade: solidez, rigidez, ordem
a
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