TRABALHO SOBRE INTENÇÃO DE RUPTURA

O acervo de formulações que constitui a perspectiva da intenção de ruptura pode ser analisado de vários modos, mas neste livro a abordagem se limita a duas das contribuições especificas: a elaboração da equipe que construiu o Método Belo Horizonte e a reflexão de Marilda Iamamoto.

Qualquer que seja os processos de investigação acerca do desenvolvimento do Serviço Social a partir da década de sessenta permanecerá como um marco, pois aquele trabalho configurou a primeira elaboração cuidadosa no país, sob a autocracia burguesa, de uma proposta profissional alternativa ao tradicionalismo preocupada em atender a critérios capazes de aportar ao Serviço Social uma fundamentação orgânica e sistemática, articulada a partir de expressar os interesses históricos das classes e camadas exploradas e subalternas.

O trabalho da equipe de Belo Horizonte se baseava em construir uma alternativa global ao tradicionalismo, se plasmando na atividade da Escola de Serviço Social da Universidade Catolica de Minas Gerais, o método foi além da crítica ideológica, da denuncia epistemológica e metodológica e da recusa das praticas próprias do tradicionalismo, coroando sua ultrapassagem no desenho de um inteiro projeto profissional que fosse abrangente e dedicada a dar conta do conjunto de suportes acadêmicos para formação dos quadros técnicos e para intervenção do Serviço Social.

Seu passo inicial foi elaborar uma sumula critica ao tradicionalismo. Nesta sumula, a equipe formula ao que denomina de Serviço Social Tradicional, sendo considerado inadequado a realidade latino-americana, visualizada como resultante de características gerais, conseqüência do processo de desenvolvimento do sistema capitalista mas que assumem feições particulares a nível de cada país.

São demonstradas três ordens de reserva:

Ideopolíticas: onde critica-se sua aparente neutralidade que se traduz no desempenho das funções voltadas para a defesa de determinados interesses, assumindo um papel conservador.

Teórico-metodológicas: Aqui a realidade é concebida de modo abstrato e departamentalizado e os fenômenos sociais são explicados a partir de uma visão mutilada do mundo.

Operativo-funcionais: Não existe a preocupação de se delimitar as áreas prioritárias de atuação e o objeto é definido unilateralmente, ora referindo-se a realidade objetiva, ora a realidade subjetiva.

Esta critica ao tradicionalismo recorre toda a concepção tradicional e é para replicar ao conjunto do tradicionalismo que a equipe da escola mineira articula uma nova proposta profissional.

A partir disto, se define a base ideopolítica dessa nova projeção a partir da definição de objeto e objetivo, sendo o objeto da atuação profissional a ação social da classe oprimida, a ela se sincroniza os objetivos profissionais, sendo o meta a transformação da sociedade e do homem e os meios a conscientização, a capacitação e a organização.

O problema se estende ao objetivo meta. Atribuir a transformação da sociedade e do homem a uma profissão é equivoco já que só legitimamente pode ser posto como perspectiva histórica a enquadrar um projeto profissional. Verifica-se a ausência de qualquer qualificação ao sentido deste transformação, existe a carência de um mínimo de explicitação acerca do padrão societário que se deseja substituir a ordem estabelecida, assim como uma nítida projeção socialista.