Trabalho walras e comparaçao entre marginalistas
Por: Natália Lenza • 26/5/2015 • Trabalho acadêmico • 2.788 Palavras (12 Páginas) • 908 Visualizações
Léon Walras e o Compêndio dos Elementos da Economia Política Pura
Léon Walras nasceu na França, em 1834 e é um dos criadores da teoria da utilidade marginal, ele teve grande importância nos processos econômicos ao propor a sua matematização. Essa resenha tratará das lições de I a IV da obra “Compêndio dos Elementos de Economia Política Pura”, considerada uma das mais importantes do autor.
Walras começa a “Lição I” afirmando que a primeira coisa a se fazer quando se trata da economia política é definir a própria ciência, seu objeto, seu caráter, suas divisões e seus limites. Porém essa tarefa é muito difícil de fazer, por isso ele vai citar e criticar algumas definições anteriores que acha mais interessante e tentar fornecer a sua própria definição ao final da obra.
Ele começa a discussão analisando Quesnay e a Fisiocracia e chega à conclusão de que para esse grupo de economistas, a teoria do governo natural da sociedade é menos Economia Política do que ciência social, por isso, Fisiocracia tem uma definição muito vasta. Adam Smith, por sua vez, já propõe uma definição de Economia Política mais notável. Para ele a economia política propõe-se a dois objetos distintos: primeiro o de proporcionar ao povo um rendimento ou uma subsistência abundante a sua subsistência, ou proporcionar meios de consegui-los; segundo o de enriquecer simultaneamente o povo e o soberano. Dada essa definição, Walras propõe duas observações: primeira, a de que esses objetos não são da ciência propriamente dita. Portanto, a Economia Política não é o que Adam Smith define, pois, antes de tudo, o economista busca e descobre verdades puramente científicas. Segunda, a de que proporcionar ao povo um rendimento abundante e fornecer ao Estado um rendimento suficiente são coisas muito importantes, mas muito diferentes. Seria necessário manter a abundância da produção para ajudar o povo e retirar rendimentos dos particulares para a constituição do rendimento da comunidade. Logo, propiciar ao povo esse rendimento abundante consiste em agir de modo útil e fornecer ao Estado um rendimento suficiente, consiste em agir de modo equitativo, porém Adam Smith não se propõe a definir esses conceitos e, mesmo se definisse, deixaria de lado a verdadeira parte científica da Economia Política.
Já no que se refere a Jean-Baptiste Say, o objeto da Economia Política é o de conhecer meios pelos quais as riquezas se formam, se distribuem e se consomem. Essa definição é muito mais científica que a de Adam Smith, inclusive Say dá esse tom de ciência natural a toda a Economia Política, porém esse ponto de vista é falso, visto que o homem não é mais um animal qualquer, mas sim um ser dotado de razão e liberdade, capaz de discernir o bem e o mal e caminhar para o progresso. Sendo assim, a definição de Say é inferior a de Smith, pois é inexata. Além disso, as divisões resultantes dessa definição de que a teoria da propriedade e a do imposto são de caráteres diferentes. A primeira é moral e a segunda é natural. Muito se discutiu acerca disso por outros pensadores, mas Walras prefere definir ele mesmo a Economia Política, dividindo-a entre ciência, arte e moral.
Assim, através da distinção entre ciência, arte e moral que se inicia a “Lição II”. Walras usa a definição de Charles Coquelin para diferenciar ciência da arte. A arte “aconselha, prescreve e dirige”, pois tem como objeto os fatos que têm sua origem na vontade humana e, por esse motivo, cabe aconselhá-la, prescrever-lhe uma conduta e dirigi-la. Já a ciência, “observa, expõe e explica”, pois tem como objeto os fatos que têm origem na natureza e, sendo assim, não se pode fazer outra coisa além de observá-la e explicar seus efeitos. A Economia Política é uma interseção da arte com a ciência, sendo considerada uma ciência moral. A ciência natural trata de assuntos da natureza, já a ciência moral trata da vontade humana. Por último, falta diferenciar a arte da moral. Primeiramente, devemos pensar que a finalidade das coisas está subordinada à vontade das pessoas e que todas as pessoas exercem esse direito ao mesmo tempo. Dessa forma, as pessoas precisam interagir com as coisas e com as pessoas ao mesmo tempo. A interação com as coisas é considerada uma arte, uma ciência aplicada. Enquanto a interação com os outros indivíduos é regida pela moral e pelos costumes, ou ciência moral.
A “Lição III” trata da ideia de riqueza. Riqueza social é o conjunto de coisas materiais ou imateriais que são raras, que por um lado são úteis e que existem à nossa disposição em quantidade limitada. Sendo que essas coisas são úteis desde que atendam a uma necessidade e/ou permitam satisfação. Essas coisas são raras de modo que nem todas as pessoas podem encontra-las ao seu alcance para satisfazer as suas necessidades. As coisas que não são raras, em geral, não fazem parte da riqueza social, mas podem passar a fazer em algum momento. Além disso, a raridade e a abundância não se opõem uma à outra, uma coisa é rara desde seja útil e tenha sua quantidade limitada.
Outro ponto importante é o fato de que as coisas úteis limitadas em quantidade são apropriáveis, ou seja, é possível que certo número de pessoas recolha essa quantidade das coisas úteis, de forma que não sobre para mais ninguém. Após essa apropriação é possível que essas pessoas troquem seus excedentes por outras coisas limitadas das quais necessitam, ou seja, elas são permutáveis, pois, após a sua apropriação, possuem valor de troca. Além disso, as coisas úteis limitadas são produzíveis ou mutiplicáveis industrialmente é há interesse nessa multiplicação. Sendo assim, o valor de troca, a indústria e a propriedade são os três fatos gerais derivados da limitação das quantidades e pela raridade das coisas, a riqueza social é protagonista desses fatos.
As coisas possuem um valor de troca após a sua apropriação e todas as pessoas realizam trocas diariamente. Essas trocas são feitas no mercado, o local aonde se fazem certas trocas especiais. O autor parte, então, para o exemplo do trigo. Considerando que o hectolitro de trigo vale 24 francos, esse primeiro fato possui um caráter de um fato natural, sendo que esse valor não depende nem da vontade do comprador, nem da do vendedor. O valor de troca é um fato natural e é determinado pela quantidade e raridade das coisas úteis. As pessoas têm poder sobre o preço das coisas quando, por exemplo, destroem parte de uma plantação de trigo, diminuindo a sua quantidade ofertada e, consequentemente, aumentando seu preço.
Walras ainda prova, através de equações matemáticas, que o valor de troca é uma grandeza avaliável, logo matemática. Sendo assim, a Economia Política Pura, ou teoria da riqueza social, pode ser considerada uma ciência matemática. Essa economia política pura deve tomar da experiência tipos de troca, de oferta, de demanda, de mercado, de capitais, de rendas e de setores produtivos. Desses tipos reais deve abstrair tipos ideais e raciocinar sobre esses últimos, só retornando com uma ciência feita e tendo em vista aplicações. Essa ciência deve fornecer solução a problemas mais importantes de Economia Política Aplicada e de Economia Social.
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