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A Evolução do Conceito de Homem Moderno na Sociedade Com o Surgimento dos Manifestos Contra Padrões

Por:   •  2/3/2020  •  Artigo  •  2.912 Palavras (12 Páginas)  •  224 Visualizações

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A evolução do conceito de homem moderno na sociedade com o surgimento dos manifestos contra padrões


Resumo

Este trabalho destacou a transformação do conceito de homem moderno, levando em consideração a reflexão sobre o real significado do ser homem na sociedade. Estudamos filmes comerciais da Mash lançados nos anos de 2008, 2009, 2016, 2017 e 2018, tanto quanto comparamos sua rival no segmento, a Lupo. Para esta, estudamos casos dos anos de 2013 e 2017.

Palavras-chave: Mash, masculino, padrão de beleza, comportamento, estereótipo, consumidor.

Introdução

Desde os primórdios da comunicação, a mídia busca vender aquilo que, no seu próprio conceito, acredita ser agradável aos olhos, desde padrões de comportamento, vestimenta, fala e até mesmo, ser. Durante muito tempo nós enquanto público, buscamos absorver e levar em consideração tudo que nos foi dito como regra, sem considerar exceções. Entretanto, nos últimos anos, notaram-se mudanças no comportamento da sociedade em relação a si mesma e, para acompanhar esse processo, em vez de ditar o que deve ser feito, as empresas juntamente com seus meios de comunicação tiveram que se ajustar à reação do público que não se sente representado e busca uma nova perspectiva, não se agradando com o que um dia já fora fortemente imposto. Logo, a comunicação buscou meios para lidar com esse antigo consumidor que não se importava em ser invisível, ao mesmo tempo em que buscava visibilidade, já que, de certa forma, era esse público seu fiel consumidor, aquele que sabia que não se encaixava no padrão que lhe foi mostrado, mas que almejava, levando-se a crer que comprando o produto ofertado fantasiosamente, poderia chegar ao padrão que era visto através de seus olhos. Como disse Theodor Adorno e Max Horkheimer no texto A Indústria Cultural: O Esclarecimento Como Mistificação das Massas:

Os padrões teriam resultado originalmente das necessidades dos consumidores eis por que são aceitos sem resistência. De facto, o que o explica é o círculo da manipulação e da necessidade retroactiva, no qual a unidade do sistema se torna cada vez mais coesa (ADORNO; HORKHEIMER, 1947, p. 01).

 Neste caso, pesquisas tiveram que ser realizadas com um novo intuito, o de se adequar ao público que surgira e não o contrário, visto que, segundo a Accenture[1], 83% dos consumidores brasileiros preferem adquirir produtos e serviços de empresas que se posicionam em relação a causas alinhadas a seus valores e crenças pessoais, agora os meios de comunicação deveriam se movimentar de forma diferente, com nova abordagem para que seu consumidor se visse refletido no que era propagado e continuasse a adquirir seus produtos.  

Não muito diferente disso a Mash, empresa varejista de roupa íntima masculina, tinha uma abordagem não pouco sutil em relação ao seu público de 2008. Seus comerciais denotavam sensualidade, seus homens sarados, altos, brancos, usando apenas uma peça de roupa mostrava que não importa o que você fizesse ou como se comportasse, se fizesse algo desagradável não haveria represálias, desde que usasse uma das cuecas Mash teria o perdão e atenção de todas as mulheres ao seu redor. Em 2015 a empresa decidiu excluir todo o conteúdo de suas redes sociais, informando que a antiga abordagem já não se adequava à atual identidade, não mais representava o que a empresa é. Houve uma revolução perceptível na comunicação da Mash, seus comerciais já não eram mais os mesmos e tampouco pareciam se comparados, pertencentes à mesma marca.

Buscamos identificar estas mudanças e qual sua causa e efeito, analisando os filmes comerciais da Mash que atualmente está mais forte no mercado por consequência de sua escolha de reforma, tanto quanto compará-la à sua concorrente Lupo, que ainda hoje permeia insistente na mesma abordagem comercial e ainda que estruturadas em estereótipos antigos, se encontra estável no mercado. Usando também como base os Estudos Culturais e Meios de Comunicação de Massa de Theodoro Adorno e Horkheimer.


  1. Estereótipo de beleza masculina

Sabemos que as mulheres são as mais expostas quando o assunto é padrão de beleza. No entanto, esquece-se de relembrar que também homens se sentem insatisfeitos com seus corpos, comportamento ou preferências, principalmente quando se trata de homossexuais, visto que sofrem maior pressão cultural e sexual para se adequar a um padrão seja de peso e, principalmente, masculinidade.

Hoje, no Brasil, espera-se que um homem, para estar no padrão de beleza, seja o típico lenhador. Com muitos pelos, másculo, cabelos compridos e corpos sarados. Porém, mesmo que este mesmo homem goste de filmes românicos, seja emotivo e não se agrade em futebol, é suficiente para não ser visto como homem de verdade, não é másculo o suficiente e se utiliza de uma máscara. Homens não podem demonstrar emoções, não podem ser sensíveis, estão proibidos de demonstrar afetos. Até mesmo tais comportamentos entraram como padrão do que é ser homem e são usados como justificativa para realmente se esconder, se justificar. A Mash fora uma empresa cujo o único propósito, como de costume, era vender essa mitificação de padrão masculino. Seus comerciais continham homens de padrão europeu. Tal estereótipo ainda emerge na mente de algumas pessoas que procuram, em seus meios sociais, pessoas de tal perfil para se relacionarem, na crença de que dessa forma, é natural que ocupe espaços da elite ou ainda, alcance um pedestal mais alto no seu grupo.

No contexto brasileiro atual, homens se incomodam com a pressão social sobre ter o famigerado padrão, mas ainda assim lutam para se adequar a ele em vez de lutar contra ele, pois acreditam que se está ali, à vista da sociedade e é aceito por tal, então é real e deve ser considerado como lei, devemos seguir os padrões e fazer o possível para se aquedar ao que é mostrado em nossas redes sociais e nos comerciais para então, ser aceito e amado por todos ao nosso redor, mesmo que não sejamos conhecidos pela maioria deles. O sistema de mídia é ideológico, em seu texto Adorno e Horkheimer (1947) afirmam que a promessa da obra de arte de instituir a verdade imprimindo a figura nas formas transmitidas pela sociedade é tão necessária quanto hipócrita. Ela coloca as formas reais do existente como algo de absoluto, pretextando antecipar a satisfação nos derivados estéticos delas. Nessa medida, a pretensão da arte é sempre ao mesmo tempo ideologia.

Concordamos que deveras há homens que se encaixam no estereótipo masculino que foi e ainda é mostrado pela mídia para que seus produtos sejam vendidos demasiadamente, porém não há homem perfeito, inda que seu corpo seja escultural, seus cabelos compridos, sua estatura seja adequada, homens são humanos, possuem sentimentos que deveriam ser valorizados, possuem gostos que não se encaixam no que foi decretado como ser homem de verdade e isto é um contexto que deve ser estudado para ser aceito por todo o público de modo geral. Visto a importância de valorizar a autenticidade do indivíduo, respeitar suas escolhas e gostos sem diminuir sua personalidade usando de justificativa sua não adaptação ao padrão pertencente a um grupo excludente ou possui alguns poucos membros e nenhum possui a verdade, pois a verdade é individual, pessoal e não deve ser generalizada baseando-se no quanto possuímos ou em quais pessoas temos em nossos meios sociais. O padrão bad boy[2] já não está mais em alta como nos anos anteriores. A mudança não deve ser encarada como valores que são deixados para trás, mas como a realidade de ser o que quisermos sem a pressão de agradar a todos o tempo todo.

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