A ODISSÉIA DAS EMPRESAS "X" E SEUS BASTIDORES

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE ECONOMIA

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ECONOMIA

DISCIPLINA ESTRATÉGIA COMPETITIVA

EDILSON VASCONCELOS RIBEIRO JÚNIOR

A ODISSÉIA DAS EMPRESAS “X” E SEUS BASTIDORES

SALVADOR

2014

A ODISSÉIA DAS EMPRESAS “X” E SEUS BASTIDORES

Edilson Vasconcelos Ribeiro Júnior

RESUMO

O presente artigo está calcado na leitura do livro Ascensão e Queda do Império X, de Sergio Leo (2014), que narra a história de Eike Batista um empreendedor nato e de notável sucesso e a sua trajetória de ascensão, e conseqüente desmoronamento de seu enorme conglomerado de empresas, que em um curto espaço de tempo consolidou um dos maiores conglomerados do Brasil e protagonizou sua derrocada. Eike tinha como meta se tornar o homem mais rico do mundo, e em pouco mais de um ano, US$ 34,5 bilhões viraram pó e ele mergulhou numa crise sem precedentes. As jogadas de marketing de Eike denotam como o superfaturamento das expectativas e a falta de notícias se combinou com falsas promessas, o que agigantou os erros gerenciais que comprometeram de um modo imutável a saúde das suas empresas e as falhas no mercado de valores que fomentou vender sonhos utópicos.

Palavras – Chave: conglomerado, crise, empreendedor, superfaturamento,

ABSTRACT

This article is underpinned by the reading of the book The Rise and Fall of the Empire X, Sergio Leo (2014), which tells the story of a born entrepreneur Eike Batista and remarkable success and his path of ascent, and the consequent collapse of its enormous conglomerate, which in a short space of time has consolidated one of the largest conglomerates in Brazil and starred in a cave. Eike had the goal to become the richest man in the world, and in just over a year, US $ 34.5 billion turned to dust and he plunged into an unprecedented crisis. The marketing pitches Eike denote as the overpricing of expectations and the lack of news was combined with false promises, which loomed managerial mistakes committed an unchangeable way the health of their companies and the flaws in the stock market that fostered sell utopian dreams.

Key Words: conglomerate, crisis, entrepreneur, overpricing.

1 - INTRODUÇÃO

Eike Batista, Filho de um ex-ministro e ex-presidente da maior mineradora do país, a Vale do Rio Doce, Eliezer Batista, considerado um dos mais notáveis estrategistas do país, é uma lenda na história econômica brasileira, um marco da exploração dos recursos minerais e da infraestrutura do país. Foi pioneiro ao usar a logística – estradas, portos e navios – para exportar matéria-prima. Eike, na infância, manteve a distância do pai, que deixou a tarefa de criar só os sete filhos à Jutta Fuhrken, sua esposa. Mulher exigente, nascida em 1931 em Hamburgo, na Alemanha, criou os filhos praticamente sozinha na Europa, com uma rígida disciplina. O grupo EBX deve seu breve êxito à personalidade de seu fundador. O tombo espetacular do empresário também teve raízes na recusa do próprio Eike em aceitar conselhos para moderar suas ambições. O fracasso de Eike carrega consigo histórias contadas pela metade, baseadas em uma mitologia não raramente estimulada pelo próprio empresário, que induziram os observadores a verem o que não existia.

O próprio executivo informa ter começado sua carreira na mineração como intermediário, em troca de comissões, da venda de diamantes do Brasil para o exterior. “Fiz o dinheiro girar sessenta vezes, e sobraram 10% para mim; com 22 anos, estava com US$ 6 milhões”, lembrou Eike, em 2009, no programa “Marília Gabriela Entrevista”, para a jornalista Marília Gabriela.O empresário, aos 24 anos, mostrava seu estilo de negócios ao mobilizar a rede de relações facilitada pela condição de filho de Eliezer Batista, Eike buscou sócios para patrocinar sua empreitada. Os primeiros investidores foram joalheiros do Rio de Janeiro.

Crédito farto, know-how, investidores interessados e demanda garantida, com a perspectiva adicional de se obter vantagens do governo, essa combinação se repetiria em muitos dos projetos seguintes do fundador do grupo EBX. O maior patrimônio de Eike era sua capacidade de obter capital para financiar projetos e suas qualidades de vendedor bem-relacionado, corajoso, ousado, com boas conexões em Brasília. Em 1985, passou a ser o presidente do Conselho de Administração da companhia, depois rebatizada de TVX Mining e, afinal, TVX Gold. Estava assim, lançada a primeira das empresas X. Aprendeu com os canadenses a usar o mercado de capitais para dar sustentação aos projetos de investimento. Sem dúvida, a TVX foi um grande sucesso, mas de propaganda. De fato, traz em sua história marcas do império EBX, de um lado, a ousadia de lançar projetos ambiciosos; mas, de outro, a capacidade de entusiasmar investidores, nos bancos e nas bolsas, com o anúncio de reservas valiosas que, afinal, frustram as expectativas. Foi o que se passou no mercado de ouro, há mais de dez anos, e no de petróleo e gás, mais recentemente.

A eBX Express Brasil, empresa do ramo de encomendas expressas, começava com a fusão de cinco empresas de encomendas regionais existentes – Speed Cargo, Epatil, Hot Service, Post Card e InterCouriers – para servir à crescente demanda por transporte de mercadorias compradas pela internet. Entre as inúmeras aventuras malsucedidas, podemos citar a FLX Consultoria e Franchising, franquia Clarity, aberta em 1994, mas já em 1996 respondia a processos na Justiça. Encantados com o glamour propagandeado por Eike, muitos franqueados da Clarity imergiram em um negócio sobre o qual não tinham nenhum conhecimento, esperando que a competência do bilionário os guiasse. Em 2001, Eike desistiria da Clarity.