A PERSUASÃO: ESTRATÉGIAS PARA UMA COMUNICAÇÃO INFLUENTE
Por: Tony Pasquel • 12/7/2022 • Dissertação • 1.787 Palavras (8 Páginas) • 109 Visualizações
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RESENHA CRÍTICA
A PERSUASÃO: ESTRATÉGIAS PARA UMA COMUNICAÇÃO INFLUENTE
Dhárcules Pereira Moreira¹
Rio Branco, 26 de maio de 2022
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
MARSILLAC, Narbal de. Percepção ou Persuasão: análise retórica das pré- persuasões, Rétor, v.11, n.1, p.: 1-23, 2021
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APRESENTAÇÃO DO AUTOR DA OBRA
Narbal de Marsillac, possui graduação em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ (1996), mestrado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC/RJ (1999), especialização em psicanálise pelo Instituto Brasileiro de Medicina de Reabilitação - IBMR (2001) e doutorado em Filosofia pela Universidade Gama Filho - UGF (2003).
Atualmente é professor associado da Universidade Federal da Paraíba - UFPB, vinculado ao Departamento de Filosofia e professor do curso de mestrado e doutorado em Ciências Jurídicas e em Filosofia da mesma instituição. Foi professor visitante na Université Laval, Québec, Canadá, em 2016 e no Massachusetts Institute of Technology - MIT, Cambridge, MA, Estados Unidos, em 2019.
Tem experiência como professor de Retórica e Teorias da Argumentação, Ética, Filosofia Política e Jurídica, atuando principalmente nos seguintes temas: relações entre Retórica e Filosofia, Hermenêutica e Teorias da Argumentação, Retórica e Filosofia do Direito e Retórica, Psicanálise e Direitos Humanos.
Sócio fundador e presidente da Sociedade Brasileira de Retórica - SBR (2019- 2020) e membro do Gt Filosofia e Direito e do Gt Filosofia e Pragmatismo Americano da Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia - ANPOF. Líder do grupo de pesquisa Retórica, Hermenêutica e Direitos Humanos e do grupo Retórica, Psicanálise e Filosofia, desenvolvendo pesquisa nessas áreas desde 2006.
PERSPECTIVA TEÓRICA DA OBRA
Trata-se de um artigo atual, publicado em 2021, que teve por propósito explicitar o papel da persuasão frente a fundamentação de questões como o que se considera ser, bem, verdade, belo, nós, nas quais, segundo o autor, existe a persuasão que relativiza as respostas e até mesmo os questionamentos. O artigo está fundamentado nos escritos de Charles Perelman, considerado um dos mais importantes teóricos da Retórica no século XX, que afirma que a lógica governante de argumentos não formais poderia ser derivada de princípios de teoria retórica e de considerações sobre os valores de uma audiência em particular.
BREVE SÍNTESE DA OBRA
Em um primeiro momento, o autor introduz temática persuasão, afirmando que o ser humano é sugestionável, e, portanto, passível de persuasão. Existe retórica, persuasão e argumento em tudo que se faz e no que se é, e, portanto, nas diversas interpretações do mundo e de si mesmo. A ideia seria falar bem da retórica e da inevitabilidade de sua presença em tudo que se é e que se pensa. Retórica é entendida como arte da eloquência, de bem argumentar, ou de utilizar a palavra.
Introduz ainda o discurso de Perelman, que afirma que ainda que não se consiga a anuência de todos, aqueles dissidentes ficariam reféns da desqualificação permanente. Portanto, não há como escapar da retórica, ou seja, ser é estar persuadido. A persuasão se mostraria como mais originária que a percepção por revelar uma interpretação, uma emoção, uma performance, onde existem sistemas filosóficos carregados de retóricas persuasivas, privilegiadas e definitivas, de Deus,
do mundo e do ser humano. Explica-se pelo conceito de Deus que pode ser reinterpretado, já que não existe um conceito definitivo, apenas persuadido.
Em um segundo momento, o autor discursa sobre a persuasão e a percepção, afirmando que a temática já foi alvo de diversos teóricos, havendo inclusive um paradoxo, que quanto mais persuasiva a percepção, menos se percebe seu caráter persuasivo, fazendo com que se converta em evidência. Quando alguém faz um discurso persuasivo, quanto mais persuasivo ele é, maior é seu teor de persuasão, pois sendo convincente, oculta sua retórica e as estratégias argumentativas naturalizam a fala e os argumentos, ocultando o caráter de escolha e de artificialidade. O autor argumenta que quem diz, o que diz, e para quem diz fala sobre o discurso que reforça a necessidade da compreensão e interpretação do que vem de uma fonte, levando uma mensagem e entregando a uma audiência, com o intuito de persuadir, para ocultar ou mascarar evidências ou percepções objetivas. Defende ainda, com base em Burke, que a razão de todo discurso é persuadir. Portanto não existem verdades definitivas, mas pretensões provisórias mais persuasivas. A
persuasão é o fazer próprio da retórica.
Logo em seguida, o autor passa a falar da consciência de si e do mundo frente ao circulo retórico. Ele acredita que não há espaço para a dúvida ou ambiguidade, pra escolha ou decisão sobre as informações que chegam aos sentidos. Tudo se apresenta como supostamente é em si mesmo e que um ser humano raso, não consegue refutar, nem suspender suas percepções. Pode apenas calibrar, corrigir, precisa, mas não pode desconsiderar a persuasão.
Dá o exemplo do cabo de vassoura, que ao ser mergulhado em água parece se dobrar, e o ser entende ser apenas uma ilusão, portanto, cada percepção depende do grau de persuasão a qual está exposto. Entende-se então que existir, enquanto ser consciente de si, é estar primitivamente persuadido de si, ou seja, de se ter um self.
Ao falar sobre pré-persuasões, indica que essa perspectiva denota um diálogo entre a dúvida e a pluralidade que pede cada vez mais um senso crítico, que segundo Perelman apresenta-se como permanente possibilidade de desfamiliaridade,
inconstância, fazendo da linguagem persuasiva uma flutuação de compreensão do ser e do mundo. É como ser um poeta e fazer rimas sem rimar, é ver beleza na palavra e dar sentido ao retórico. Tudo se transforma, inclusive o ser humano, e o plural passa ser habitual, sendo as possibilidades de persuasão infinitas.
Dessa maneira o ser humano faz escolhas de determinadas pessoas, programas, filmes, notícias, sites, jornais ou revistas, shows, livros ou cursos, etc., e se evita os demais para preservar o equilíbrio harmonioso de crenças fundamentais, de pré-persuasões e pré-dissuasões, e daquilo que é pré-admitido.
O autor conclui dizendo que as teorias já são amplamente debatidas e que a percepção é o que persuade o ser humano sobre o mundo e sobre si mesmo, o que se justifica na mesma medida em que, com o uso da retórica, aumenta-se a força persuasiva dos discursos.
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