ATPS Desenvolvimento Economico
Artigo: ATPS Desenvolvimento Economico. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: marcioflay • 22/10/2014 • 5.677 Palavras (23 Páginas) • 286 Visualizações
O IMPACTO DA DEPRECIAÇÃO E DA INFLAÇÃO EM ANÁLISES DE INVESTIMENTOS EM PROJETOS
Resumo
Um processo de avaliação de investimentos realizado de forma satisfatória é essencial para que a empresa aplique seus recursos de capital em projeto corretos, que efetivamente trarão os resultados estimados durante a análise. Para isto, faz-se necessária a quantificação correta e adequada dos componentes do fluxo de caixa, assim como a quantificação da depreciação e do impacto tributário do imposto de renda e da inflação nas análises econômico-financeiras. O objetivo deste trabalho é avaliar diferentes formas de incorporação da inflação nas avaliações, fazendo também uma discussão sobre o papel da depreciação e seu impacto junto à inflação. O artigo aponta duas formas de incorporação da inflação nas análises; a forma homogênea, onde todos os componentes do fluxo de caixa são afetados pelo mesmo índice de inflação, e a forma heterogênea, onde cada componente do fluxo de caixa é atualizado a partir de um índice diferente. Como resultado aponta-se o impacto destes dois diferentes conceitos nas análises, indicando a necessidade dos gestores atentarem para a questão da inflação quando das análises de seus projetos.
Palavras-chave: Análise de investimentos, depreciação, inflação
1 Introdução
A análise de investimentos tem se tornado cada vez mais importante, devido às modificações que atingem diversos países. Políticas diferenciadas de suprimentos, forte competição internacional e o rápido avanço da tecnologia são exemplos destas modificações que fazem com que os gerentes das empresas que almejam se manter competitivas no mercado trabalhem de forma sistêmica e dinâmica (ALBERTON et al., 2004).
No que tange ao processo de análise de investimentos alguns autores destacam o excesso de trabalhos que buscam discutir somente os métodos de avaliação de investimentos propriamente ditos, em detrimento de questões como a qualidade das informações consideradas nas análises (GALLINGER, 1980; FARRAGHER et al., 1999). Obviamente, a seleção de um adequado método de avaliação é essencial para o sucesso do processo de decisão, porém deve-se saber que o sucesso de uma análise depende, também, da melhoria do processo de investimento como um todo, considerando outras etapas anteriores e posteriores à avaliação, dentre elas a correta estimativa do fluxo de caixa econômico-financeiro do projeto (SOUZA, 2008).
Kliemann (2006) destaca que uma “má análise de uma boa alternativa de investimento é melhor do que uma boa análise de uma má alternativa de investimento”. O que autor aponta é que, antes da discussão propriamente dita dos métodos de avaliação econômica de investimentos, deve-se procurar organizar o processo como um todo para permitir que as avaliações sejam feitas com dados coletados corretamente e com o envolvimento de pessoas preparadas. A partir disto, percebe-se uma necessidade de aprofundamento das discussões sobre alguns componentes que geram grande impacto no fluxo de caixa de projetos e, conseqüentemente, acarretam em grande impacto nas decisões finais das empresas: a incorporação da depreciação dos ativos e da inflação nas análises de investimento.
A depreciação pode ser contabilmente definida como uma despesa relativa à perda de valor de um determinado bem. Esta depreciação pode ser acarretada pela deterioração do bem ou pela obsolescência do mesmo, por exemplo (CASAROTTO FILHO; KOPITTKE, 2000). Existem alguns métodos para calcular o valor a ser depreciado do bem anualmente. O método mais utilizado e aceito pelo governo é o chamado Linear, onde o valor de aquisição do bem é dividido pela sua vida útil contábil, conforme Equação (1).
(1)
onde:
valor a ser depreciado anualmente pela empresa;
preço de compra do bem;
vida útil do bem em anos.
Destaca-se que a depreciação não deve ser considerada um desembolso, pois o valor calculado não se classifica como uma saída de dinheiro efetiva. Porém, a depreciação é uma despesa, sendo assim passível de ser abatida das receitas finais do período de trabalho da empresa, diminuindo, conseqüentemente, seu lucro tributável. Esta redução do lucro tributável da empresa acarretará também na redução do imposto de renda a ser pago, este por sua vez um desembolso real da empresa (CASAROTTO FILHO; KOPITTKE, 2000). Estas considerações têm impacto direto no fluxo de caixa de um investimento e, no contexto de avaliação de investimentos, devem ser levadas em consideração.
Para a definição da vida útil de determinado bem, a legislação fiscal adota certos parâmetros, restringindo a liberdade das empresas para a definição da taxa de depreciação. Isto é feito pois, em caso contrário, a tendência das empresas seria de depreciar o bem o mais rapidamente possível, para que o benefício fiscal se realize o quanto antes, como será discutido ao longo do artigo.
A questão da forma de incorporação da inflação também é um ponto importante quando se está avaliando investimentos. O objetivo principal de uma análise de investimentos é projetar um fluxo de caixa o mais próximo possível da realidade de sua implantação, para que o resultado deste investimento possa ser previamente quantificado, auxiliando na tomada de decisão (GALESNE et al., 1999). Desta forma, percebe-se que a consideração da inflação nas análises de investimento é algo mandatório e, caso não adequadamente considerada, poderá ter impacto muito representativo no resultado final.
O objetivo principal deste artigo é discutir a importância da incorporação da depreciação e de inflação em análises de investimentos, buscando discutir as diferentes formas de incorporar tais parâmetros, fazendo uma análise crítica do impacto causado por elas. A seção seguinte apresentará uma discussão teórica, amparada por exemplos práticos.
2 A incorporação da depreciação e da inflação nas análises de investimentos
O fluxo de caixa do projeto é montado a partir dos dados de investimentos, receitas e custos do projeto. Ao reunir estes dados o avaliador terá a sua disposição o que se chama de Fluxo de Caixa Antes do Imposto de Renda (FCAI), ou seja, terá o resultado bruto do projeto, sem
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