Análise Do Mercado Financeiro
Monografias: Análise Do Mercado Financeiro. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: rmfranco • 15/11/2014 • 3.160 Palavras (13 Páginas) • 346 Visualizações
Nessa série de três artigos, teremos como objetivo mostrar aos nossos leitores como um de seus principais ensinamentos – sua Teoria dos Ciclos Econômicos – pode ser utilizado no acompanhamento e análise do mercado financeiro. Ou seja, estaremos expondo parte da metodologia usada em nosso trabalho, de forma que nossos leitores possam compreendê-la e também utilizá-la.
No primeiro artigo iremos expor resumidamente os argumentos fundamentais da Teoria Austríaca dos Ciclos Econômicos (TACE), bem como as três tendências cíclicas fundamentais que movem os fundamentos do mercado. No próximo artigo analisaremos os movimentos da fase ascendente do ciclo e no artigo final analisaremos os movimentos da crise. Assim, o primeiro artigo será mais introdutório, ao passo que os próximos lidarão mais com aspectos práticos.
O que argumenta a TACE (Teoria Austríaca dos Ciclos Econômicos)?
Ciclos EconômicosO leitor-investidor talvez já tenha constatado que o mercado opera em ciclos.
Estes ciclos econômicos faz com quem durante alguns anos ele sobe continuamente, apesar de apresentar algumas correções normais no decorrer do caminho.
No entanto, repentinamente ocorre uma crise - seja no mercado local, seja nos mercados internacionais- e as bolsas desabam. E depois de um doloroso ajuste (sentido principalmente pelos investidores despreparados), há uma recuperação e um novo ciclo.
Contudo, qual é a natureza desses ciclos econômicos?
Diversas teorias já foram propostas, desde teorias que associavam o fenômeno às manchas solares [1], passando por teorias que culpam os mercados financeiros “desregulamentados”, as “contradições do sistema capitalista” e os “espíritos animais” dos investidores.
No entanto, a única teoria que passa pelo crivo do raciocínio lógico é a TACE, a qual nós resumiremos a seguir.
Aumento da Oferta Monetária
A TACE propõe que os ciclos econômicos são causados devido ao aumento da oferta monetária provocado por um sistema financeiro organizado por um Banco Central.
Esse aumento na oferta monetária inicialmente permite:
- uma expansão do crédito,
- quedas na taxa de juros,
- uma redução do desemprego
- e um aumento nos investimentos, principalmente naqueles orientados mais para o longo prazo.
Em meio à euforia criada, só há um problema – apenas dinheiro foi impresso.
InflaçãoA oferta, seja de bens de consumo, seja de fatores produtivos, não aumentou.
Como um resultado, a economia começará a sofrer com problemas inflacionários conforme essa nova moeda vai sendo recebida e gasta pelos trabalhadores, pelos donos dos demais fatores produtivos e por todos aqueles que recebem lucros extras em seus empreendimentos.
Conforme a inflação avança, o mercado espontaneamente elevará as taxas de juros (coisa que o Banco Central tenta impedir quando mantém metas artificialmente baixas para a taxa de juros). Os credores, preocupados com seu rendimento real (descontado da inflação), começarão a exigir taxas de juros cada vez maiores.
Durante certo tempo, encontrarão demanda suficiente, uma vez que no período de euforia diversos projetos de investimentos foram iniciados, e seus responsáveis não querem que seu capital deixe de trazer algum retorno.
Conforme a inflação e as taxas de juro sobem, mais difícil é para os empresários manterem todos os projetos de investimento em andamento.
Os preços das matérias primas básicas e da mão de obra começarão a subir muito em relação aos preços dos produtos vendidos, podendo até, no limite, ultrapassá-los.
Os preços dos bens de consumo também irão disparar nos estágios mais avançados do processo.
Inevitavelmente, em algum momento, a crise chegará.
A escassez de fatores produtivos a preços economicamente viáveis fará com que diversos projetos de investimento iniciados no período de euforia sejam abortados.
Haverá inadimplência, contração do crédito e deflação monetária.
A preferência pela liquidez será extremamente elevada. O pânico tomará conta dos mercados até que os preços dos fatores produtivos caiam em relação aos preços dos produtos e até que recursos sejam removidos dos projetos menos fundamentados (principalmente os de prazo mais longo) em direção a projetos cuja demanda seja capaz de sustentá-los.
As Três Tendências Fundamentais
Em linhas bem gerais é nisso que consiste o ciclo econômico. Teremos a oportunidade de explorar alguns detalhes nos próximos artigos, mostrando como um investidor pode se aproveitar desse conhecimento em cada um dos momentos do ciclo. Agora, entretanto, devemos elucidar as três tendências fundamentais que modificam a estrutura produtiva ao longo do ciclo.
As três tendências são o movimento da taxa de juros, o movimento das taxas de lucro das empresas dos diferentes setores e o chamado “Efeito Ricardo” [2]. É importante para o investidor conhecer suas origens e seus efeitos para saber interpretá-las em cada momento do ciclo.
Taxa de Juros
Taxa de JurosA taxa de juros é um preço que se forma devido ao fenômeno lógico que os economistas chamam de “preferência temporal”.
O último consiste na simples constatação de que, considerando tudo mais constante, qualquer agente prefere bens presentes a bens futuros prospectivos.
A razão lógica para isso é o fato de que nenhum agente é capaz de atingir todas as finalidades que deseja ao mesmo tempo – ele sempre acaba tendo que definire ordenar suas preferências. Dessa forma, qualquer coisa que auxilie o agente a atingir finalidades mais rapidamente obtém um valor superior a algo que o auxilie apenas no futuro.
As taxas de juros se formam levando em conta todos os mercados nos quais bens futuros são trocados por bens presentes. Ou seja, não apenas os mercados de empréstimo, mas toda
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