DESCOBRINDO-ME PROFESSORA DE JOVENS E ADULTOS NA EXPERIÊNCIA DE ALFABETIZAÇÃO DE IDOSOS
Por: ddavidd • 19/6/2019 • Artigo • 4.404 Palavras (18 Páginas) • 252 Visualizações
DESCOBRINDO-ME PROFESSORA DE JOVENS E ADULTOS NA EXPERIÊNCIA
DE ALFABETIZAÇÃO DE IDOSOS1
Maria de Jesus Ferreira César de Albuquerque
Centro de Educação / UFPE
RESUMO
Procuro evidenciar neste artigo o caminho percorrido durante nosso aprendizado de professores alfabetizadores de
jovens e adultos, que se mostra inacabável e – porque não dizer? –inconcluso, pois essa é a condição do ser
humano e é também o que o diferencia dos outros animais. O caminho que percorri se apresenta sob a forma de
“diário etnográfico”, permitindo o acompanhamento das próprias ações e suas implicações no meio onde nos atuamos
Nesse trajeto, procuramos evidenciar o conhecimento e reconhecimento de bases teóricas e suas experimentações na
prática por meio dos encontros vivenciados com os referidos alunos, recognificando e reconstruindo o meu
processo de aprendizagem na relação professor-aluno. Ao tecer esse rumo, levando em consideração a relação
estabelecida entre educador-educando e educando-educador, experimentamos um caminho de humanização com as
pessoas envolvidas, buscando as possibilidades para assumir nosso papel no processo da dinâmica social como
professores
Palavras-chave: diário etnográfico, aprendizagem, humanização.
ABSTRACT
I look for to evidence in this article the way covered during my learning of teacher of young and adult persons,
what reveals endless and - because not to say? - inconclusive, therefore this is the condition of the human being
and is also what it differentiates it of the other animals. The way that I covered if presents under the form of
"etnografic daily", allowing to the accompaniment of the proper actions and its implications in the way where I
act. In this passage, I looked for to evidence the knowledge and recognition of theoretical bases and its
experimentations in the practical one by means of the meeting lived deeply with the related pupils, re-meaning
and reconstructing my process of learning in the relation professor-pupil. When weaveeing this route, taking in
consideration the relation established between educator-educating and educate-educator, I tried a way of
humanization with the involved people, searching the possibilities to assume our role in the process of the social
dynamics as teacher.
Key-word: etnografic daily, learning, humanization.
1Monografia de Especialização em Fundamentos de Educação de Jovens e Adultos – EJA. Ano de conclusão:
março / 2004.
INTRODUÇÃO
O que significa ser professor de EJA
Sermos educadores é sermos mediadores do processo de construção de cidadania dos
nossos estudantes, facilitando-lhes sua humanização.
Nessa perspectiva, ser professor é cooperar com o processo de humanização dos
educandos. É “[...] tornar os indivíduos participantes do processo civilizatório e
responsáveis por levá-lo adiante” (PIMENTA, 1999, p.23). Ser professor de EJA significa
contribuir com nossos alunos para o exercício da sua cidadania. Se hoje há estudantes na
referida modalidade de ensino, é porque esses não tiveram oportunidade de estudar na idade
“propícia” e, conseqüentemente, não exerceram sua cidadania.
No interior das reflexões sobre a problemática de EJA, vamos compreendendo que ser
professor de adultos é ser mediatizador dos “processos e experiências de ressocialização
(recognição e reinvenção)” (SOUZA, 1999, p.104), na contribuição da transformação da
“realidade social e pessoal” (SOUZA, 1999, p.104). Portanto, compreendi que ressocializar
significa mudar nossa forma de pensar o mundo por meio da interação social, por meio da
situação pela qual estava vivenciando.
Em Souza (2003, p.12), encontramos que professor é aquele que observa, reflete
criticamente e reorganiza suas ações e as ações dos seus estudantes. Nesse sentido, o professor
de jovens e adultos há de compreender que esta atividade
[...] engloba todo o processo de aprendizagem, formal ou informal,
onde as pessoas consideradas ‘adultas’ pela sociedade desenvolvem
suas habilidades, enriquecem seu conhecimento e aperfeiçoam suas
qualificações técnicas e profissionais, direcionando-as para a satisfação
de suas necessidades e da sociedade (ibid).
O professor de jovens e adultos precisa fundamentar a sua ação numa concepção de
educação, cujas bases históricas cabem-lhe entender.
O que significa EJA – retomando a sua história
"Historicamente, a educação de adultos inicia-se com a Constituição de 1934, que no seu
artigo 150, parágrafo único, torna ‘o ensino primário integral gratuito e de freqüência
obrigatória extensivo aos adultos’. Antes desse período, várias iniciativas de educação de
adultos foram desenvolvidas, freqüentemente, em escolas noturnas e, predominantemente, nas
áreas urbanas, seja por parte de governos estaduais, de particulares ou de associações
profissionais” (WEBER, 2002, p.15).
“As primeiras iniciativas de educação de adultos na América Latina são da década de 1940,
vinculados ao setor rural, no propósito de torná-lo um setor mais produtivo. Paralelamente ao
apoio a programas de educação agrícola, várias campanhas de alfabetização foram concebidas
ao longo do Continente Latino-Americano. Difundia-se a crença de que o subdesenvolvimento
tinha origem principalmente na falta de decisão e vontade dos indivíduos. As campanhas de
alfabetização eram pensadas como forma de combater a miséria e a pobreza, inspiradas numa
concepção otimista da educação” (SILVA, 2003, p.20).
“As mobilizações nacionais em torno do problema da Educação de Adultos se
iniciaram a partir dos 1940, desenvolveram-se e entraram em declínio no final da década dos
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