Ecomonia Brasileira Atual
Dissertações: Ecomonia Brasileira Atual. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: 110999 • 18/5/2014 • 1.067 Palavras (5 Páginas) • 355 Visualizações
O atual regime de política econômica é baseado em metas de inflação combinadas com câmbio
flutuante e superávit primário. As duas candidaturas presidenciais não colocaram em questão a sua
continuidade, apenas consideram possível flexibilizar a gestão do sistema de metas de inflação:
queda mais agressiva dos juros básicos combinada com ajuste fiscal mais profundo. O sistema de
metas de inflação é, contudo, a garantia para os credores do Estado de que não apenas a divida
pública será solvente como manterá seu poder de compra ao longo do tempo. É, portanto, perda de
tempo pensar que os tucanos fariam diferente do que Lula fez em matéria de política econômica: esta
já está institucionalizada, não é desse ou daquele partido, dessa ou daquela facção política, mas uma
política de Estado que serve aos interesses dos seus credores, os quais usam as brechas da ampla
flexibilização financeira externa para impedir o Estado de descumprir os acordos ou os compromissos
no âmbito do conselho Monetário Nacional. Alexandre Barbosa, estudante do 8 o SA, faz abaixo uma
excelente análise do processo de gênese histórica do atual regime de política econômica. Os anos de 1997 e 1998 foram marcados por crises internacionais sérias: entre meados e fins
de 1997, a conhecida crise na Ásia, sucedendo-a em agosto de 1998 a declaração pelo governo russo
de moratória de sua dívida externa, provocando, ambos eventos, enormes abalos na economia
brasileira. Era a tão comentada vulnerabilidade externa. Nesse contexto de incertezas do mercado
internacional, o Real sofreu ataques com a fuga de divisas em busca de segurança no mercado
americano de títulos. Em 5 meses, entre abril e setembro/98, as reservas caíram de 73 para 45 bilhões
de dólares. Nos últimos quatro meses de 1998, o governo FHC mantém negociações com o FMI, a fim
de financiar o déficit em transações correntes do balanço de pagamento previsto para o ano seguinte,
que era da ordem de 40 bilhões de dólares.
Segundo o governo FHC, não havia horizonte que sinalizasse uma solução em curto prazo
para a crise brasileira, que acalmasse o mercado e contivesse a fuga de dólares. O déficit em
transações correntes levava o governo a praticar uma taxa interna de juros muito alta para atrair
poupança externa visando atender a crescente demanda por dólares. Com medo de uma
desvalorização do Real, ou de um calote externo, ocorreu liquidação de dívidas em moeda
estrangeira antecipadamente, e empresas transnacionais também tratavam de antecipar suas
remessas de lucros.
A âncora cambial funcionava como instrumento de contenção da inflação e de “aumento de
produtividade” e modernização da indústria nacional. Com o dólar artificialmente baixo, as
importações evitavam o desabastecimento interno ao mesmo tempo em que os produtos importados
forçavam, através da concorrência, os preços para baixo. Nesse processo, a sustentação da âncora onsumia incontrolavelmente as reservas brasileiras.
Em dezembro de 1998 o empréstimo com o FMI foi concretizado. Tendo o FMI como avalista
de uma nova política econômica a partir de 1999, criava-se naquela altura a expectativa de
credibilidade interna e externa junto aos investidores e empresas multinacionais.
O plano de estabilização macroeconômica anunciado pelo governo FHC no final de 1998, com base
nas diretrizes do FMI, tinha como objetivo de curto prazo a estabilização da relação dívida/PIB e
conseqüentemente a credibilidade interna e externa junto aos mercados. Economistas liberais
atribuem aos gastos públicos a necessidade de recorrer à poupança externa para equilibrar o balanço
de pagamentos. Nesta lógica, surge o Programa de Superávits Primários (receitas menos despesas
não-financeiras), que implica duro ajuste fiscal através de redução dos gastos correntes e
investimentos do governo, complementado com elevação da carga tributária. Assim, governo
gastando menos e arrecadando mais, a economia opera abaixo do seu potencial diminuindo a
necessidade de importação e com conseqüente geração de saldo comercial favorável para honrar os
pagamentos externos. Esse mecanismo, no longo prazo, permitiria a redução paulatina do diferencial
de juros interno/externo, que por sua vez, estimulariam os investimentos. Com novos investimentos, o
PIB naturalmente se eleva e contribui para diminuição da relação dívida/PIB.
O acordo com o FMI não contemplava a liberação do câmbio, pois o dólar barato e administrado
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