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Por:   •  2/10/2014  •  7.776 Palavras (32 Páginas)  •  567 Visualizações

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EMPREENDEDORISMO E INTRA-EMPREENDEDORISMO

É PRECISO APRENDER A VOAR COM OS PÉS NO CHÃO

Edmundo Brandão Dantas

RESUMO

O artigo discute o empreendedorismo do modo como é apresentado no Brasil, a partir de uma análise crítica, isenta, no entanto, do romantismo e da supervalorização geralmente presente nas resenhas, artigos e palestras sobre o assunto. Nele são enfatizadas não apenas as vantagens, mas também as desvantagens do empreendedorismo, na tentativa de estimular uma reflexão mais aprofundada a esse respeito. O empreendedorismo é útil, é positivo e importante para o desenvolvimento de países e regiões. Mas não é fácil ser empreendedor, o que leva à necessidade de se pensar melhor o empreendedorismo, para que os seus adeptos não sejam pegos de surpresa ao se tornarem empreendedores.

Palavras-chave: empreendedorismo; intra-empreendedorismo; espírito empreendedor.

ABSTRACT

This article discuss the entrepreneurship in the way it is presented in Brazil, from a critical analysis, albeit free from the romanticism and over-valuation generally present in the reviews, articles and lectures about the subject. The article emphasizes not only the advantages, but also the disadvantages of entrepreneurship, in an attempt of stimulating a deeper reflection about it. Entrepreneurship is useful, positive and important to the development of countries and regions. However, it is not easy to be an entrepreneur, what takes us to the need of thinking entrepreneurship better, in order their adepts be not surprised when they become entrepreneurs.

Key- words: entrepreneurship; intrapreneurship; entrepreneurship spirit.

INTRODUÇÃO

C

onstantemente, nas palestras, nos programas especializados que passam na televisão e nas revistas e periódicos que tratam do assunto, somos apresentados a uma visão do empreendedorismo que beira as raias do romantismo.

O empreendedorismo é mostrado como o bálsamo para todas as dores, a solução para todos os problemas. Como se não bastasse, as entidades que o promovem associam-no ao esoterismo e à auto-ajuda, o que, de certa forma, o banaliza sobremaneira. Sob a redoma do empreendedorismo criam-se gurus de última hora, palestrantes superficiais, mitos e jargões de moda, que passam a ser incorporados pela sociedade empresarial como se fossem sérios e realmente importantes.

Ainda que entendamos o empreendedorismo como relevante para o momento que caracteriza este início de século, não conseguimos enxergá-lo como algo realmente inovador, nem como solução para problemas como o desemprego, por exemplo. Até porque, acreditamos, o empreendedorismo não traz nenhuma novidade. Encaramos essa preocupação exacerbada das entidades que o promovem como um modismo, uma oportunidade de obter visibilidade junto ao mercado, uma onda passageira que poderá durar muito tempo, mas que um dia acabará, até que novo modismo surja.

O empreendedorismo “moderno”, se é que podemos chamá-lo assim, parece ser um filhote da globalização – que também, no nosso modo de ver, não passa de modismo. Em algum momento passará, considerando que as nações do mundo, mesmo as mais humildes, estão se conscientizando gradativamente dessa armadilha que os americanos lhes impuseram e começam a se organizar em blocos para poderem competir em condições mais justas com os grandes blocos econômicos.

O presente trabalho objetiva apresentar uma análise do empreendedorismo do modo como é apresentado no Brasil, porém sem o romantismo e supervalorização comumente presente nas resenhas, artigos e palestras sobre o assunto. Nele são enfatizadas não apenas as vantagens, mas também as desvantagens do empreendedorismo, na tentativa de estimular uma reflexão mais aprofundada a esse respeito. O empreendedorismo é útil, é positivo e importante para o desenvolvimento de países e regiões. Mas não é o mar de rosas que apregoam. Precisa ser melhor pensado, para que os seus adeptos não sejam pegos de surpresa ao se tornarem empreendedores.

UMA RÁPIDA HISTÓRIA DO EMPREENDEDORISMO

O termo “empreendedor” é derivado da palavra francesa entrepreneur, usada pela primeira vez em 1725, pelo que se sabe, pelo economista irlandês Richard Cantillon, reconhecido por muitos historiadores como o grande teórico da economia, segundo o qual o “entrepreneur é o indivíduo que assume riscos.”

Em 1814, o economista francês Jean-Baptiste Say (1767-1832), usou a palavra para identificar o indivíduo que transfere recursos econômicos de um setor de produtividade baixa para um setor de produtividade mais elevado. Say, além de sua enorme contribuição ao desenvolvimento da teoria econômica, enfatizou a importância do empreendedor para o bom funcionamento do sistema econômico.

Na visão de Best (2007) apud Machado (2007), em seu artigo “O empreendedor no centro”, publicado na edição de 15 de fevereiro de 2007 da revista francesa Challenges, afirma que:

Jean-Baptiste Say costuma ser descrito como um seguidor das idéias de Adam Smith, mas na verdade ele vai muito além. "É o primeiro economista da oferta", afirma Jean-Pierre Potier, que dirigiu a coletânea universitária Jean-Baptiste Say, nouveaux regards sur son oeuvre (Éditions Economica). Ele insiste nas condições da produção, valorizando o papel do empreendedor. Para os clássicos do século XVIII, a sociedade se dividia em trabalhadores, rentistas e capitalistas. Jean-Baptiste Say recusou essa visão. A seus olhos, cada um pode desempenhar uma dessas funções num momento ou outro. Esse enfoque será retomado posteriormente pela escola neoclássica.

Brue (2005) também realçou essa preocupação permanente de Say com a eficiência e o empreendedorismo, afirmando que o economista francês contribuiu para a teoria moderna dos custos do monopólio ao apontar que os monopolistas não apenas criaram o que atualmente chamamos de perdas de eficiência (ou perdas de peso morto), mas também usaram os recursos escassos na sua concorrência para obter e proteger suas posições de monopólio.

Finalmente, Say contribuiu para o pensamento econômico, ao enfatizar o empreendedorismo como o quarto fator de produção, junto com os demais fatores: terra, trabalho e capital.

Em 1871, Carl Menger,

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