MOTIVAÇÃO: MITOS
Tese: MOTIVAÇÃO: MITOS. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: anitaborges • 1/5/2013 • Tese • 6.565 Palavras (27 Páginas) • 602 Visualizações
o ARTIGO
MOTIVAÇÃO: MITOS,
CRENÇAS E MAL-ENTENDIDOS
• Cecília W. Bergamini
Professora do Departamento de Administração
Geral e Recursos Humanos da EAESP/FGV e da
Faculdade de Economia e Administração da USP.
RESUMO: Se no âmbito das especulações puramente
intelectuais, o fenômeno da motivação não parece apresentar
maiores dificuldades, no domínio concreto do
conhecimento prático, uma confusão generalizada instalou-
se há muito, não permitindo que progressos significativos
sejam feitos por aqueles que buscam eficácia
no dia a dia de trabalho dentro das organizações.
Trata-se da confusão entre aquilo que se deve chamar
Revista de Administração de Empresas
de "pura reação" (condicionamento) e o que deve ser
reconhecido como "motivação autêntica". Este artigo
tem como objetivo delimitar o domínio de cada um
desses fenômenos tão heterogêneos, mostrando, em
particular, quais são as formas de comportamento
definidas pela psicologia como o resultado da ação das
variáveis extrínsecas ao indivíduo e que, pelo simples
fato de o induzirem à ação, foram erroneamente consideradas
como típicas da verdadeira motivação.
PALAVRAS-CHA VE: Motivação, condicionamento,
comportamento, variáveis extrínsecas, variáveis intrínsecas,
estilo motivacional.
São Paulo, 30(2) 23-34 Abr./Jun.1990 23
o ARTIGO
o QUE EXISTE SOBRE A MOTIVAÇÃO
A diversidade de interesses percebida entre os
indivíduos permite aceitar, de forma razoavelmente
clara, a crença segundo a qual as pessoas
não fazem as mesmas coisas pelas mesmas
razões. É dentro dessa diversidade que se encontra
a mais importante fonte de compreensão a respeito
de um fenômeno que apresenta aspectos
aparentemente paradoxais: a motivação humana.
Dessa forma, parece inapropriado que uma simples
regra geral possa ser suficiente para explicar
esse fenômeno de maneira mais precisa.
Em realidade, como os indivíduos são diferentes
uns dos outros, não somente desde o nascimento
sendo portadores. de sua própria bagagem
inata (código genético, experiências da vida intrauterina
e do momento do parto) como também
porque eles acumularam experiências que lhes
são pessoais ao longo das suas diferentes etapas
de vida (infância, adolescência, maturidade e velhice),
torna-se necessário, o mais urgentemente
possível, rever certos princípios muito divulgados
dentro do campo das crenças populares. Quando
se fala de motivação, parece indispensável, logo
de início, mudar um provérbio no qual muito se
acredita, que é: "Faça aos outros o que queres que te
façam", para um outro ainda desconhecido que
diz: "Faça aos outros aquilo que eles querem que lhes
seja feito" .
A sociedade está rica de exemplos que ilustram
até que ponto os indivíduos têm expectativas
diferentes e, portanto, cada um deles está voltado
para a busca dos seus próprios organizadores de
comportamentos motivacionais ímpares. Os incontáveis
objetivos motivacionais e as diferentes
maneiras de persegui-los deixam isso claro,
chegando mesmo a personificar as múltiplas facetas
e variações típicas do fenômeno da motivação
humana.
Não é tão fácil compreender o outro e valorizar
de forma justa suas intenções e seus motivos. Uma
pessoa que demonstre entusiasmo frente aos desafios
oferecidos pelas oportunidades com as
quais se defronta, estando pronta a agir com rapidez
na resolução de problemas, terá muita facilidade
em acreditar que todo o mundo reage com a
mesma rapidez. Isso, não há dúvida, pode provocar
nos outros mais prudentes que ela a desagradável
impressão de que se trata de alguém
temerário e irresponsável. Outros mais, que se
deixam guiar pelo desejo de dar o melhor de si
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mesmos para fazerem jus às responsabilidades
que lhes foram confiadas, ficarão facilmente desiludidos
ao
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