Manual de Economia
Tese: Manual de Economia. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: saramayumy • 22/11/2014 • Tese • 11.273 Palavras (46 Páginas) • 254 Visualizações
Apostila de Economia
A economia brasileira viveu vários ciclos econômicos ao longo da História. Em cada ciclo, um setor e região do país foi privilegiado em detrimento de outros, o que provocou sucessivas mudanças sociais, populacionais, políticas e culturais dentro da sociedade brasileira.
O primeiro ciclo econômico do Brasil foi a extração do pau-brasil (1501-1530): Madeira avermelhada utilizada na tinturaria de tecidos na Europa, e abundante em grande parte do litoral brasileiro na época do descobrimento (do Rio de Janeiro ao Rio Grande do Norte). Os portugueses instalaram feitorias e sesmarias e contratavam o trabalho de índios para o corte e carregamento da madeira por meio de um sistema de trocas conhecido como escambo. Além do pau-brasil, outras atividades de modelo extrativista predominaram nessa época, como a coleta de drogas do sertão na Amazônia.
O segundo ciclo econômico brasileiro foi o plantio de cana-de-açúcar: Utilizada na Europa para a manufatura de açúcar em substituição à beterraba. O processo era centrado em torno do engenho, composto por uma moenda de tração animal (bois e jumentos) ou humana. O plantio de cana adotou o latifúndio como estrutura fundiária e a monocultura como método agrícola. A agricultura da cana introduziu a modo de produção escravista, baseado na importação e escravização de africanos. Esta atividade gerou todo um setor paralelo chamado de tráfico negreiro. A pecuária extensiva ajudou a expandir a ocupação do Brasil pelos portugueses, levando o povoamento do litoral para o interior. Em 1549, Pernambuco já possuía trinta engenhos de açúcar, a Bahia, dezoito e São Vicente dois. O Brasil se tornou o maior produtor de açúcar nos séculos XVI e XVII. As principais regiões açucareiras inicialmente eram Pernambuco, Bahia, São Paulo (antes de sucumbir a concorrência da sacarose nordestina) e parte do Rio de Janeiro (produtores secundários da região de Campos, no baixo vale do Paraíba do Sul).
Metais valiosos: Durante todo o século XVII, expedições chamadas entradas e bandeiras vasculharam o interior do território em busca de metais valiosos como ouro, prata e cobre além de pedras preciosas (diamantes, esmeraldas). Afinal, já no início do século XVIII (entre 1709 e 1720) estas foram achadas no interior da Capitania de São Paulo (Planato Central e Montanhas Alterosas), nas áreas que depois foram desmembradas como Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, dando início ao ciclo do ouro. Outra importante atividade impulsionada pela mineração foi o comércio interno entre as diferentes vilas e cidades da colônia, proporcionada pelos tropeiros.
Ciclo do café: foi o produto que impulsionou a economia brasileira desde o início do século XIX até a década de 1930. Concentrado a princípio no Vale do Paraíba (entre Rio de Janeiro e São Paulo) e depois nas zonas de terra roxa do interior de São Paulo e do Paraná, o grão foi o principal produto de exportação do país durante quase 100 anos. Foi introduzida por Francisco de Melo Palheta ainda no século XVIII, a partir de sementes contrabandeadas da Guiana Francesa.
Ciclo da borracha: Em meados do século XIX, foi descoberta que a seiva da seringueira, umaárvore nativa da Amazônia, servia para a fabricação de borracha, material que começava então a ser utilizado industrialmente na Europa e na América do Norte. Com isso, teve início o ciclo da borracha no Amazonas (então Província do Rio Negro) e na região que viria a ser o Acre brasileiro (então parte da Bolívia e do Peru).
Desenvolvimentismo: O chamado desenvolvimentismo (ou nacional-desenvolvimentismo) foi a corrente econômica que prevaleceu nos anos 1950, do segundo governo de Getúlio Vargas até o Regime Militar, com especial ênfase na gestão de Juscelino Kubitschek.
Valendo-se de políticas econômicas desenvolvimentista desde a Era Vargas, na década de 1930, o Brasil desenvolveu grande parte de sua infra-estrutura em pouco tempo e alcançou elevadas taxas de crescimento econômico. Todavia, o governo muitas vezes manteve suas contas em desequilíbrio, multiplicando a dívida externa e desencadeando uma grande onda inflacionária. O modelo de transporte adotado foi o rodoviário, em detrimento de todos os demais (ferroviário, hidroviário, naval, aéreo).
Décadas (1961 - 1980): Nenhum país no mundo havia crescido tanto como o Brasil durante duas décadas (1961 - 1980), em especial no período de 1968 a 1973. Nessa época, o desemprego praticamente não existia. O Brasil viveu o chamado Milagre Econômico, quando um crescimento acelerado da indústria gerou empregos não-qualificados e ampliou a concentração de renda, o PIB chegou a crescer 14,0%. Em paralelo, na política, o regime militar endureceu e a repressão àoposição (tanto institucional quanto revolucionária/subversiva) viveu o seu auge. A industrialização, no entanto, continuou concentrada no eixo Rio de Janeiro-São Paulo e atraiu para esta região uma imigração em massa das regiões mais pobres do país, principalmente o Nordeste.
Década de 80: Por outro lado, a década de 1980 ficou 'para a história' como a famosa 'década perdida', com aumento da inflação, do desemprego, da dívida externa, da queda de renda e com o pagamento de juros da dívida externa, entre outros. A década de 90 foi marcada por um processo de abertura da economia, com controle da inflação. O país se tornou mais competitivo, e o setor produtivo privado foi forçado a adotar novas tecnologias para se tornar mais produtivo. Em outras palavras, o setor privado fez a lição de casa, mas o setor público pouco fez para se tornar mais eficiente e controlado, a não ser mais recentemente, por meio da Lei de Responsabilidade Fiscal. Tanto é verdade que a dívida pública federal, que era de aproximadamente R$ 60 bilhões em 1993, saltou para cerca de R$ 900 bilhões, no iníco de 2003. Isso ocorreu porque as reformas (tributária e previdenciária) não foram feitas. Por causa disso, os juros foram mantidos elevados e o país passou a trabalhar para pagar os juros da dívida interna. Com palavras mais objetivas, pode-se dizer que na década de 80 trabalhamos para pagar juros da dívida externa (mais de US$ 100 bilhões numa década), enquanto na década de 90 o país trabalhou para pagar juros da dívida interna (R$ 114 bilhões em 2002).
O aluno deve-se atentar para consulta aos textos anexados, assim como a bibliografia complementar orientada para realização dos exercício 'on-line'.
MÓDULO 2
O PROBLEMA ECONÔMICO / FUNCIONAMENTO DO SISTEMA ECONÔMICO
1. Conceito
...