Relatos Diferentes, Uma Narrativa
Dissertações: Relatos Diferentes, Uma Narrativa. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: baiana16 • 15/3/2014 • 974 Palavras (4 Páginas) • 2.201 Visualizações
É bom deixar situado desde o início que estamos falando aqui em storytelling como lógica de estruturação de pensamento e um formato de organização e difusão de narrativa, por suportes impresso, audiovisual ou presencial, baseados nas experiências de vida próprias ou absorvidas de um interagente, derivando relatos envolventes e memoráveis. Trata-se de suscitar a rememoração de histórias de vida e seu entrelace com a trajetória no tempo de agentes organizacionais, derivando conteúdos mais envolventes, significativos e memoráveis. A partir disto, desenrola-se um processo de pesquisa feito em meu mestrado em Ciências da Comunicação na ECA/USP.
Os seres humanos são criaturas que contam histórias. As pessoas têm necessidade de possuir símbolos que as ajudem a entender e a interpretar o mundo. O ser humano pode ser mais bem entendido como homo narrans, por organizar sua experiência em histórias com tramas, personagens centrais e sequências de ação que trazem lições implícitas e explícitas. As pessoas buscariam, instintivamente, uma lógica narrativa.
É importante pensar nos modos de funcionamento cognitivo que Jerome Bruner divide em lógico-científico (ou paradigmático) e narrativo. O primeiro busca gerar conhecimento com base na verificação da veracidade ou falseamento de hipóteses, adotando uma descrição e explicação formais e objetivadas do contexto que as geram, com argumentos racionais e consistentes, que buscam dar ou requisitar prova a partir de uma análise do tipo top-down. O modo narrativo, por sua vez, consiste em contar boas histórias, dramas envolventes e relatos críveis e trata de intenções e ações humanas – mesmo paradoxais, valorizando a experiência do significado e a intuição com inspiração a partir do bottom-up.
Por isto que vem tomando fôlego o paradigma narrativo, que fornece uma lógica para avaliar as histórias e sobre como se endossa ou aceita histórias como base para decisões e ações. Ele reconhece a capacidade das pessoas em criar novas histórias para melhor compreender suas vidas. Basicamente, é a compreensão de que as histórias são uma forma fundamental pela qual as pessoas expressam valores e consequentemente apoiam suas decisões. A aprendizagem da comunicação organizacional com o storytelling reside exatamente na positiva contaminação da retórica racional da razão pura com o enlevo das emoções e o arrebatamento da imaginação livre. Trata-se da credibilidade atribuída pela identificação com um relato e não validada pela matemática e pelo produtivismo.
COLETA DE DADOS - O formato das narrativas é especialmente relevante para a análise dos processos organizacionais, porque as pessoas não simplesmente contam histórias – mas as sancionam, as avaliam, as institucionalizam quando as compartilham. Então, busquei analisar prevalências e teorias e organizar uma matriz estruturante de elementos de storytelling. Para obtenção do conjunto de materiais para análise (vídeos corporativos), acionou-se o Google Alerts, foi feita uma busca por conteúdos produzidos por agências e produtoras brasileiras especializadas em storytelling e feito um acompanhamento contínuo em grupos sediados na rede social Facebook e no perfil @storytelling do microblogging Twitter. Com um sorteio aleatório com saltos simétricos de três conteúdos, chegou-se a uma lista de 10 materiais. O conjunto de peças comunicativas foi selecionado, registrado e transcrito segundo dimensões visual e verbal, e depois foi aplicada uma análise de elementos constitutivos da história, na forma de voz narrativa, sequência no tempo, ambientação, personagens e estrutura valorativa.
MATRIZ - A partir dos vídeos analisados, buscou-se a formatação de uma matriz de elementos estruturantes. Sugere-se a existência de determinadas características praticamente imprescindíveis de serem consideradas pelos comunicadores na hora de planejar,
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