VW DieselGate

É certamente pouco provavel alguem minimamente conectado com o mundo atual nao ter ouvido falar recentemente do escandalo da fabricante automovel alema Volkswagen. Nem que seja pelas mil e uma manchetes que invadiram as noticias nos ultimos meses em todo o mundo sobre o envolvimento da marca num dos maiores, senao o maior escandalo automobilistico da historia.

Resumindo muito rapidamente, no dia XX de Setembro, a Volkswagen foi flagrada numa suposta fraude nas emissoes de dioxido carbono em vários dos seus modelos a diesel. Basicamente 11 milhoes de veiculos foram vendidos dotados de um software capaz de burlar as emissoes de poluentes. Fator este, rigorasamente controlado pelas diversas entidades governamentais ao redor do mundo.

Certamente que pouca gente alguma vez sonhou que uma marca como a dimensao da gigante alema, conhecida e vendida ao longo dos anos como um produto além de qualidade superior, como a maioria dos veiculos alemaes, se visse envolvida ou neste caso culpada de um golpe que além de ir contra aos principios ambientais vigentes na nossa sociedade, é nada mais que um atendado á moral e á credibilidade mundial no que diz respeito a confianca do consumidor em relacao as empresas de bens de consumo em geral.

O caso, comunamente designado por “Dieselgate”teve uma repercussao tao grande nas midias a nivel global que levou a que o proprio governo alemao intervisse e viesse pedir publicamente que a marca alema lidasse com a situacao com a maior transparencia possivel. A verdade é que este “drama”vai muito mais além do que um simples caso que atinge apenas a empresa de uma forma singular. O orgulho germanico, há muito reconhecido como um pais de valores de seriadade e qualidade no que toca á sua industria como um todo é gravemente ferido e posto em causa ao se deparar com um escandalo desta envergadura. Além disso, vemos que o efeito do “dieselgate” na economia nao é de todo favoravel a Alemanha e nem tao pouco ao restante da Europa, hoje em dia, “submissa”e amarrada á economia alema.

Contudo, o foco deste artigo é na Volksvagen e em mostrar em como este golpe da gigante alema pode ter sido a maior facada que alguma vez ocorreu na historia da industria automovel, talvez com danos irreversiveis na credibilidade do consumidor. A verdade é que as razoes a que levam a que a marca esteja nesta situacao vao muito alem da farsa nas emissoes. Vivemos uma era em que o consumidor nao é o que era nos primordios do consumo de automoveis, alias, o consumidor nao é o mesmo em nenhum dos aspetos.

Se analizarmos as mudancas que tem ocorrido nos habitos de consumo vemos que as forcas do marketing tem um foco completamente diferente do praticado ate entao. O consumidor virou o foco das atencoes e nao o produto. Toda e qualquer estrategia de uma empresa que vise ser bem sucedida no mercado atual tem de ter consciencia disso e o mesmo se aplica na industria automovel.

Na obra de Kotler,  “marketing 3.0” vemos uma extensa, completa e atual analise do autor sobre esta tematica e é curioso verificar em como se aplica no caso “dieselgate”. Em primeiro lugar vemos uma crescente preoucupacao que por muito que possa parecer superflua aos olhos de alguns é talvez um dos fatores que maior caracteriza este novo consumidor – a sustentabilidade ambiental e a responsabilidade social e logo aqui vemos que o golpe da fabricante automovel alema coincinde irretufavelmente nestes dois aspetos.

Ao longo da última decada e com a o crescimento exponencial das tecnologias de informacao, mais concretamente, da internet e as suas diversas redes sociais, deram ao consumidor um poder do qual o consumidor se viu capaz de usar no sentido de conseguir comunicar de uma forma tao veloz e com tamanho alcance como nunca antes visto, desta forma, aliado com os crescentes temas e preocupacoes ambientais, as empresas se viram de certa forma obrigadas a seguir as exigencias do consumidor e passar a adotar uma postura mais ética sobre estes assuntos que até entao muitos deles eram completamente ignorados por uma grande parte das grandes marcas da atualidade, adotando assim uma ética e responsabilidade nunca antes vista e essencial para a sobrevivencia das mesmas. O consumo muda a sua abordagem e assume um carater que pode ser definido como mais subjetivo, no sentido de dar ao consumidor uma sensacao mais espiritual do que de apenas conforto material e satisfacao funcional.

Visto isto, a Volkswagen comete um erro crasso ao brincar com uma situacao destas diante de um publico tao exigente e possuidor de um novo olhar sobre as suas escolhas como o atual.

 Indo a fundo na  questao da sustentabilidade ambiental, é indiscutivel nao falar nas crescente “marcas verdes”presentes no nosso dia-a-dia. No entanto quando se fala neste tipo de empresas, nao nos referimos apenas a bens de consumo alimenticio associado a produtos organicos produzidos de forma sustentavel mas numa nova caracteristica que inumeras empresas adoram exatamente para suportar as novas exigencias da maioria dos consumidor, levando a que uma significativa parcela dos mesmos opte até por pagar mais em detrimento destes atributos. A industria automovel apesar de ainda estar a dar pequenos pacos nesta questao, talvez por razoes politico-economicas relacionadas com outros segmentos de mercado, nao deixa de fazer parte desta nova roda. A Volkswagen, conhecida como uma das marcas mais inovadoras e sinonimo de qualidade, talvez nao seja o melhor exemplo de pioneirismo no que toca a solucoes ecologicas dentro do segmento automobilistico, no entanto como todas as marcas, umas mais que outras, assume perante o consumidor uma postura de preoucupacao ambiental ao ofertar uma serie de caracteristicas em muitos dos seus modelos, como é o caso da teconlogia BlueMotion, por exemplo. A verdade é que a VW esta longe de ser a primeira vista uma das marcas mais lembradas no sentido da ëcologia como é o caso das marcas japonesas, mas assume por muito discretamente que seja essa postura perante o consumidor e que nao deixa de ser menos escandalosa a descoberta de uma fraude nas medicoes dos gases poluentes de uma vast agama de veiculos a diesel da marca. Este fator é com certeza o que mais mostra o quao grave se encontra a marca perante um escandalo como esse. Aliado a este fator, vemos tambem a questao da responsabilidade social que varias vezes e discutido e que leva a que esta questao seja vista mais do que um desrespeito das normas ambientais mas tambem como um problema de saude publica.