A MOSTRA O DESENVOLVIMENTO DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS A PARTIR DA I GUERRA MUNDIAL
Por: Victória Moura • 12/9/2020 • Resenha • 2.393 Palavras (10 Páginas) • 224 Visualizações
Resumo
JACKSON, R.; SØRENSEN, G.
Introdução às Relações Internacionais. 2 ed. RJ: Zahar, 2003. [p. 59-100]
Mostra o desenvolvimento das Relações Internacionais a partir da I Guerra Mundial.
Quatro tradições das Relações Internacionais: realismo, liberalismo, sociedade internacional e economia política internacional (e abordagens alternativas).
Introdução
A tradição das RI está relacionada à dinâmica e mudança de condição do Estado soberano no sistema de sociedade de Estados (Estados e suas relações).
As RI contemporâneas também se preocupam com outros temas, como direitos humanos, corporações transnacionais, organizações internacionais…
A tradição teórica das Relações Internacionais não é objetiva e possui desacordos, mas é necessário agrupá-las em categorias.
RI no século XX: Guerras Mundiais, Guerra Fria, cooperação entre Estados ocidentais, lacuna de desenvolvimento entre Sul e Norte global.
Grandes debates das RI: (i) liberalismo utópico x realismo, (ii) abordagens tradicionais x behaviorismo, (iii) neo-realismo/neo liberalismo x marxismo, (iv) tradições consagradas x alternativas pós-positivistas.
Liberalismo utópico: o estudo inicial de RI (1920)
A I Guerra Mundial (1914-1918) foi decisiva para o estabelecimento de uma disciplina acadêmica de RI, com o objetivo de não permitir o sofrimento humano em tal escala, buscando compreender o problema do conflito armado entre exércitos mecanizados de Estados industriais modernos.
Para os seguidores do liberalismo, a I Guerra não foi atribuída a julgamentos limitados dos líderes autocráticos nos países envolvidos mas sim ao sistema de alianças militares, que forçou todos os poderes europeus a participarem da Guerra, já que qualquer aliança estava envolvida no conflito.
Woodrow Wilson, presidente dos EUA entre 1913 e 1921 e professor de ciência política de valores democráticos liberais, influenciou os pensadores de RI com a intervenção dos EUA na I Guerra Mundial.
O liberalismo possuía apoio político sólido do Estado mais poderoso do sistema internacional da época, em que as ideias de Wilson influenciaram a Conferência da Paz.
14 pontos de Wilson propunha: término da diplomacia secreta, acordos abertos ao exame público, liberdades de navegação dos mares, retirada das barreiras ao livre comércio, princípio de autodeterminação dos povos nas reivindicações coloniais e territoriais e associação gerald e nações (Liga das Nações, Conferência da Paz de Paris, 1919).
Dois pontos das ideias de Wilson para um mundo mais pacífico com ênfase especial: (i) promoção da democracia liberal e autodeterminação e (ii) criação de uma organização internacional para estabelecer nas relações entre os Estados uma fundação institucional mais firme, de forma que as relações internacionais passariam a ser reguladas por um conjunto de regras comuns do direito internacional para promover uma cooperação pacífica.
Idealismo wilsoniano: é possível colocar um fim à guerra e alcançar a paz por meio de uma organização internacional racional (remete À A paz perpétua de Kant).
Norman Angell (The great illusion, 1919): nos tempos modernos, a conquista territorial é custosa e desagregadora politicamente por abalar o comércio internacional; a modernização exige uma necessidade crescente do “exterior”, aumenta a interdependência e a necessidade de uma estrutura regulamentadora.
Visão liberal do pensamento de Wilson e Angell: os homens são racionais e, com a razão aplicada às relações internacionais, podem estabelecer organizações benéficas à todos.
As ideias foram bem sucedidas, com a criação da Liga das Nações as grandes potências tomaram medidas adicionais para assegurar as intenções pacíficas, como o Pacto Kellogg-Briand de 1928, acordo assinada por quase todos os países para abolir a guerra, exceto em casos extremos de autodefesa. Porém, a difusão da civilização democrática não ocorreu, tendo a disseminação de Estados autocráticos, autoritários e militaristas.
Países que não permaneceram na Liga das Nações (1920-1946): Alemanha (1926-1930), Japão (192?-193?), Rússia (1934-1940), EUA (não se juntou).
A quebra de Wall Street em 1929 também afetou as relações internacionais, envolvendo duras medidas de protecionismo econômico.
O realismo e os vinte anos de crise (1930-1950)
A interdependência não produziu uma cooperação pacífica e a Liga das nações ficou impotente diante da expansão dos regimes autoritários, ‘empurrando’ o pensamento das RI para o realismo clássico (Tucídides, Maquiavel, Hobbes).
E. H. Carr: sugeriu que os pensadores liberais das RI interpretaram errado os fatos da história e não entenderam a natureza das relações internacionais; deveria se assumir o conflito de interesses como ponto de partida, em que os vencedores tentariam preservar suas posições privilegiadas e os perdedores lutariam para mudar a situação.
Carr classificou a posição liberal como“utópica”, e sua posição como “realista”.
Teóricos realistas: Hans J. Morgenthau, George Kennan, Arnold Wolfers.
Hans J. Morgenthau (Política entre as nações: a luta pelo poder e pela paz): a natureza humana como base das relações internacionais, que buscam seus próprios interesses e poder (ideia apoiada pela Alemanha de hitler, a Itália de Mussolini e o Japão Imperial), em que os países teriam políticas externas agressivas que visavam o conflito e não a cooperação.
Einstein: :um desejo humano pelo ódio e pela destruição”, imposição de uma disciplina sobre o sistema internacional anárquico.
Freud: necessidade de repressão na imposição da disciplina por meio de instituições sobre indivíduos e do Estado sobre a sociedade.
Elementos da visão realista: (i) politica externa egoísta e agressiva, (ii) natureza politica baseada no poder (sistema de Estados armados e soberanos, anarquia internacional), (iii) visão cíclica da história (nova geração tende a cometer os mesmos erros das gerações anteriores).
A resposta apropriada para essa anarquia internacional era a criação de um poder contraposto e o uso inteligente desse poder na preparação para a defesa
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