TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

A Primaveira Árabe da Líbia

Por:   •  6/11/2015  •  Resenha  •  1.410 Palavras (6 Páginas)  •  184 Visualizações

Página 1 de 6

A primavera árabe, um ensaio sobre Locke e Rousseau.

Antes de iniciarmos essa pequena resenha, gostaria de salientar alguns pontos para esclarecermos melhor o que será tratado nas páginas seguintes:

Não trata-se de um texto pró-Kadaffi, com o intuito de promover propagandas ideológicas ou convencer o leitor a tomar partido em algum lado do conflito. Durante toda a tensão que envolveu a queda do governo do ditador a mídia brasileira não se preocupou em noticiar honestamente os fatos, dando preferência apenas a argumentos favoráveis a Otan e as potencias européias que lutavam no país.

A Líbia de Kadaffi é de longe o país mais avançado de toda a África. Possuía níveis de analfabetismo próximos de zero, cerca de 70% da população possuia veículo próprio, seu IDH marcava inacreditáveis 0,8 superior a muitos estados do Brasil e também é o país com maior distribuição de renda da África.

A história do ditador inicia-se há cinquenta anos atrás, quando Kadaffi e seus partidários derrotaram a monarquia do rei Ídris, que entregava todos os recursos minerais da Líbia como gás e petróleo para países da Europa, em especial sua ex-metrópole, a Itália. Quando Kadaffi assumiu o poder, nacionalizou todas as grandes multinacionais, e principalmente os setores privados do petróleo e gás, e acabou com todas as bases militares americanas na Líbia, o que enfureceu enormemente os países ricos do velho mundo.

Durante a guerra-fria, Kadaffi foi obrigado à aliar-se ao bloco soviético, dando apoio à grupos guerrilheiros de todas as partes do mundo, quase todos receberam treinamento e recursos líbios, o que despertou ainda mais a fúria dos Estados Unidos e de toda a Europa Ocidental.

Com o fim do bloco soviético, Kadaffi retomou as boas relações com o ocidente, abrindo espaço para o capital estrangeiro no país e retomando o contato com as multinacionais. Isso ocorreu pouco tempo após a queda do muro de Berlim, quando um episódio inusitado ocorreu, um míssil Tomahawk disparado de um navio americano acertou o prédio do governo da Líbia em uma data festiva onde encontravam-se vários partidários de Kadaffi e toda a sua família.

Com o inicio do movimento que ficou conhecido como a primavera Árabe surgiram protestos em todo o norte da África, inclusive na Líbia, onde segundo a mídia do Ocidente o governo de Kadaffi teria ordenado uma repressão violenta aos manifestantes. É provável que a essa altura, serviços secretos de inteligencia agiam há muito tempo dentro do país, aproveitando a situação de desordem, financiando grupos tribais e mercenários para lutarem contra o regime do ditador. Algumas semanas depois, os Estados Unidos e alguns países europeus resolveram intervir diretamente no conflito, passando à bombardear a Líbia sobre o pretexto de defender a população civil.

Agora fica a dúvida, por quê será que durante a primavera árabe, não houve essa preocupação com os civis dos países aliados dos Estados Unidos e da Europa? Como por exemplo o Catar, onde milhares foram presos e torturados, sendo que muitos morreram em função da repressão do governo? Tanto não houve essa preocupação, como nem a própria mídia noticiou os assassinatos, os tanques nas ruas e as rajadas de fuzis contra os manifestantes. A resposta é simples, o Catar é o abrigo da quinta frota naval americana, ou seja, aliada dos Estados Unidos. Seria totalmente incômodo para o primeiro mundo se meter em um governo que compactua com os seus mesmos interesses. Já Kaddafi, nunca conseguiu ganhar a confiança da Europa e dos EUA, e desde a queda do bloco soviético, os dias de Kaddafi estavam contados, aparentemente os serviços secretos só esperavam o momento certo pra agir. E o pior, vários órgãos de mídia, principalmente a mídia independente, que não é a BBC nem a CNN, vivem divulgando possíveis envolvimentos de grupos fundamentalistas islâmicos infiltrados no movimento, como a Al-Qaeda, Taleban etc. É uma faca de dois gumes?

Após destruir quase toda a infraestrutura do país, os rebeldes entregaram a chave do petróleo líbio para as grandes nações europeias e para os Estados Unidos, as empresas multinacionais dos países do primeiro mundo vão lucrar milhões com os contratos de reconstrução do país. E quem mais ganhou com tudo isso? Será que foi o povo Líbio? Primavera Árabe, uma revolta popular?

Segundo John Locke (1632-1704), a dissolução de um governo pode acontecer mais comumente de duas maneiras distintas:

1° Quando um povo conquista outro e derruba as bases da sociedade civil em que se estabelecem os conquistados.

2° Quando há dissolução da sociedade civil. (Ou seja, quando o contrato perde sua legitimidade através da ordem civil)

Isso fica claramente exposto nos páragrafos §211 e §212 do Segundo tratado sobre o governo Civil, seguem-se os excertos:

§211. Quando se deseja falar da dissolução do governo com alguma clareza, é preciso começar por distinguir entre a dissolução da sociedade e a dissolução do governo. Aquilo que constitui a comunidade e tira os homens do estado livre da natureza e os coloca em uma sociedade política é o acordo que cada um estabelece com

o restante para se associar e agir como um único corpo, e assim se tornar uma comunidade civil distinta. A maneira usual e praticamente a única pela qual esta união é dissolvida é a invasão de uma força estrangeira realizando uma conquista. Neste caso (não sendo possível subsistir nem sobreviver como um único organismo

intacto e independente) necessariamente cessa a união que caracterizava este organismo e que o constituía, e assim cada um retorna a sua condição anterior, ao estado em que estava antes, com uma liberdade de se arranjar

...

Baixar como (para membros premium)  txt (8.7 Kb)   pdf (77.3 Kb)   docx (15 Kb)  
Continuar por mais 5 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com