Prova História das RI
Por: cmanhaaes • 24/1/2019 • Pesquisas Acadêmicas • 2.023 Palavras (9 Páginas) • 251 Visualizações
As duas guerras mundiais marcaram as relações internacionais como um período de disputa estratégica entre potências e projetos para a estruturação de uma nova ordem internacional, ele, também, representou o declínio da Europa como centro do sistema mundial, a emergência dos EUA e do desafio socialista. A Primeira Guerra foi o primeiro conflito moderno com mais mortos civis que militares, assim como os gastos foram elevados tomando exemplo dos três países protagonistas: Inglaterra, Alemanha e França, gastaram, respectivamente, 35%, 24% e 20% de suas riquezas. Com o fim da guerra, em janeiro de 1919 teve o início a Conferência de Paz em Versalhes (França + EUA + Reino Unido + Itália + Japão), sendo que os vencidos não participaram, bem como os pequenos Estados do grupo vencedor não tinha voz para qualquer poder decisório, a Primeira Guerra Mundial realizou uma nova repartição do mundo colonial, desejada pela Inglaterra e pela França, mas a expansão do colonialismo coincidiu com o início de sua contestação e declínio.
Na Conferência, foi assinado um Tratado com seu mesmo nome [Versalhes] que criava a Liga das Nações – tentativa de manter a segurança coletiva para Estados grandes e pequenos, para manter a paz -, impondo à Alemanha a entrega de territórios e de todas suas colônias, do material pesado de guerra e da armada, a redução do exército, o desmantelamento das defesas, a entrega de parte da frota mercante, locomotivas, gado e carvão e o pagamento de enormes somas como reparação de guerra, afinal existia o argumento de que a Alemanha e seus aliados foram os responsáveis pela guerra. Importante destacar que além do Tratado de Versalhes outros três Tratados europeus e a Conferência de Washington foram denominados de “Sistema de Versalhes”, os Tratados foram: 1) Tratado de St. Germain-em-Laye – aliados, vitoriosos, de um lado, e, de outro, a nova República da Áustria; 2) Tratado de Neuilly-sur-Seine – entre os países vencedores e a Bulgária e 3) Tratado de Sèvres – acordo de paz entre Aliados e o Império Otomano, e o complemento do Sistema fora quanto à Ásia na já referida Conferência de Washington, a qual fixava a tonelagem para cada potência no Pacífico, de modo a limitar a expansão da armada japonesa, a garantia do status quo na região, assegurava a independência da China e a política de portas abertas e obrigava ao Japão a retirar-se de regiões ocupadas na China e Sibéria soviética. O objetivo deste Sistema era a contenção da Alemanha, do Japão e da URSS, bem como na manutenção de um precário equilíbrio entre os vencedores da guerra, mas isso durou apenas 20 anos de paz na Europa e no mundo; e acabou levando a uma série de insatisfações que estimularam ressentimentos nacionalistas e rivalidades.
Os alemães se sentiram humilhados – uma potência industrial que aspirava à liderança europeia, foi reduzida em Versalhes a uma nação de segunda grandeza - com o Tratado de Versalhes o resultado disso foi a ascensão à cultura para a radicalização do nacionalismo alemão pelas forças conservadoras, uma vez que os tratados de paz agravaram os problemas de fronteiras contestadas e minorias nacionais e todas as nações do campo perdedor reivindicavam sua revisão, o regime republicano de Weimar, por exemplo, sofreu tentativas de golpes de direita e extrema-direita. Já no Império Austro-Húngaro, eclodiram tanto movimentos políticos de caráter étnico-nacional como socialistas. Em suma, Alemanha e a Áustria-Hungria enfrentaram gigantescas greves, revoltas de fome e atos de insubordinação.
Contudo, começou a surgir o nazi-fascismo, um legado da Primeira Grande Guerra, pois a questão das minorias nacionais, que havia sido um dos estopins da guerra, acentuou-se com o fortalecimento da consciência nacional e do princípio de autodeterminação dos povos, as mudanças de fronteiras não só resolveram os problemas das minorias da Europa oriental, como ainda os transferiram aos novos e instáveis Estado da região, sendo esta questão afetava a Alemanha, porque o desmembramento do Império Austro-Húngaro fez com que as minorias alemães do leste passassem de uma posição dominante a uma de inferioridade dentro dos novos países, portanto, consequência disso foi o aumento do nacionalismo étnico alemão, que futuramente iria se consolidar com o Hitler, na Alemanha, por exemplo.
Antes de abordar a crise da economia mundial liberal em 1929, vale ressaltar que antes dela regimes autoritários e fascistas chegaram ao poder, e não só nos países mais conhecidos. Em 1919 na Hungria, em 1922 na Itália, em 1923 na Espanha e Turquia, em 1925 na Albânia, em 1926 na Polônia, Lituânia e em Portugal e enfim 1929 na Iugoslávia. O grande problema das relações internacionais dos anos 1920 consistia na posição americana, que achava possível gerir uma economia mundial em bases isolacionistas, ou seja, sem criar um sistema político internacional que lhe desse suporte. A crise do liberalismo, que é a marca essencial do entre guerras – e a situação econômica contribuiu para a radicalização das posições políticas condenando a democracia e o constitucionalismo necessários à manutenção dos acordo de paz -, está relacionada ao desenvolvimento de uma economia fortemente monopolizada, enquanto as estruturas políticas e a organização social do trabalho permaneciam ainda as do capitalismo liberal, o período que se estende de 1924 a 1929 ficou conhecido como os anos da grande ilusão ou da falsa propriedade, marcados que foram na Europa pela recuperação econômica e pelo relativo afrouxamento das tensões sociais.
A crise de 1929 desembocou na Grande Depressão de 1930, criaram-se condições para a reemergência do desafio alemão, já então radicalizado pelo nazismo e aliado ao Japão e à Itália, potências capitalista de médio porte que também não encontravam espaço na ordem mundial anglo-saxônica e que foram fortemente atingidas pela crise. Este contexto foi marcado pela radicalização política e contestação social generalizada, bem como pela ascensão da URSS à condição de potência industrial. A crise atingiu todos os países capitalistas, na intensidade de sua associação ao mercado mundial, devido à retração do comercio e dos fluxos financeiros internacionais.
A solução para a crise, no caso dos Estados Unidos era a adoção do livre comércio mundial, retomando a ideologia internacionalista wilsoniana contida nos Quatorze Pontos. Já as potências europeias – Inglaterra, França, Bélgica e Holanda – desejavam manter suas possessões e o status quo internacional, pois qualquer redivisão do mapa do mundo seria feita em seu detrimento. Já nos países do Eixo, carentes parcial ou totalmente de colônias, superpovoados e com poucos recursos naturais, o colapso do comercio mundial representou um golpe terrível para superar a crise desejavam controlar um espaço regional pelas armas, onde encontrariam recursos e mercados para seu desenvolvimento capitalista. De uma forma geral as reações da comunidade internacional à crise de 29 vieram de diferentes formas, algumas importantes: 1) uma tendência em se posicionar de forma individual, dentro dos limites do interesse nacional; 2) a manipulação das relações financeiras e comerciais de cada país era baseada em desvalorização das moedas e protecionismo comercial; 3) corte de despesas, o que tendia a piorar o problema da retomada do crescimento. A profunda crise sociopolítica que acompanhou a depressão levou à implantação ou radicalização de regimes ditatoriais e militaristas. E os planos mais radicais foram aplicados na Itália e na Alemanha, onde os fascistas ocuparam o poder e seguiram políticas de autossuficiência. Estas políticas estavam associadas tanto a objetivos políticos e militares quanto à redução do desemprego, já que a aguda crise econômica criou o ambiente ideal para um nacionalismo extremado, agressivo e exagerado.
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