Resumo das Causas que Levaram à Primeira Guerra
Por: Daniels-RJVASCO • 17/9/2021 • Trabalho acadêmico • 1.385 Palavras (6 Páginas) • 210 Visualizações
Resumo das causas que levaram à primeira Guerra
Para Nye (2009), existem três tipos de causas que vão levar à Primeira Guerra Mundial, que são: as causas profundas, intermediárias, e precipitantes. As causas profundas foram as relacionadas com as mudanças na estrutura de poder, como o aumento da força, e a política alemã; do desenvolvimento de um sistema de alianças bipolar; o surgimento do nacionalismo, e a destruição dos impérios decadentes. As causas intermediárias foram o aumento da disposição em relação à paz; a política alemã; e a reação particular dos líderes políticos. Já a causa precipitante foi o assassinato do arquiduque austríaco, Francisco Ferdinando, no atentado de Sarajevo, por um terrorista sérvio (NYE, 2009, p.94).
Para analisar como se deu a relação entre as causas, o texto de Cervo (2007) ajuda a entender o contexto das relações internacionais no século XIX. O autor retorna ao Congresso de Viena, que ocorreu de 1814 até 1815, quando surge o sistema diplomático chamado de Conserto Europeu, que possibilita criar um novo equilíbrio de poder na Europa. Após trabalhar o contexto do Congresso de Viena, o autor busca entender como desencadeou a Primeira Guerra Mundial (1914-1918)
O Conserto Europeu foi criado por cinco grandes potências europeias (Inglaterra, Prússia, Rússia, Áustria, e posteriormente, a França), e era um sistema diplomático que buscava apaziguar e diminuir os conflitos dentro da Europa. O Conserto Europeu também coordenava uma união entre potências europeias contra ameaças estrangeiras, buscando aumentar a autoridade e influência desses países. Todavia, na metade do século XIX, ocorreram conflitos (as guerras de unificação da Itália e Alemanha, além da guerra da Criméia) que acabaram por abalar o Conserto Europeu.
Guerra da Criméia ocorre devido à derrota da Rússia em sua tentativa de expansão em direção ao leste, e também devido ao enfraquecimento político e militar do Império Otomano. Contudo, Inglaterra e França contrapõem-se e reagem ao ataque Russo, pois também possuíam interesse no Leste europeu. Para não estender a guerra, e evitar custos, os aliados buscam a Áustria, que naquele momento, era adepta à Rússia. Com a Áustria indo contra o império Russo, os aliados conseguem enfraquece e isolar o país.
A partir do enfraquecimento da Áustria, e do recebimento do apoio da França, a Itália começa a sua guerra de unificação em 1858. Nessa época, devido ao seu enfraquecimento, a Áustria passa a enfrentar muitas manifestações favoráveis a unificação germânica. Além da contrariedade da Áustria, a unificação germânica também contava com a contrariedade da Inglaterra e França, que possuíam certo receio com o fortalecimento de uma possível grande potência.
Com a unificação italiana, e o enfraquecimento do império austríaco, o processo de unificação alemã passa a ser inevitável. A Prússia possuía o objetivo de conquistar a hegemonia alemã que antes pertencia à Áustria, e o conflito entre as duas potências da Europa central foi o movimento nacionalista alemão, que tinha Otto Von Bismarck à frente. E após vencer a Áustria, foi iniciada a guerra franco-prussiana, que tinha como objetivo a anexação dos territórios da Alemanha do Sul ao emergente império alemão. Dentro desse conflito, a França foi fácil e rapidamente derrotada pela força do poderio militar do império prussiano. Com o fim da guerra, em 1871, estava consolidado e fundado o império alemão.
Sendo assim, Cervo (2007) atesta que, a partir da segunda metade do século XIX, surgiram duas questões fundamentais para que se desenvolvesse a Primeira Grande Guerra. A nova organização da balança de poder europeia após a corrosão do Concerto Europeu, além do enfraquecimento do império russo e austríaco, junto com a unificação da Alemanha e da Itália, sendo a da Alemanha a mais importante ; além dessas questões, ainda havia o ressentimento das potências em decadência, como a russa, a austríaca e a do império otomano, que vai desencadear o surgimento a segunda questão. A segunda questão se trata do fortalecimento do nacionalismo, que já ganhava importância dentro dos processos de unificação; verifica-se o crescimento tanto do nacionalismo expansionista quanto no nacionalismo “defensivo”. Com essas nova configuração vai formar novas alianças estratégicas, que vão formar um bipolaridade no continente europeu.
A guerra franco-prussiana e a unificação alemã formam, segundo Döpcke (2007), uma nova etapa das relações internacionais, que perdurou até o fim da Primeira Guerra Mundial. A unificação alemã deu origem a um império extremamente potente militarmente, uma industrialização crescente e eficiente, e um nacionalismo germânico capaz de “homogeneizar” um país por uma causa. A Alemanha acaba por trazer novos paradigmas às relações internacionais, abalando-a, fazendo com que o Concerto Europeu ficasse inválido, até porque, o país “nasce” das suas próprias contradições. A partir desse momento, toda a Europa voltam seus olhos para a Alemanha, temendo sua rápida ascensão e a possibilidade de criar uma hegemonia no continente europeu.
A luta por essa hegemonia, para Nye (2009), estaria enquadrada entre todas as causas que desencadearam na Primeira Guerra. O crescimento e fortalecimento do nacionalismo e a política de expansão territorial alemã acabaram por formar uma bipolaridade das alianças das potencias europeias, e esses dois fatores foram desencadeadas devido a unificação alemã. Era contexto de consolidação das classes burguesas europeias, que estavam expandindo seus investimentos para o continente asiático e africano. Período conhecido como expansão imperialista, em que as nações europeias buscam novos mercados, fontes de matérias primas, e mão de obra barata para seus empreendimentos. Ideias de democracia, liberdade e igualdade ganham força na Europa, junto com as ideias de progresso orientadas pelo nacionalismo em busca da hegemonia nacional e continental (Döpcke, 2007).
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