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A Aula de Geopolítica

Por:   •  27/10/2015  •  Resenha  •  2.735 Palavras (11 Páginas)  •  364 Visualizações

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1. Geopolítica - conceito

        Começou a ser desenvolvido a partir da segunda metade do século XIX por conta da redefinição de fronteiras na Europa e do expansionismo das nações europeias, o que ficou conhecido como imperialismo ou ainda neocolonialismo. A geopolítica, hoje, é considerada como uma frente teórica que compreende o território e as suas nuances políticas, não apenas no plano externo como também nas questões internas a um determinado Estado-nação (interação entre política e geografia, uma em função da outra). Poder em função do Estado.

        Distinção entre a geografia política, que estuda a distribuição do poder estatal à superfície dos continentes e suas condições (solo, configuração, clima e recursos) e a geopolítica em si, que tem como objetivo principal a atividade política de um determinado Estado num espaço natural.

        Para Lacoste: “É o estudo das relações que existem entre a conduta de uma política de Poder no plano internacional, e o quadro geográfico em que se exerce”. Para Castro: “É uma disciplina científica que busca estabelecer as correlações existentes entre os factores geográficos e os fenómenos políticos, a fim de mostrar que as directivas políticas não têm sentido fora dos quadros  geográficos (…) É apenas um método de interpretação da dinâmica dos fenômenos políticos em sua realidade espacial,  com as suas raízes rnergulhadas no solo ambiente.”

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2. Precursores

Ratzel (1844-1904), farmacêutico e zoólogo, responsável pela criação do determinismo geográfico e da Teoria do Espaço Vital (heartland). Num cenário político de unificação da Alemanha, em contraponto ao expansionismo já consolidado de Rússia, Inglaterra, França e até mesmo dos Estados Unidos, Ratzel ajudou a criar uma Geografia Alemã que se prontificou em justificar as conquistas territoriais da Alemanha.        
        Para Ratzel, a dominação plena de um determinado território caracterizaria o Estado. Dessa forma, o saber geopolítico apontaria para o Estado como centralizador de decisões estratégicas, o que legitimou as ações imperialistas da Alemanha, como pode ser observado nas disputas que originaram as duas grandes guerras e, em parte, nos preceitos utilizados pelo nazismo.
O homem vivia sujeito às leis da natureza com propagação das ideias deterministas”. Ratzel sugeria a existência de uma grande influência do meio natural sobre o homem.

1. “O primeiro impulso para o desenvolvimento territorial de um Estado vem do exterior, duma civilização mais adiantada.”        
2. “A expansão de um Estado segue-se a outros sintomas de desenvolvimento: ideias, produçãoindustrial, actividade missionária e outras.”        
3. “O aumento da dimensão espacial de um Estado acompanha o desenvolvimento da suacultura.”
4. “A expansão de um Estado inicia-se com a fusão ou absorção de unidades menores.”
5. “Um Estado, à medida que cresce, tende a anexar regiões valiosas sob o ponto de vista político ou económico.”        
6. “A absorção reforça a tendência para a expansão o que confere maiores possibilidades para a subsequente conquista de mais espaço.”        
7. “A fronteira, como órgão periférico de um Estado, evidencia a sua vitalidade ou dinamismo;as fronteiras são, portanto, variáveis e dinâmicas, reflectindo a força expansiva dos Estados.”

        Contexto da Alemanha: O país emerge como mais uma unidade do capitalismo, só que sem a presença de colônias, como a França, Holanda, Inglaterra e Portugal, em que estes eram detentores de impérios coloniais. Desta forma, havia uma necessidade de expansionismo à medida que procedesse ao seu desenvolvimento interno. A solução era então abrir território mediante suas fronteiras. “Para que uma potência seja mundial, convêm que esteja presente em todas as partes do universo conhecido e designadamente em todos os lugares estratégicos. Estamos no tempo do congresso de Berlim de 1885, onde as potências partilharam as colónias em África”.(...) “O Estado vive como um organismo vivo. Ele nasce, cresce e desenvolve-se, atinge a sua maturidade antes de envelhecer e morrer”. E tal como o ser vivo o Estado também entra em conflito para tirar melhor proveito dos recursos limitados.”

- Reclus (1830 – 1905) foi um cientista, humanista, militante e anarquista francês que dizia que a geopolítica é (conjunto de fatores) uma interação entre fenômenos físicos e humanos. Ele recusa o determinismo de Ratzel e tem uma visão global da geopolítica, isto é, não se limita somente a seu país.

- O jurista sueco Rudolf Kjellén (1864-1922), seguidor das ideias de Ratzel, quem criou o termo geopolítica no ano de 1916, procurando estabelecer relações entre os acontecimentos políticos e os aspectos geográficos.

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3. Teorias Restritas do Poder Nacional

- Haushofer (1869-1946), principal teórico alemão da Escola de Munique, esboça uma ordem mundial “ideal”, com quatro blocos continentais (pan-regiões): a zona alemã (Europa menos Rússia, a África e o Oriente Médio); a zona norte-americana (o continente americano); a zona russa (Rússia mais sul da Ásia); e a zona japonesa (Extremo Oriente, Sudeste Asiático e Oceania). A Alemanha era a ilha mundial (centro do poder terrestre).

        Quem decide o território é a geografia, não o homem. Enfatizava a necessidade dessa "aliança natural" entre Alemanha e Rússia para se contrapor ao então poderoso império britânico. A geopolítica foi desenvolvida para justificar o comportamento da Alemanha.

        Quatro momentos: * 1924 – 1933: Período científico, com a ascenção de Hitler ao poder. * 1933 – 1936: Período propagandístico, com a consolidação do poder nazista. * 1936 – 1945: Período instrumental, Segunda GM e aplicação de suas teorias.

- O francês La Blache (1845-1918) (Escola Francesa), criou outra abordagem, conhecida como possibilismo (oposição ao determinismo). Ao final do século XIX, a França ainda não tinha um conhecimento geográfico estabelecido e, com receio das pretensões alemãs, o Estado francês entregou a La Blache a responsabilidade de criar uma Geografia Francesa. Segundo La Blache, o espaçogeográfico não deveria ser o único objetivo de uma nação, pois seria preciso considerar o tempo histórico, as ações humanas e demais interações, o que na verdade acabou lançando as bases para uma geografia regional.

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