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A Globalização e identidades

Por:   •  4/12/2017  •  Resenha  •  1.784 Palavras (8 Páginas)  •  493 Visualizações

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IDENTIDADE E CULTURA NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Nome: Fernanda Gelard Reis Zarro

Globalização e identidades

         As identidades modernas estão sendo descentradas perante aos cenários complexos modernos, ou seja, uma mudança estrutural de um diferente tipo está transformando as sociedades modernas. Fragmentando as culturas de classe, gênero, sexualidade, etnia, raça e nacionalidade, que no passado nos tinham fornecido solidas localizações como indivíduos sociais. Estes processos de mudança, em conjunto, representam uma transformação tão fundamental e abrangente que somos obrigados a perguntar se não é a própria modernidade que está sendo transformada. Esta mudança pode ser dada e explicada pelo ao fenômeno da globalização, que pode ser considerado como uma realidade complexa e multidimensional. Novos processos passaram a constituir as tradicionais dinâmicas e características existentes entre os distintos lugares. Nesse contexto, as identidades ocupam um lugar de destaque, sobretudo pelo seu caráter paradigmático na medida em que sofrem importantes mudanças em seu significado. Cooperando para o nascimento de novas identidades e fragmentando o indivíduo moderno, e consequentemente criando mudanças no sentimento de pertencimento. As identidades estão passando por um processo de descentralização ou fragmentação, entrando em colapso. Ocasionando um deslocamento duplo, o indivíduo no mundo social em que vive e deslocamento de si mesmo, gerando a crise da identidade.  

O sujeito pós-moderno não tem uma identidade fixa e sim uma identidade móvel, podendo ele assumir identidades distintas em momentos distintos, assumindo identidades de acordo com a ocasião e momento.  A identidade torna-se uma celebração móvel: formada e transformada continuamente em relação às formas pelas quais somos representados ou interpelados nos sistemas cultuais que nos rodeiam (HALL, 2005:13). É definida historicamente, e não biologicamente. Dentro de nós há identidades contraditórias, empurrando em diferentes direções, de tal modo que nossas identificações estão sendo continuamente deslocadas. Se sentimos que temos uma identidade unificada desde o nascimento até a morte é apenas porque construímos uma cômoda história sobre nós mesmos ou uma confortadora narrativa do eu. A identidade plenamente unificada, completa, segura e coerente é uma fantasia (HALL, 2005:13). 

Na modernidade atual, essa mudança adota um caráter mais característico conhecido como globalização, que produz impacto na identidade cultural dos humanos, e essa mudança é mais rápida e permanente.  Para além da velocidade das transformações a sociedade moderna é definida também pelo seu caráter fortemente reflexivo. Sendo assim, tais sociedades mais modernas são caracterizadas pela diferença. Diferenças de posições, visões, antagonismo e diferentes identidades. Esse deslocamento de identidades tem pontos positivos, uma vez que desarticula as estáveis do passado, abrindo meios para novas articulações que levam a construção de novas identidades.  

Ao analisar a evolução do sistema de Estados moderno e a mundialização do sistema capitalista paralelamente, também conhecida como globalização, Hall exprime três possíveis consequências desse fenômeno da globalização sobre as identidades culturais constituídas com a modernidade. Para ele, todo sistema de representação deve traduzir o seu objeto em dimensões espaciais e temporais. Dessa forma, considerando a identidade também como um meio de representação, o autor constata que diferentes épocas culturais possuem diferentes formas de combinar essas coordenadas espaço-tempo (HALL, 2005: 70). Comparando identidade aos demais meios de representação como a escrita, a pintura, o desenho, a fotografia, a simbolização através da arte ou dos sistemas de telecomunicação, sendo possível analisar relações de espaço-tempo sendo definidas. Deste modo, ele alega que todas as identidades estão localizadas no espaço e no tempo simbólico.

Ademais, o que está deslocando fortemente as identidades culturais nacionais agora é um complexo de processos e forças de mudança que pode ser resumido no termo globalização.

A globalização se refere àqueles processos, atuantes numa escala global, que atravessam fronteiras nacionais, integrando e conectando comunidades e organizações em novas combinações de espaço – tempo, tornando o mundo, em realidade e em experiência, mais interconectado. A globalização implica um movimento de distanciamento da ideia sociológica clássica da sociedade como um sistema bem delimitado e sua substituição por uma perspectiva que se concentra na forma como a vida social está ordenada ao longo do tempo e do espaço. (HALL, 2000:75).

         A globalização traz um movimento de distanciamento de uma ideia de sociedade como um sistema bem demarcado, essas novas características temporais e espaciais, que resultam na compressão de distâncias e de escalas temporais, estão entre os aspectos mais importantes da globalização tendo efeito sobre as identidades culturais. A globalização surge abarcando todas as identidades culturais, formando um conjunto onde tudo e todos estão em um mesmo ambiente. Surge neste sentido novas formas de conhecimento, de cultura, de símbolos e de identidades.  Acabando com os limites que existiam no âmbito das sociedades, acarreta com isso, então uma homogeneização de culturas, apresentando efeitos dentro do conceito e de exteriorização da sociedade

A consequência gerada desses processos globais foi o enfraquecimento formas nacionais de identidade cultural, apontando um afrouxamento de identificações com a cultura nacional, e um endurecimento de outros laços e lealdades culturais, fora do nível do estado-nação. Colocadas acima do nível da cultura nacional, as identificações globais começam a deslocar e, certas vezes a apagar as identidades nacionais. Contudo, segundo Hall (2005), as identidades nacionais não estão se desintegrando, como resultado do crescimento da homogeneização cultural e do “pós-global”. As identidades nacionais e outras identidades locais ou particularistas estão sendo reforçados pela resistência a globalização. As identidades nacionais estão em declínio, mas novas identidades híbridas estão tomando seu lugar. Conforme as culturais nacionais tornam-se mais expostas a influências externas, mais difícil sustentar as identidades culturais intactas ou evitar que elas se tornem enfraquecidas pela influência cultural. Até pessoas que são de lugares mais remotos, ou de países pobres, podem notar como a influência de imagens de culturas ricas, consumistas, do ocidente é fornecida pela mídia, que as prendem a aldeia global das redes de comunicação. Quanto mais a vida social é intercedida pelo mercado global de estilos, lugares e imagens, pelas viagens internacionais, pelas imagens da mídia e pelos sistemas de comunicação globalmente interligados, mais as identidades se desvinculam de tempos, lugares, histórias e tradições específicas.

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