Análise De Conjuntura E Políticas Sociais
Trabalho Universitário: Análise De Conjuntura E Políticas Sociais. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: Biabiju • 27/7/2014 • 3.274 Palavras (14 Páginas) • 381 Visualizações
SETOR DE ESTUDOS E PESQUISAS EM ANÁLISES DE CONJUNTURA E POLÍTICAS SOCIAIS
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AS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS EM QUESTÃO:
uma contribuição ao debate
Márcia Emília Rodrigues Neves
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Interessa-nos, neste debate, dimensionar os impactos da nova ordem no
mundo do trabalho e na esfera da proteção social, por nos informarem o desprestígio que
atinge o social (Janine, 2000), a erosão dos direitos e a crescente mercadorização de
serviços considerados fundamentais à existência e, com isso, incorporando mudanças
substantivas nas condições da reprodução social e das competências profissionais,
manifestando novas demandas e dilemas e exigindo novas formas de enfrentamento.
As mudanças sociais, econômicas, políticas e culturais em curso têm
provocado perplexidade e controvérsias quanto ao seu significado e desdobramentos,
gerando um amplo e intenso debate que transita da defesa renhida desse processo,
apostando nos benefícios advindos de um mundo crescentemente globalizado, à crítica
mais contundente. Esta focada, especialmente, nos resultados desiguais entre as nações,
na regressão dos valores que dão suporte ao ideário de justiça social e que, bem ou mal,
fundamentou os sistemas de proteção social, com resultados nefastos para os padrões de
direitos alcançados, comprometendo a vida em sociedade.
Sobre essas mudanças, que de tão intensas vêm reconfigurando as condições
sociais existentes, Castells (1999, p.497) argumenta que “as funções e os processos
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Professora do DSS/UFPB. Texto que reproduz a participação da autora como debatedora na palestra
proferida pela Professora Maria Carmelita Yasbek, por ocasião do I ENACOPS – ENCONTRO EM
ANÁLISES DE CONJUNTURA E POLÍTICAS SOCIAIS, promovido em João Pessoa, em junho de 2002,
pelo Setor de Estudos e Pesquisas em Análises de Conjuntura e Políticas Sociais – SEPACOPS /
PPGSS / DSS / UFPB.
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dominantes na era da informação estão cada vez mais organizados em torno de redes que,
por sua vez, modificam de forma substancial a operação e os resultados dos processos
produtivos e de experiência, poder e cultura”, revelando-se um manancial de produção de
novas significações, uma dinâmica que se expressa em rede e que se não é algo novo, o é
na sua expansão remodeladora.
Decerto que desse processo desponta, com enorme dramaticidade, o brutal
aumento da desigualdade social. Santos (2002, p.34) indica que de tão acelerado “é
adequado ver as últimas décadas como uma revolta das elites contra a redistribuição da
riqueza com a qual se põe fim ao período de uma certa democratização da riqueza
iniciado no final da Segunda Guerra Mundial”.
Com base nos dados do PNUD, relativos a 1999, o autor ainda destaca essa
escalada regressiva, informando que:
“[...] a diferença de rendimento entre o quinto país mais rico e o
quinto mais pobre era, em 1960, de 30 para 1, em 1990 de 60 para
1 , em 1997, de 74 para 1 [...] e que os valores dos três mais ricos
bilionários do mundo excedem a soma do produto interno bruto
de todos os países menos desenvolvidos, onde vivem 600 milhões
de pessoas” ( SANTOS, 2002, p. 34).
Daí que, para o mencionado autor:
a “globalização se transforma num campo de contestação social e
política. Se para alguns ela continua a ser considerada como o
grande triunfo da racionalidade, da inovação e da liberdade capaz
de produzir progresso infinito e abundância limitada, para outros
ela é anátema já que no seu bojo transporta a miséria, a
marginalização e a exclusão da grande maioria da população
mundial, enquanto a retórica do progresso e da abundância se
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torna realidade apenas para um clube cada vez menor de
privilegiados” (2002, p. 53).
A inserção do Brasil nessa economia globalizada se dá, sobretudo, na
década de 90, período em que o tratamento da dívida nacional passa a ser condicionado à
aceitação de severas prescrições do ajuste estrutural imposto aos países periféricos pelos
organismos multilaterais. As análises mais críticas apontam o enorme custo social que
resultou desse processo, agravado, em larga medida, pela pouca observância dos
interesses
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