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Chores e pixificações adicionais na parede

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Por:   •  7/11/2014  •  Resenha  •  529 Palavras (3 Páginas)  •  154 Visualizações

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De gritos que se complementam e pixações no muro

Esses dias, enquanto eu estava no ônibus a caminho da faculdade, passei por baixo de uma das pontes da avenida Nove de Julho. Quem já andou por aqueles lados – ou seja, quase todo paulista que, de alguma forma, tem sua vida atrelada à capital – sabe que as paredes que margeiam essa avenida de São Paulo são cobertas com arte de rua, um trabalho mais lindo que o outro.

E passando por essa avenida, o trânsito das cinco da tarde me deixou ver escrito no muro uma frase deveras impactante: “VAI ter copa. NÃO vai é ter água”.

O preto da tinta sobre o bege do muro deixou a frase muito chamativa; não é à toa que, quando eu passei por lá no dia seguinte, a frase tinha sido apagada. Mas eu vi. E como eu, milhares de pessoas ali também viram, o que me deixou pensando algumas coisas.

Por exemplo, o ser humano já nasce se rebelando. Nós temos a revolução no sangue, independentemente da ideologia política que venhamos a desenvolver. Nosso primeiro ato nesse mundo é um grito de revolta e os que não nascem gritando logo passam por uma série de testes e exames até gritar. Não importa se seu corpo luta ou não, você grita.

Às vezes, nossa revolução esfria conforme crescemos, pois o mesmo sistema que nos obrigou a se rebelar quando nascemos agora nos quer quietos, meros coniventes com um Grande Irmão. E ai de quem reclamar. Mas há aqueles entre nós que tomam gosto pelo grito e pelo que ele faz.

O ato de gritar está sempre atrelado a uma espécie de revolta ou rebelião, pois ele liberta – e a liberdade é, por si própria, uma rebelião. (sobre)Vivendo numa sociedade em que há regras e mais regras de tudo e para tudo, nos libertarmos disso é uma das maiores revoltas que podemos fazer.

E, bem, por toda São Paulo nós temos resquícios das chamadas “Jornadas de Junho” do ano passado. Aqui e acolá podemos ver pixações, cartazes, imagens espalhadas pela cidade indicando um povo que decidiu tomar as rédeas da situação.

Lembro-me bem de como me senti quando tomaram o Planalto Central, milhares de pessoas gritando, escancarando sua liberdade e sua revolta contra um sistema que não beneficia ninguém que precise. Foi, sinceramente, um dos momentos mais emocionantes da minha vida! Naquela noite eu senti que tudo era possível, que nós éramos fortes e que vencêramos a primeira batalha.

Mas aí, a coisa foi esfriando, o grito foi calando, e apesar de algumas poucas pessoas continuarem nessa vibe de protesto, o momento passou.

As coisas não mudaram muito, mas ficou aquela rouquidão de quando a gente grita demais, sabe? Aquele incômodo na garganta que faz a gente pigarrear toda hora. E é por causa dele que eu sei que nós vamos trazer mudança. A minha geração, que é você, caro leitor, vai fazer meu país nascer de novo. Não víamos uma mobilização popular tão grande desde o fim da ditadura, desde o fim dos anos 90! E eu quero mais! Quero ver a gente pegar esse Irmão pelo pé e colocá-lo de ponta-cabeça. Eu quero continuar gritando. E você, grita comigo?

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