Economia Polita
Dissertações: Economia Polita. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: alyssonsenna • 24/11/2013 • 987 Palavras (4 Páginas) • 233 Visualizações
Escritor de peças teatrais engajadas na promoção da emancipação humana, Bertolt Brecht tinha como uma das suas principais motivações redigir textos acessíveis à classe trabalhadora. Respeitando a autonomia (relativa) das artes e seu conteúdo estético específico, ele buscava contribuir efetivamente para a construção de uma sociedade socialista operada pela ação consciente e auto-emancipada do proletariado.
Brecht tinha horror ao elitismo teórico. Freqüentemente queixava-se dos textos escritos pelos filósofos da Escola de Frankfurt, em especial Adorno e Horkheimer. Na sua avaliação, os frankfurtianos desenvolveram uma linguagem inacessível aos não-iniciados e, por isso, criavam um abismo
Economia política: uma introdução crítica
Rodrigo Castelo Branco*
UFRJ/ UniFOA
O que está errado, agora, no nosso discurso?
Alguma coisa? Ou tudo?
Com quem ainda podemos contar?
Somos restos da correnteza viva
que o rio depositou em suas margens?
Ficaremos para trás, sem entendermos,
sem sermos entendidos por ninguém?
(Bertolt Brecht)
entre suas teorias e a ação revolucionária. Afeito às idéias “grosseiras”, sempre subordinadas – mas não subjugadas –, à prática, Brecht escreveu: “o pensamento não precisa de luz demais, de pão demais, nem de pensamento demais”.
Muita coisa seria diferente se estas elucubrações tivessem tido eco ao longo da história do marxismo. Perry Anderson, no ensaio Considerações sobre o marxismo ocidental, anotou que, ao longo do século XX, particularmente depois da geração pré-primeira guerra mundial – basta lembrarmos de Lênin e sua brochura Imperialismo, fase superior do capitalismo: um ensaio popular, ou de Rosa Luxemburgo e seu livro escrito para cursos de formação política do Partido Social-
Resenha : Economia política: uma introdução crítica.
NETTO, José Paulo; BRAZ, Marcelo. Economia política: uma introdução crítica. São Paulo: Editora Cortez, 2006.
Book Review: Political Economy: a critical introduction.
NETTO, José Paulo; BRAZ, Marcelo. Political Economy: a critical introduction. São Paulo: Editora Cortez, 2006.
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Rodrigo Castelo Branco
Revista PRAIAVERMELHA / Rio de Janeiro / v. 19 nº 1 / p. 129-132 / Jan-Jun 2010
Democrata Alemão, Introdução à crítica da economia política – a tradição marxista praticamente abandonou os estudos sobre economia política, sua ligação direta com o movimento operário e foi refugiar-se nas cidadelas acadêmicas, com seu linguajar próprio, tão distante da realidade cotidiana da classe trabalhadora.
Após os conturbados anos 1990, período no qual surgiram vários atestados de óbitos da tradição de pensamento e ação política inaugurada por Marx e Engels, o marxismo, lentamente, se recompõe, e intelectuais ligados a esta tradição começam a produzir textos introdutórios voltados para o grande público. Este é precisamente o caso do livro Economia Política: uma introdução crítica, de José Paulo Netto e Marcelo Braz, lançado pela editora Cortez.
A obra está estruturada em torno de nove capítulos, além da introdução, conclusão e uma (extensa e rica) bibliografia consolidada de todo o livro. Ao final de cada capítulo o leitor encontrará, de forma rápida e acessível, referências bibliográficas tradicionais e, além disso, uma relação de filmes acerca do tema versado. Este cuidado editorial em uma biblioteca básica direcionada ao público universitário constitui uma bela novidade, pois agrega uma outra forma de linguagem, tão difundida hoje na juventude (talvez mais do que a própria literatura), aos estudos acadêmicos.
O capítulo 1 (Trabalho, sociedade e valor) disserta, sob o enfoque luckasiano, a respeito da categoria trabalho, conceito central de toda a crítica da economia política marxista. Dificilmente o leitor encontrará um título sobre economia política – mesmo dentro da tradição marxista – que tenha tal abordagem sobre a categoria trabalho, particularmente do Lukács da Ontologia
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